terça-feira, 29 de agosto de 2017

História: 40 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1977

Faltando cinco corridas para o final da temporada de 1977, Niki Lauda era o grande favorito a conquistar o seu bicampeonato. As marcas do acidente no ano anterior ainda estavam bem vivas no rosto e na alma do austríaco, mas Lauda superou tudo para fazer um campeonato impecável, onde marcou o máximo de pontos possíveis, incluindo duas vitórias. Jody Scheckter e seu surpreendente Wolf estavam na vice-liderança, mas dezesseis pontos atrás de Lauda e todo o poderio da Ferrari. Mario Andretti (Lotus) e James Hunt (McLaren) pareciam estar melhor equipados em comparação à Lauda, mas ambos já tinham contabilizado muitos abandonos e estavam longe do austríaco, que mesmo na liderança do campeonato, estava insatisfeito. Cansado das intrigas internas da Ferrari, Lauda negociava um contrato com a Brabham, financiado pela Parmalat.

Após algumas corridas difíceis, a Lotus de Mario Andretti voltava a mostrar o seu potencial e o americano conseguia sua quinta pole no ano, tendo ao seu lado a surpreendente Ligier de Jacques Laffite, que crescia após sua primeira vitória na Suécia. O dois contendores do título de 1976 dividiam a segunda fila, seguidos por Nilsson, Reutemann, Peterson e Watson. A Renault retornava à F1 após ficar de fora duas corridas consecutivas. Jabouille sofreu com um turbo quebrado na sexta, mas no sábado o francês conseguiu um impressionante décimo lugar no grid, para alegria dos chefes da Renault.

Grid:
1) Andretti (Lotus) - 1:18.65
2) Laffite (Ligier) - 1:19.27
3) Hunt (McLaren) - 1:19.50
4) Lauda (Ferrari) - 1:19.54
5) Nilsson (Lotus) - 1:19.57
6) Reutemann (Ferrari) - 1:19.66
7) Peterson (Tyrrell) - 1:19.85
8) Watson (Brabham) - 1:19.93
9) Regazzoni (Ensign) - 1:19.93
10) Jabouille (Renault) - 1:20.13

O dia 28 de agosto de 1977 amanhece com tempo bom e um tímido sol nas dunas de Zandvoort, num belo dia para uma corrida de F1. Porém, o dia começou agitado na Ligier quando o motor de Laffite quebrou durante o warm-up e o francês teve que utilizar o carro reserva, que ficou pronto faltando apenas trinta minutos para a largada! James Hunt consegue uma largada espetacular e pula de terceiro para primeiro na freada da curva Tarzan, com Andretti ainda conseguindo um segundo lugar, mas tendo que segurar Laffite. Mais atrás Jochen Mass toca em Alan Jones e acaba na barreira de pneus, acabando com a corrida do alemão da McLaren.

Durante a primeira volta Laffite finalmente ultrapassa Andretti, mas demonstrando a força da Lotus naquele dia, o ítalo-americano nem esperou o início da segunda volta para retomar a segunda posição, ultrapassando Laffite na linha de chegada, enquanto Watson abandonava sua Brabham que vinha colado nas Ferraris, com um vazamento de óleo. Imediatamente Andretti vai para cima de Hunt, iniciando uma briga histórica entre os dois. Ao contrário do que mostra o filme 'Rush', o grande desafeto de Hunt na F1 era Andretti (juntamente com Depailler...) e os dois juntos não poderia dar coisa boa. Andretti sempre tentava a ultrapassagem no final da reta dos boxes e Hunt sempre ficava por dentro, deixando o lado de fora para o piloto da Lotus. Na sexta volta, Hunt repete a manobra, mas Andretti, sabendo que tinha o melhor carro, força a passagem por fora da curva Tarzan. O choque foi inevitável! Andretti bate na traseira de Hunt e roda, por sorte, não é atingido por Laffite e as duas Ferraris, que já vinham colados na briga pela liderança. Hunt continua por alguns metros, até abandonar logo depois, com a suspensão quebrada. Hunt, que iria completar 30 anos naquela semana, ficou irado. Apontando o dedo para Andretti a cada passagem do americano e chegou aos boxes possesso. A relação dos dois, que já não era boa, azedou de vez após esse episódio.

Por incrível que pareça, Andretti não perdeu muito tempo com o incidente e o americano retornou à pista em quarto, logo atrás de Reutemann. Laffite liderava a corrida, com Lauda colado em sua caixa de câmbio. Na décima volta Mario ultrapassa Reutemann na curva Tarzan, local onde tentou ultrapassar Hunt sem sucesso. Logo Andretti cola em Lauda, que se defende bem, mas a briga não duraria muito, pois Andretti tem problemas de motor ainda na volta 14 e abandona. Era o quarto abandono de Mario Andretti devido à problemas mecânicos. Laffite era pressionado pelas duas Ferraris e numa manobra trabalhada, Lauda consegue a liderança na volta 21. Laffite tenta dar o troco, mas logo Lauda aumentava a sua vantagem na liderança. Reutemann vinha próximo de Laffite, mas a segunda Lotus de Gunnar Nilsson se aproximava do argentino. Na volta 35, Nilsson perdeu o controle do seu carro na curva Panorama e acabou fazendo Reutemann rodar. Foi um erro de Nilsson, que naquele momento apenas comboiava Carlos. Para Nilsson, a corrida acabou ali mesmo, enquanto Reutemann teve que ir aos boxes para reparar seu carro. Quem assumia a terceira posição era o surpreendente Patrick Tambay, que fazia sua estreia na F1 naquela temporada e guiava um pouco competitivo Ensign. Jabouille estava em sexto e poderia marcar os primeiros pontos da Renault, mas o francês acabaria abandonando com a suspensão quebrada. A diferença entre Lauda e Laffite nunca superava os 4s. Niki administrava a corrida de forma incrível, sempre demonstrando ter uma reserva técnica, se fosse necessário usar. 

Numa impressionante corrida de recuperação, Carlos Reutemann escalou o pelotão rumo ao sexto lugar, o que lhe garantiu um ponto. Lauda administrou bem a corrida até o seu final e quando foi atrapalhado pelo retardatário Hans-Joachim Struck, permitindo a aproximação de Laffite, Niki marcou a volta mais rápida da corrida. Ao fim de 75 voltas, Lauda recebeu a bandeirada com menos de 2s de vantagem sobre Laffite, mas o francês sequer esboçou um ataque mais sério em cima da Ferrari. No início da última volta Patrick Tambay passa lento na reta dos boxes, mas ainda em terceiro. Porém, o jovem francês acaba ficando sem gasolina na última volta, lhe privando de um incrível pódio nas suas primeiras corrida na F1. Tambay seria escolhido a revelação do ano em 1977 e ainda conseguiu um quinto lugar, pois Reutemann já estava duas voltas atrás do líder. Quem se aproveitou do azar de Tambay foi Jody Scheckter, que amealhou mais alguns pontinhos na sua inglória luta com Lauda pelo título. Numa prova correta, Emerson Fittipaldi levou seu Copersucar à um ótimo quarto lugar, na melhor corrida do modelo F5 até então. Com uma equipe bem mais forte e consistente do que a Wolf do vice-líder Scheckter, além dos abandonos de Andretti e Hunt, Niki Lauda dava um passo significativo rumo ao bicampeonato.

Chegada:
1) Lauda
2) Laffite
3) Scheckter
4) Fittipaldi
5) Tambay
6) Reutemann  

Nenhum comentário:

Postar um comentário