quarta-feira, 12 de setembro de 2018

História: 25 anos do Grande Prêmio da Itália de 1993

Havia uma lenda que a Ferrari, quando estava mal das pernas, trazia um motor especial para os treinos em Monza e assim atrair os tifosi para o circuito na corrida. E em 1993 era preciso mesmo! Vindo de uma segunda temporada consecutiva muito ruim, a Ferrari era o centro das preocupações dos organizadores do Grande Prêmio da Itália, pois se em 1992 a procura de ingressos da torcida fora pequena, em 1993 não estava muito diferente. Lenda ou não, a Ferrari anunciou que correria em casa com um novo motor e o objetivo principal da equipe italiana era conseguir um pódio na frente de sua torcida. Monza também era sinônimo de anúncios para a temporada seguinte e não foi diferente em 1993. A Lotus anunciou a troca do motor Ford-Cosworth pelo Mugen-Honda, enquanto Minardi e Scuderia Italia se fundiriam a partir de 1994, com a segunda equipe tendo falido e nem participaria das corridas no Japão e na Austrália. Vindo de uma temporada muito ruim, o belga Thierry Boutsen anunciou sua aposentadoria de forma imediata após sua corrida caseira em Spa e seria substituído por Marco Apicella na Jordan. Boutsen teve seus bons momentos na virada dos anos 1980 para 1990, se tornando um piloto de destaque na época, mas o belga claramente não tinha cacife para ser mais do que um coadjuvante de luxo.

Prost conseguiu sua décima segunda pole em 1993 e encaminhava o seu título, pois tudo o que o francês precisava para confirmar seu tetracampeonato em Monza era marcar três pontos a mais do que o vice-líder Senna, algo que não seria nada difícil com o carro que Alain tinha nas mãos. Como sempre a Williams tinha toda a primeira fila, mas a surpresa era ver a Ferrari em terceiro com Alesi, garantindo um bom público para o domingo. Porém, nem tudo foram flores para a Ferrari na classificação. Nos momentos finais do segundo treino, Alesi vinha lento na Variante Ascari cumprimentando os torcedores nas arquibancadas, mas Berger ainda tentava marcar tempo. O francês acabou saindo um pouco da sua trajetória, assustando Berger, que bateu muito forte no guard-rail. Apesar da forte pancada, Berger estava bem!

Grid:
1) Prost (Williams) - 1:21.179
2) Hill (Williams) - 1:21.491
3) Alesi (Ferrari) - 1:21.986
4) Senna (McLaren) - 1:22.633
5) Schumacher (Benetton) - 1:22.910
6) Berger (Ferrari) - 1:23.150
7) Herbert (Lotus) - 1:23.769
8) Suzuki (Footwork) - 1:23.856
9) Andretti (McLaren) - 1:23.899
10) Patrese (Benetton) - 1:23.918

O dia 12 de setembro de 1993 estava com bom tempo em Monza, típico clima para um Grande Prêmio da Itália onde raramente chove. A torcida estava um pouco maior do que em 1992 e todos esperavam por um milagre da Ferrari, como acontecera cinco anos antes. A primeira chicane de Monza sempre fora um foco de incidentes na primeira volta e em 1993 não foi diferente. Superando seus crônicos problemas de embreagem, Prost larga muito bem e mantém a ponta da corrida. Dessa vez foi que Hill que não saiu bem e Alesi imediatamente assume a segunda posição, trazendo Senna logo atrás. Na freada para a primeira chicane, Senna forçou para ganhar a terceira posição, mas acaba tocando em Hill. A McLaren de Senna chega a sair do chão, mas incrivelmente os dois carros permaneciam na corrida, mesmo perdendo várias posições. A confusão na primeira curva fez com que Lehto, que largara em último por ter ficado parado na saída da volta de apresentação, batesse nas Jordans de Barrichello e Apicella. Um pouco mais à frente, Warwick e Suzuki batem e a Footwork teria que arrumar suas coisas com poucos metros de corrida.

Prost abriu uma boa vantagem sobre Alesi, que era atacado por Schumacher. Hill ultrapassa Michael Andretti e Patrese em voltas consecutivas. Alesi fez de tudo para segurar sua posição, mas acabaria ultrapassado por Schumache na quarta volta na Variante Ascari. Senna tentava se recuperar, mas na nona volta, ao atacar a Ligier de Martin Brundle, o brasileiro atinge a traseira do inglês e destruía a corrida de ambos. Foi um dos erros mais grosseiros da carreira de Senna na F1. Isso deixava Prost tendo que conseguir apenas o quarto lugar para assegurar o título, algo que pela forma que a corrida estava tomando, não era nada difícil. Um exemplo da superioridade da Williams era que Damon Hill, após cair para nono na primeira volta, já ganhava o terceiro lugar de Alesi na décima volta. Michael Andretti tinha problemas de motor e levava uma volta de Prost, enquanto Herbert e Berger abandonaram na mesma volta (15º), mesmo que em incidentes diferentes. Prost tinha muito cuidado em ultrapassar os retardatários e com isso Schumacher aproveitou para tirar tempo do francês, mas a corrida do alemão terminaria na volta 22 com o motor quebrado. 

A única rodada de paradas aconteceu normalmente e os três primeiros estavam bem espalhados na pista. Após o rumoroso acidente entre Senna e Hill, com a posterior recuperação do inglês, a corrida havia caído num marasmo onde nada ou quase nada acontecia. Prost caminhava sereno para o seu quarto título mundial, diminuindo o ritmo e permitindo a aproximação de Hill. O francês nunca entraria numa briga sabendo que o quarto lugar lhe bastava, mas o tetracampeonato só seria comemorado mais tarde. Faltando quatro voltas para o fim, o motor de Prost explodiu na Curva Grande, entregando a vitória para Hill. A torcida italiana explode, pois Alesi subia ao segundo lugar, mesmo que mais de um minuto atrás. O Grande Prêmio da Itália de 25 anos fora uma corrida de sobreviventes a ponto de Michael Andretti, mesmo com problemas de motores, aparecesse num milagroso terceiro lugar. Logo depois da corrida e conseguir seu único pódio, Michael seria dispensado da McLaren. Damon Hill comemorava sua terceira vitória consecutiva e os demais pilotos recebiam a bandeirada de forma tranquila. A única briga por posição era entre os dois pilotos da Minardi, pela sétima posição, que na época nem dava pontos. Christian Fittipaldi colou em Pierluigi Martini e ao colocar de lado no momento da bandeirada, foi fechado e o Minardi do brasileiro levantou voo. O carro deu um looping espetacular, mas afortunadamente Christian no lado certo e cruzou a linha de chegada com o carro todo arrebentado. E injuriado com o seu companheiro de equipe! Esse foi o único lance de emoção de uma corrida que apenas adiou o inevitável tetracampeonato de Prost.

Chegada:
1) Hill
2) Alesi
3) Andretti
4) Wendlinger
5) Patrese
6) Comas

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