segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Justiça na loteria

Na eterna briga 'pontos corridos' x 'mata-mata' para se saber a melhor fórmula de campeonato, os defensores do primeiro falam muito em justiça. Já para a segunda parte, fala-se em emoção. No futebol isso rende uma discussão acalorada, mas no automobilismo, para mim, é bem claro que um campeonato construído da primeira à última corrida é muito mais válido do que um tudo ou nada na última prova do campeonato. O cada vez pior play-off da Nascar faz com que o esforço de um piloto e uma equipe não seja recompensado no final do ano, pois tudo é decidido mesmo na corrida derradeira. Não adianta vencer sete vezes ao longo do ano, se uma má corrida poder jogar tudo pelo ralo.

Isso quase aconteceu com Martin Truex Jr. O já veterano americano foi o melhor piloto da temporada  2017 disparado, venceu sete vezes no ano, mas se algo lhe acontecesse em Homestead, Truex amargaria uma derrota gigantesca. 

Truex tem uma carreira cheia de altos e baixos na Nascar. Discípulo de Dale Earnhardt Jr, Truex foi bicampeão da então Busch Series (2004-2005) e estreou na categoria principal do time de Dale Jr, naquele momento, uma equipe de ponta. Quando Junior foi para a Hendrick, a Earnhardt Incorporated foi decaindo nas mãos de Teresa Earnhardt (madrasta de Dale Jr) e Truex foi perdendo rendimento junto. Em 2010 Martin foi para a equipe de Michael Waltrip e em 2013 se envolveu no escândalo da rodada de propósito do seu companheiro de equipe Clint Bowyer para que Truex pudesse participar dos play-offs daquele ano. A equipe de Waltrip foi definhando e parecia que a carreira de Truex iria pelo mesmo caminho. 

Em 2014 Truex foi para a pequena Forniture Row. Parecia que Martin Truex nunca confirmaria as expectativas que todos tinham nele, mas foi nesse ambiente mais leve que o americano voltou a andar na frente e vencer corridas. Nessa temporada a Forniture Row conseguiu uma parceria com a Joe Gibbs e Truex era praticamente o quinto piloto da tradicional equipe Gibbs. No segundo ano das corridas com segmentos (outra ideia horrível da Nascar...), Truex venceu várias dessas mini-corridas, além de sete triunfos. A frieza de Truex nas corridas chamavam a atenção e raramente ele não corria no top-5. Foi uma temporada surpreendente de Truex, que foi à final em Homestead ano passado como azarão, mas ontem era o grande favorito. Truex compensou em Homestead o que fez a temporada inteira. Foi uma corrida calculada, mas num ritmo muito forte que o colocou na frente nos últimos momentos da prova e mesmo pressionado por Kyl Busch, Martin Truex Jr segurou o rojão e venceu pela oitava vez. Quando mais precisava!

Fez-se a justiça. Truex não merecia perder e tanto é verdade, que todos na Nascar pareciam felizes com o título de Martin, que recentemente acompanhou sua esposa na luta contra um câncer. Porém, essas ideias 'Professor Pardal' da Nascar parecerem surtir um efeito contrário para a categoria. Se antes havia pilotos sobrando num grid de 43 carros, hoje está complicado fechar os 40 carros. Nas arquibancadas, são vistos clarões que não existiam dez anos atrás. A Nascar não precisa de artifícios para ser emocionante, pois ela sempre foi competitiva. Menos mal que Martin Truex Jr venceu em meio a tantas tentativas de estragarem seu título. 

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