domingo, 27 de agosto de 2017

Abrindo o campeonato

Marc Márquez corria em terceiro e com a boa vantagem que tinha sobre os seus rivais no campeonato, dá até para afirmar que o espanhol da Honda administrava a corrida pensando nos pontos que tem no campeonato, pois o líder de então Valentino Rossi era justamente o piloto que estava mais longe dele na tábua de pontuação. Antes mesmo da F1 atingir o nível técnico de hoje, onde os abandonos por problemas mecânicos são raros, a MotoGP sempre mostrou esse nível de excelência, com as motos raramente quebrando. Normalmente quando um piloto abandona, é devido à uma queda. Pois Marc Márquez experimentou um dia de Fernando Alonso e viu seu motor Honda explodir já no final do Grande Prêmio da Inglaterra, novamente abrindo o campeonato, que se tornou tão apertado como antes das férias.

Num clima atípico em Silverstone, com sol e calor, a MotoGP nos mostrou uma de suas típicas corridas, com os líderes sempre muito próximos e muita disputa entre eles. Rossi testou bastante em Misano o desgaste de pneus e quando saiu de suas características e largou bem, o italiano parecia não ter adversários rumo a vitória em sua corrida de número 300 na categoria principal do Mundial. Porém, Rossi sempre teve companhia. Maverick Viñales arriscava ao escolher o pneu traseiro macio, o mesmo que lhe garantiu a vitória ano passado, mas ao contrário de 2016, esse ano estava quente em Silverstone. Lorenzo foi logo despachado pelo companheiro de equipe Doviziozo e se juntava às duas Hondas de Márquez e Cruthlow para brigar pela vitória. Lorenzo perdeu o contato com o pelotão da frente e passou a liderar o trio com Johann Zarco e o novamente apático Daniel Pedrosa.

Doviziozo fazia sua corrida cerebral numa moto que claramente não era melhor numa pista cheia de curvas de raio longo como Silverstone. O italiano usava muito bem a potência da Ducati nas longas retas, mas sofria nas curvas. Doviziozo foi ultrapassando um a um, primeiro os dois pilotos da Honda e depois os dois pilotos da Yamaha, até chegar à ponta da corrida já nas voltas finais. Com o surpreendente abandono de Márquez, Andrea retomou a liderança do campeonato e com a quarta vitória na temporada, é o piloto com mais triunfos em 2017, surpreendendo até mesmo seu mais fanático torcedor. Doviziozo não é o piloto mais rápido e habilidoso da MotoGP, mas compensa com muito trabalho e sua pilotagem cerebral. Rossi poderia voltar ao campeonato, depois de jogar a toalha nessa semana, mas o passão que lavou de Viñales o colocou novamente numa situação difícil, mas ainda contornável com o abandono de Márquez. Após muito choramingar pelos cantos nas últimas corridas, Maverick fez uma boa corrida finalmente e nas últimas curvas ensaiou um último ataque em cima de Doviziozo, mas sem sucesso.

Se na F1 a batalha pelo título vai se bipolarizando entre Hamilton e Vettel, na MotoGP a coisa vai ficando indefinida, na medida em que Andrea Doviziozo, uma espécie de patinho feio dos pilotos de ponta, vai continuando seu sonho e na melhor temporada de sua já longa carreira, vai surpreendendo não apenas por se manter na briga pelo título, como liderando na frente de Márquez, que uma hora dessa está telefonando para Alonso para pedir ombro e saber a experiência de ver um motor Honda quebrar. As Yamahas reviveram, principalmente com Viñales, que arriscou tudo e se não ganhou, pelo menos está no páreo. São quatro pilotos de três marcas diferentes na briga. O campeonato está mais aberto do que nunca!

3 comentários:

  1. Temos um campeonato,enfim.

    E sem nenhum favorito destacado,mesmo Rossi estando a 26 pontos do líder,não pode ser descartado nunca e a próxima etapa é em Misano,pista que Rossi sempre costuma ser muito forte e onde o Doutor tem ótimas chances de descontar mais um pouco a distância e se aprumar de vez na luta do título.

    Quando Lorenzo foi pra Ducati,muitos falavam maldosamente que com a chegada de Viñales,Rossi sentiria saudades de Lorenzo.

    Hoje,passados 8 meses e levando uma inseperada e surpreendente sova do companheiro de equipe a quem todos(inclusive eu)esperavam ser reduzido a substrato de pó pelo Tricampeão, dá pra dizer que agora é Lorenzo quem está sentindo saudades de Rossi...

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  2. João, eu não acompanho muito a MotoGP como antigamente, atualmente apenas leio o seu blog kkk. Vc diria que o Doviziozo é um especie de Rosberg da F1?

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    1. Obrigado pela preferência! rs
      Nem tanto, mas acho o Dovi mais parecido com Keke. Não é o mais rápido, mas conta uma máquina mais consistente. Apesar da tocada agressiva, Keke foi muito inteligente quando foi campeão, procurando sempre maximizar o máximo as oportunidades que lhe foram aparecendo. O mesmo com Dovi...

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