O 'se' não existe no esporte, mas os 5s que Hamilton perdeu quando foi punido, justamente por sinal, fez com que a F1 tivesse adiada mais uma vez uma disputa mano a mano entre os dois principais piloto da F1 atual. Se tem alguém que não lamentou nada essa situação foi Vettel, que ganhou no detalhe, quando fez sua primeira parada antes do safety-car e quando Hamilton fez sua segunda parada, Sebastian estava longe demais para um último ataque de Hamilton, que completou a dobradinha dos dois pilotos que disputarão o título esse ano, o que ficou bem claro para Bottas, que teve que ceder sua posição no meio da prova. Sua cara no pódio mostrava bem a opinião do nórdico sobre essa decisão da Mercedes.
A corrida de hoje se não teve o grau elevado de emoção da prova passada na China, mas também não foi sonolenta como em Melbourne. Longe disso! A corrida teve muitas disputas, ultrapassagens, alguma dose de polêmica e o vencedor sendo decidido nos detalhes, numa equilibrada disputa entre Ferrari e Mercedes, além de Vettel e Hamilton. A largada foi normal, mas largando do lado limpo, Vettel deixou Hamilton facilmente para trás ainda antes da primeira curva, enquanto Verstappen conseguia outra grande largada e pulava para quarto. A cena dos cinco primeiros andando juntos, praticamente colados, nas primeiras voltas já é uma grande notícia para a F1 nesse ano. Apesar da Red Bull ficado pelo caminho, há uma maior proximidade entre as equipes grandes, em especial Mercedes e Ferrari, que liderava com Bottas, seguido de perto por Vettel, Hamilton, Verstappen e Ricciardo. Vendo a dificuldades de se ultrapassar, Vettel foi o primeiro a ir aos boxes, indicando claramente que iria parar duas vezes, o mesmo fazendo Verstappen logo depois. Porém, uma série de incidentes, incluindo um com Verstappen, fez com que a corrida começasse a ser decidida à favor de Vettel. Primeiro, as duas Mercedes decidiram entrar juntas, mas uma parada ruim nos dois carros fez com que Vettel surgisse na ponta da corrida. Para tentar perder o menor tempo possível, Hamilton tirou muito o pé na entrada dos pits, atrapalhando Ricciardo, o que lhe garantiu uma punição de 5s de forma justa. Quando Vettel relargou, ele imprimiu um ritmo que anulou a tentativa da Mercedes não parar mais com Hamilton, pois se o inglês se mantivesse na pista, seria engolido pelo alemão nas voltas finais. Vettel forçou o tempo inteiro e quando Hamilton parou, faltando dezessete voltas para o fim, o alemão da Ferrari tinha vantagem o suficiente para se manter na ponta, mesmo Lewis tirando 2s por voltas em alguns momentos. Vettel e Hamilton será o grande duelo de 2017 e suas equipes já sabem disso.
Quando Hamilton ultrapassou Ricciardo na relargada, imediatamente ficou claro que o inglês iria trocar de posição com Bottas, o que aconteceu no final da reta dos boxes. Um pedido como esse cai como uma bomba na confiança de um piloto e Valtteri esteve longe do piloto que segurou Vettel nas primeiras voltas da corrida a partir disso. No entanto, assim que Lewis Hamilton efetuou a 'ultrapassagem', ele desapareceu na frente de Bottas, assim como houve a segunda troca de posições, esse de forma mais óbvia, já no fim da corrida. A diferença entre os primeiros pilotos de Ferrari e Mercedes é nítida, mas a Mercedes terá que lidar com o possível desagrado de Bottas pela decisão tomada logo na terceira corrida do ano e que não aconteceu nos tempos de Nico Rosberg. Mas se a diferença entre Hamilton e Bottas é grande, o que dizer da lacuna entre Vettel e Raikkonen? Sempre flagrado reclamando do carro, Kimi está tendo um início de campeonato para esquecer, mesmo mostrando um mínimo de combatividade no Bahrein ao ultrapassar Massa e Ricciardo, mas Kimi já começa a desagradar a cúpula da Ferrari, pois além do Mundial de Pilotos, que é liderado por Vettel, há também o Mundial de Construtores e Raikkonen não está ajudando muito a causa ferrarista.
