quarta-feira, 15 de novembro de 2017

História: 30 anos do Grande Prêmio da Austrália de 1987

A F1 chegou à Adelaide para a corrida final de 1987 com praticamente tudo definido. Nelson Piquet era o mais novo tricampeão do mundo e a Williams já era campeã de Construtores fazia algum tempo. Havia uma pendência a respeito do vice-campeonato, com Ayrton Senna ainda com chances de tirar o posto de Mansell. O inglês havia feito uma ressonância computadorizada após seu acidente em Suzuka e descobriu-se uma ligeira compressão numa das vértebras, fazendo os médicos proibirem Mansell participar de qualquer atividade por dois meses. Frank Williams pensou primeiramente em Alan Jones para substituir Mansell na Austrália, mas o piloto da casa de 41 anos recusou o convite, até porque corria na Austrália com a Toyota e a Honda não viu com bom grado um piloto da montadora rival em sua principal equipe. Além de Piquet e Jones não se gostarem muito! Frank então solicitou a liberação de Riccardo Patrese para a prova em Adelaide, algo que Bernie Ecclestone concordou. Patrese já tinha contrato com a Williams para 1988 e estrearia mais cedo na sua nova equipe. Para o lugar de Patrese, a Brabham proporcionava a estreia de Stefano Modena, que tinha acabado de se tornar campeão da F3000. Muito tímido, Modena era observado como uma futura estrela desde o kart. 

Mesmo sofrendo com uma gripe durante o final de semana, Berger conseguiu sua terceira pole na carreira e no ano. Ao lado do ferrarista estava Alain Prost, que passou os treinos sofrendo com os freios do seu McLaren. Na Williams, Piquet conseguia o 3º lugar, alternando entre o seu carro com suspensão ativa e com a suspensão convencional, acabando por escolher o último, pois lhe dava mais aderência. Patrese obtém um bom sétimo lugar com a outra Williams. Senna posiciona seu Lotus na quarta posição, dez lugares à frente de Nakajima. Alboreto não conseguiu uma única volta limpa na classificação e ficou apenas em sexto lugar. Essa performance, comparada com a pole do seu companheiro equipe, enfraquecia ainda mais a situação do italiano na Scuderia.

Grid:
1) Berger (Ferrari) - 1:17.267
2) Prost (McLaren) - 1:17.967
3) Piquet (Williams) - 1:18.017
4) Senna (Lotus) - 1:18.488
5) Boutsen (Benetton) - 1:18.523
6) Alboreto (Ferrari) - 1:18.578
7) Patrese (Williams) - 1:18.813
8) Johansson (McLaren) - 1:18.826
9) Fabi (Benetton) - 1:19.461
10) De Cesaris (Brabham) - 1:19.590

O dia 15 de novembro de 1987 amanheceu com sol forte e muito calor em Adelaide, o que poderia ser um fator para a corrida. Alguns pilotos estavam sofrendo com o superaquecimento dos freios e com o forte calor, além da pista travada, esse problema poderia aumentar ao longo de uma prova com mais de 80 voltas. Berger marcou o melhor tempo do warm-up, mas resolve largar com o carro reserva, por causa de um pequeno problema no motor do titular. Berger e Prost largam bem, mas saindo um pouco de suas características Piquet larga muito bem e passa a dupla da primeira fila pela esquerda, chegando a tocar rodas com Berger, mas o brasileiro da Williams apontava na ponta na primeira curva. 

Tendo o melhor carro o final de semana inteiro, não demorou para Berger contra-atacar e ainda na primeira volta assumiu a liderança de Piquet no final Wakefield Road. No mesmo momento, Senna coloca por dentro em cima de Prost para ser terceiro, mas na volta seguinte Prost dá o troco no final da reta Brabham. Berger imprime um ritmo muito forte, até mesmo 1s mais rápido do que Piquet, que tinha Prost 2s atrás, enquanto Senna já segurava Alboreto. O brasileiro da Lotus só segura Alboreto até a quinta volta. A Ferrari era claramente o melhor carro de Adelaide trinta anos atrás! Numa tentativa de poupar freios e pneus, Piquet diminui seu ritmo e permite a aproximação de Prost, mas Alboreto era o piloto mais rápido da pista e já encostava em Prost. O francês andava perto de Piquet, mas os problemas de freios atormentavam Prost e por isso, o piloto da McLaren mais seguia do que atacava Piquet. Na volta 28, Prost ia colocar uma volta em Alliot, mas seus freios falham e o francês sai ligeiramente da pista, contudo Prost ainda consegue se manter à frente de Alboreto. 

