segunda-feira, 14 de agosto de 2017

História: 45 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1972

Duas semanas depois do decepcionante Grande Prêmio da Alemanha, quando abandonou por problemas mecânicos, Emerson Fittipaldi tinha uma boa chance de se consolidar ainda mais na liderança do campeonato. Mesmo com o seu abandono, Emerson foi ajudado pelo abandono de Jackie Stewart na última volta em Nürburgring, numa disputa com Clay Regazzoni que deixou o escocês bastante insatisfeito. Sem escolha, Stewart levará o novo Tyrrell 005 para Zeltweg, num circuito rápido e que se veste melhor ao Lotus 72 de Emerson. Além de Stewart, Denny Hulme e Jacky Ickx também estavam no páreo na tentativa de impedir Fittipaldi. Uma vitória do brasileiro o deixaria com uma mão na taça. 

Quando Chris Amon chegou atrasado à Áustria, a Matra dá uma chance ao piloto local Niki Lauda nos primeiros treinos livres, o que anima Niki com um carro bem mais potente que seu March, mas Niki acaba batendo o carro, fazendo com que Amon corresse no final de semana com uma versão anterior. Além de estragar as chances de Lauda correr pela Matra em 1973. Mesmo com seus rivais dando tudo de si, Emerson Fittipaldi confirmou o favoritismo da Lotus em Zeltweg e conquistou sua terceira pole na temporada, superando Regazzoni por sete centésimos. Stewart estava insatisfeito com o seu novo carro, mas o escocês mostra sua magia ao ficar em terceiro, ao lado de Peter Revson, da McLaren. Carlos Reutemann confirma a ascensão da Brabham e conquista um soberbo quinto lugar. Os outros contendores pelo título fazem um treino discreto, com Hulme em sétimo e Ickx apenas em nono, enquanto seu companheiro de equipe estava na primeira fila.

Grid:
1) Fittipaldi (Lotus) - 1:35.97
2) Regazzoni (Ferrari) - 1:36.04
3) Stewart (Tyrrell) - 1:36.35
4) Revson (McLaren) - 1:36.63
5) Reutemann (Brabham) - 1:37.15
6) Amon (Matra) - 1:37.16
7) Hulme (McLaren) - 1:37.20
8) Schenken (Surtees) - 1:37.25
9) Ickx (Ferrari) - 1:37.33
10) Ganley (BRM) - 1:37.55

O dia 13 de agosto de 1972 amanheceu com muito calor na região da Estíria, causando uma grande preocupação às equipes, pois Zeltweg é um circuito de alta, onde os pilotos andam em máxima rotação a maior parte da volta e com o calor, o risco de quebras era alto naquele dia. Os mecânicos estavam todos sem camisa no paddock, mas os pilotos teriam que correr com seus macacões anti-chamas e o preparo físico seria outro fator. Emerson já havia confessado que largava mal pensando em cuidar da embreagem e 45 anos atrás o brasileiro repetiu a má largada vista em outras oportunidades, mas Regazzoni também não larga muito bem e os dois percorrem os primeiros metros lado a lado, mas Stewart sai muito bem da primeira fila e mesmo a reta sendo estreita e cercada de guard-rails, Jackie foi capaz de tomar a ponta ainda na primeira curva, seguido por Regazzoni, Fittipaldi e Hulme, outro que largara muito bem.

Stewart começava a abrir uma pequena diferença para Regazzoni, que claramente segurava Emerson em segundo lugar. O piloto da Lotus conhecia a truculência do suíço em disputar posições, vide o problema que Stewart tinha sofrido em Nürburgring na quinzena anterior, mas Emerson também sabia que seu carro estava rendendo mais e não poderia deixar Stewart escapar, além de Hulme estar muito perto. Após algumas tentativas, Fittipaldi tomou a segunda posição na quinta volta e já estava 3.5s atrás de Stewart. Como esperado, Emerson rapidamente deixa Regazzoni para trás, que passa a ser atacado por Hulme. O ritmo de Clay era tão mais lento, que quando Hulme assumiu a terceira posição quatro voltas mais tarde, o neozelandês estava 7s atrás de Emerson, com um enorme pelotão atrás do suíço da Ferrari. Na volta seguinte Regazzoni entra nos boxes com problemas de motor e Peterson, que acabara de ultrapassar Hailwood e Reutemann, assumia o quarto lugar. Porém, a corrida do argentino dura apenas até a 14º volta, quando encosta seu Brabham com problemas elétricos.

Lá na frente, Stewart e Fittipaldi estavam mais de 10s na frente de Hulme e prontos para uma batalha titânica pela liderança. Muito se falou que Emerson estava com tanta folga na ponta do campeonato pelas intempéries sofridas por Stewart ao longo do ano. Fittipaldi tinha um carro mais equilibrado e todas as chances de dar uma resposta aos críticos, que tinha estofo para derrotar o então bicampeão do mundo. A partir da volta 15 Emerson começava os ataques em cima de Stewart, que se mantinha na frente muito pelo seu enorme talento. Outra boa notícia para Emerson era que um dos seus rivais pelo título, Jacky Ickx, abandonava na volta 20 com o mesmo problema de Regazzoni em sua Ferrari. As chances de título do belga terminaram ali. O calor fazia suas vítimas, enquanto Fittipaldi colocava mais e mais pressão em cima de Stewart. Na volta 24, finalmente Emerson supera Stewart no final da reta dos boxes. O escocês tinha problemas de dirigibilidade no seu Tyrrell e não tinha mais como segurar Emerson, que imediatamente abriu uma boa diferença para Jackie. Porém, a corrida ainda não estava ganha para o brasileiro. O experiente Dennis Hulme soube se aproveitar da briga entre Stewart e Fittipaldi para encostar em ambos e duas voltas depois de Emerson assumir a ponta, Hulme ultrapassou Stewart e estava menos de 3s atrás do brasileiro.

Stewart vê seu problema piorar e vai perdendo rendimento. Na volta 34 ele é ultrapassado por Peterson e Revson, que brigavam por posição e agora lutavam pelo pódio, com vantagem para o americano da McLaren. Revson vinha 25s atrás do seu companheiro de equipe, que perseguia tenazmente Emerson, tentando fazer com que o jovem brasileiro cometesse um erro. A diferença não subia dos 2s, mas Hulme não atacava o piloto da Lotus, que controlava a pressão com maestria. Stewart seguia perdendo ritmo e faltando dez voltas o escocês perdia o quinto lugar para Hailwood, enquanto Peterson perdia potência em seu motor Cosworth e perderia duas voltas ao final da corrida. Hulme tenta um ataque final, marca a volta mais rápida da corrida e fica apenas 1s atrás de Emerson. Mesmo com o aumento da pressão, Fittipaldi permanece impávido na ponta e conquista a sua quarta vitória em 1972, com Hulme apenas 1.18s atrás. Revson foi o terceiro, concluindo um excelente fim de semana para a McLaren. No entanto, o americano teve sorte, pois logo depois da bandeirada Revson encostou seu McLaren, sem gasolina. Hailwood deu a Surtees um excelente quarto lugar, com Amon e Ganley completando a zona de pontuação. Stewart teve de se contentar com o sétimo lugar, com seu Tyrrell 005 ainda não desenvolvido o suficiente. Recebido com muita festa por Colin Chapman nos boxes, Emerson tinha 25 pontos de vantagem para Stewart e Hulme, podendo se tornar o quarto piloto campeão pela Lotus já em Monza, na prova seguinte.

Chegada:
1) Fittipaldi
2) Hulme
3) Revson
4) Hailwood
5) Amon
6) Ganley 

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