Pode-se dizer que foi um ano de sonho. Quando subimos em 2009, perdemos o estadual nos detalhes, numa das maiores injustiças que eu me lembre. Esse ano foi diferente. Ganhamos o estadual com um time que já dava mostras que poderia nos alegrar muito mais, faltando apenas alguns ajustes, além de contratações. O goleiro Éverson é excelente. A dupla de zaga Rafael Pereira e Luís Otávio é segura e ainda faz gols. O lateral esquerdo Romário veio do Atlético Goianiense (campeão da Série B ano passado) para dar qualidade no setor, principalmente no apoio. O meio campo...
Já tínhamos Richardson e a prata da casa Raul. Durante o Cearense chegou Pedro Ken, que estava esquecido na Rússia e conhecendo o projeto do Ceará, preferiu vir para cá, no lugar de outros clubes até da série A. O maestro Ricardinho, se recuperando de uma operação no joelho, entrava aos poucos. Poucos clubes na Série B tinham um meio-campo desse. No ataque, a velha magia de Magno Alves. O Cearense veio até fácil, mas parecia que ainda faltava algo. O time ganhava e não encantava, mostrava momentos dispersivos durante o jogo, além de problemas de criação. Quando o veterano Givanildo substituiu o esquecível Gilmar dal Pozzo, todos esperavam que o velho Giva garantiria outro acesso em sua vasta carreira de sucesso. Ledo engano. As rodadas passavam e o Ceará não engrenava. Após uma derrota e um empate em dois jogos dentro de casa, Givanildo foi demitido. Quem iria entrar no lugar?
Foi exatamente nesse momentos de dúvida, que o Ceará começou a concretizar seu ano de sonho. Junto com as contratações de Élton, Lima, Roberto (pena que se machucou muito...), Pio e Fernando Henrique, veio a surpreendente contratação do técnico Marcelo Chamusca. Justo Chamusca, nome ligado ao principal rival. Porém, alguns detalhes passaram desapercebidos. Quando Chamusca estava do lado de lá, o Ceará tinha um time bem superior, mas o Fortaleza comandado por ele dava mais trabalho do que o imaginado. O nome de Chamusca ficou ligado aos fracassos do rival na série C, mas o trabalho dele aparecia na ascensão do Guarani de Campinas à série B ano passado. Chamusca era um estudioso e mesmo com os vacilos nos mata-matas, ele montava bons times. Bem visto pela diretoria, ele foi contratado, para desespero da maior parte da torcida do vozão. Outro detalhe histórico. Um dos títulos mais festejados da história do Vozão foi o tetracampeonato cearense de 1978, onde o técnico era Moésio Gomes, nome ligado ao Fortaleza pelos quatro costados. Se deu certo quase quarenta anos atrás, poderia dar novamente, por que não?
E como deu certo!
Estive no estádio PV na estreia de Chamusca do Ceará. Vitória convincente de 3x0. O time oscilou na medida em que Chamusca buscava a melhor formação. Houve derrotas inexplicáveis, como a do Goiás em casa, mas as vitórias fora de casa compensavam. Já no final do primeiro turno o Ceará conquistava uma arrancada que o colocou entre os quatro primeiros do campeonato, mas logo o time saiu dos quatro primeiros. Pressão. Teve quem pedisse a cabeça de Chamusca. Será que ninguém aprende que mudar de técnico a todo instante, o time não sobe? O Ceará venceu o Náutico, engatando uma sequencia de nove jogos invictos. Vitórias contra rivais diretos (Vila Nova, Paraná e Oeste) foi sucedido por uma inesquecível vitória sobre o Internacional em pleno Beira-Rio. O mesmo Inter que nos derrotou no Castelão e o zagueiro Vitor Cuesta chamou Élton de macaco. O mesmo babaca ficou perguntando onde ficava Ceará? O Lima disse bem direitinho aonde fica o Ceará!
Um acesso do Ceará sem polêmica de arbitragem não teria graça. Contra o Guarani, após conseguir um suado empate de 2x2, Richardson fez o gol de desempate saindo atrás da linha de zagueiros, além de estar posicionado atrás da linha da bola. Ou seja, não foi impedimento duas vezes. O bandeirinha, no final do jogo no Castelão cheio, anulou o gol que nos daria a vitória de virada. O bandeira deve ter marcado impedimento da quenga da mãe dele, só pode!
O Ceará deu uma escorregada no final, mas os rivais também vacilavam. Vila Nova saía aos poucos do páreo. Oeste, sem torcida, não tinha apoio. O Paraná perdia fôlego. O problema era o Londrina atropelando. A vitória contra o Payssandu foi providencial. O Ceará tinha cinco pontos de vantagem sobre o quinto colocado faltando duas rodadas para o fim. Se fosse outro clube, já teria cravado que tinha subido. Mas era o Ceará e o coração não permitia esse açodamento. Nessas coisas do destino, o jogo do Ceará era o último da rodada e algo me dizia que nós estaríamos na série A antes de entrar em campo nessa penúltima rodada. Dito e feito! Londrina empatou em casa com o América-MG e o Oeste foi surpreendido pelo ABC, lanterna da série B, em Natal.
Vozão na Série A!
As últimas semanas foi de tensão e angústia. Se o outro lado subiu num lance de sorte, a gente tinha que manter a ordem dentro do estado. O Ceará tem hoje uma estrutura de dar inveja a muito clube com pose. Em 2009 o acesso teve o sabor da surpresa. No Guia do Campeonato Brasileiro da Placar, o Ceará foi colocado como brigando contra o rebaixamento. Na época, sem estrutura, o time vivia brigando para se manter na série B mesmo, mas com o trabalho de Evandro Leitão, o time subiu para a série A com um time inesquecível. O clube evoluiu dentro e fora de campo. O Ceará poderia ter subido em 2013, 2014 e 2016, mas infelizmente não deu. O sucessor de Leitão, Robinson de Castro, fez algumas escolhas impopulares, como a contratação de Chamusca, mas garantiu um 2017 simplesmente inesquecível para nós, alvinegros. Apesar do simbolismo daquele time de 2009, acho o time de 2017 mais equilibrado e mais forte. Brigar pelo título na série A beira o impossível, mas se manter lá por um tempo é possível. É o que nós queremos! BORA VOZÃO!
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