Piquet vai aos boxes na volta 35 trocar seus pneus e volta à pista em sexto, logo à frente de Johansson e Patrese. Com pista livre e sem a turbulência de Piquet, Prost aumenta o ritmo e marca a volta mais rápida da corrida naquele momento, enquanto Alboreto, tendo ficado muito tempo atrás de Prost, vê seus freios superaquecerem e era pressionado por Senna. Prost e Arnoux foram rivais na Renault e se tornaram inimigos fidagais. Quando Prost se aproximou para colocar uma volta em Arnoux, o piloto da Ligier se recusava a ceder a passagem para o compatriota, permitindo a aproximação de Alboreto e Senna. Na volta 41, Senna efetua uma ultrapassagem audaciosa, se aproveitando da rixa entre Prost e Arnoux, além de um excesso de cautela de Alboreto. Senna realiza uma ultrapassagem dupla e ainda deixa o retardatário Arnoux na frente de Alboreto e Prost! Furioso, Prost tenta contra-atacar Alboreto no final da reta Brabham, mas o piloto da Ferrari repulsa as tentativas de Prost. Na volta seguinte, Arnoux abandona a corrida com um problema no distribuidor de seu Ligier...

Senna aumenta seu ritmo, tendo Alboreto em seus calcanhares, mas Berger ainda tem 18s de vantagem. Com os freios superaquecidos, Prost diminui o ritmo e quando vê Johansson abandonar na volta 49 com o disco de freio quebrado, o francês percebe que dificilmente terminaria a corrida. Três voltas depois, Prost viu seu disco de freio quebrar e o francês bateu no muro a baixa velocidade. Era a despedida do motor TAG Porsche na F1. Piquet era o piloto mais rápido da pista, mas sai da pista na volta 59 e resolve voltar aos boxes. Após uma verificação dos mecânicos, percebeu-se que os freios da Williams tinham acabado e Piquet terminava a temporada que lhe deu o terceiro título com um abandono. Senna melhorava a volta mais rápida de Prost e diminuía a vantagem para Berger. Com quinze voltas para o fim, quando Senna já estava menos de 7s atrás de Berger, o austríaco respondeu ao ataque do piloto da Lotus e ao marcar a volta mais rápida da prova, Senna teve que se consolar com o segundo posto. Nesse momento, apenas os três primeiros estão na mesma volta do líder, numa corrida cheia de abandonos. Faltando quatro voltas para o fim, Patrese abandona em sua estreia pela Williams após rodar e bater. Na volta seguinte Andrea de Cesaris abandona com pane seca e apenas oito carros recebem a bandeirada. Gerhard Berger consegue a terceira vitória de sua carreira à frente de Senna e Alboreto. Boutsen termina em quarto lugar, seguido por Palmer, o melhor com os motores aspirados, com o sexto lugar indo para Dalmas, mas o francês da Lola não estava elegível para marcar pontos. Após a corrida, Senna é desclassificado por irregularidades nos seus freios. O brasileiro ficou muito irritado e acusou seu chefe Peter Warr, que se defendeu dizendo que os comissários sabiam da modificação e nada falaram. O certo era que Senna perdia o vice-campeonato, mas o Brasil vibrava. Num verdadeiro milagre, Roberto Moreno levou o modesto AGS, que nas mãos de Pascal Fabre apenas finalizava as corridas com muitas voltas de atraso, ao um suado pontinho na corrida final de 1987. Nos boxes da Benetton, Thierry Boutsen e Teo Fabi quase saem no tapa quando o belga interpela o companheiro de equipe a respeito de uma fechada sofrida por Fabi e o italiano apenas diz que se vingava pelas fechadas distribuídas por Boutsen durante a temporada. Fora a última corrida de Teo Fabi na F1. Cansado pela gripe e quase surdo por ter pedido o seu protetor auricular ainda no começo da prova, Berger comemorava modestamente a sua vitória em Adelaide. Com essa vitória dominante na Austrália, complementando ao triunfo em Suzuka quinze dias antes, a Ferrari parecia que iria muito forte para 1988. Mal sabiam os italianos...

Chegada:
1) Berger
2) Alboreto
3) Boutsen
4) Palmer
5) Dalmas
6) Moreno

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