Ricciardo garantiu um solitário quinto lugar, longe de atacar a turma da frente, mas bem à frente da Williams de Massa. Falando no brasileiro, após a classificação Max Verstappen garantiu o rótulo de vilão da F1 por parte do Brasil por uma reclamação contra Massa e por ter usado as palavras 'ele é brasileiro, então não adianta discutir'. Verstappen poderia ter dado um molho especial à corrida com sua agressividade usual, mas um problema nos freios não deixou. Porém, suas atitudes fora das pistas incomodam muito mais que suas espetaculares ultrapassagens. Mimado pela pai Jos e pela equipe Red Bull, Verstappen corre o risco de ser uma espécie de Neymar da F1, pois tem um talento fora do comum, mas vive numa bolha onde só existe si mesmo, além de ser completamente avoado do acontece ao seu redor. Mesmo o Grande Prêmio do Brasil sendo apenas no final do ano, dificilmente o holandês não será recebido por uma estrepitosa vaia em Interlagos. Massa fez sua melhor corrida no ano, andando em determinados momentos no ritmo de Raikkonen e Ricciardo, mas acabou superado, sem maiores surpresas, por ambos e garantiu o lugar de melhor do resto, que é o que Felipe pode conseguir com o equipamento que tem em mãos. Falando em diferença entre pilotos, o trabalho de Lance Stroll já começa a preocupar, pois o canadense não conseguiu completar a quilometragem de uma corrida nas três etapas até agora e no momento, Lance não acompanha o ritmo de Massa. Mesmo com o (muito) dinheiro investido pela família Stroll, os pontos desperdiçados por Lance podem fazer falta à Williams mais tarde na cota do Mundial de Construtores. Se serve de consolo para Massa, 2017 pode ver o brasileiro superando o seu companheiro de equipe depois nove anos!
Sergio Pérez garantiu uma ótima corrida de recuperação e chegou logo atrás de Massa, ganhando dez posições durante a corrida, enquanto Ocon segue fazendo bem o dever de casa para ser o melhor novato do ano, marcando pontos pela terceira corrida consecutiva. Da mesma forma da Williams, a Haas e a Renault vê uma grande diferença entre seus dois pilotos. Hulkenberg tirou uma volta da cartola no sábado, mas não teve ritmo de corrida para manter sua ótima posição no grid, mas o alemão garantiu os primeiros pontos da equipe, o mesmo fazendo Grosjean, colocando sua Haas nos pontos. Enquanto isso, o horroroso Jolyon Palmer foi o último colocado entre os que receberam a bandeirada mesmo largando em décimo e Kevin Magnussen estava longe dos pontos quando abandonou. Assim como na Manor, Pascal Wehrlein vai fazendo o algo a mais com o seu equipamento e ficou na beira de pontuar com o péssimo carro da Sauber, superando com autoridade Marcus Ericsson, que abandonou no fim. Sainz bateu em Stroll na saída dos boxes, destruindo a corrida de ambos, enquanto Kvyat fez uma corrida combativa, brigando com Wehrlein, Palmer e Alonso. Agora, o que dizer da McLaren? A fala de Alonso que nunca teve um carro tão pouco potente na vida, ele que pilotou a Minardi quando estreou na F1, deve doer fundo no coração da Honda. Vandoorne, coitado, excelente piloto na GP2 sequer largou, com problemas em seu carro. Não existe luz no fim do túnel da McLaren-Honda e esse bode na sala dificilmente será retirado com rapidez.
A F1 volta a ver uma disputa entre duas equipes e seus dois primeiros pilotos, mesmo que seus companheiros de equipe fiquem bem para trás. Vettel e Hamilton dominaram as duas primeiras posições num raro equilíbrio entre dois (grandes) pilotos em duas equipes diferentes. Hoje, Vettel venceu no detalhe, mas se Hamilton tivesse ganho, não seria nenhuma surpresa. Após três corridas, já se percebe uma clara tendência de Mercedes muito rápida em ritmo de classificação, mas a Ferrari mais rápida em ritmo de corrida, sendo que a Mercedes está mais próxima no domingo do que a Ferrari no sábado. No entanto, ainda nos resta esperar uma disputa palmo a palmo pela vitória entre Vettel e Hamilton.
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