domingo, 28 de julho de 2019

Briga de equipe

O circuito de Mid-Ohio é daqueles chamados 'old school'. Construído no final dos anos 1950, o belo circuito é estreito, pequeno e com o traçado seguindo a natureza exuberante do local. Porém, com carros tão potentes, rápidos e largos, ultrapassar com um carro da Indy em Mid-Ohio é um trabalho tão complicado que muitas vezes as equipes preferem construir estratégias vencedoras ao invés de conseguir algo na pista.

A Chip Ganassi já tinha dado claras indicações que tinha um ótimo acerto na pista onde seu principal piloto, Scott Dixon, já havia vencido cinco vezes e por isso foi surpreendente que tanto Dixon como Felix Rosenqvist terem ficado de fora do Fast-Six, que define (até pelo nome) os seis primeiros do grid. Porém, nunca é bom deixar de fora da lista de favoritos um piloto como Dixon, ainda mais em Mid-Ohio. A corrida dessa domingo foi um tablado de xadrez gigante e em alta velocidade, onde as equipes jogavam com as estratégias, muitas vezes deixando seus pilotos em táticas diferente. Assim fez a Ganassi. Rosenqvist e Dixon largaram com pneus duros, mas quando fizeram suas paradas, trocaram de tática. O mesmo ocorreu com as demais equipes. Seguindo a Ganassi, a Penske resolveu deixar o pole Power na pista com pneus macios por várias voltas, enquanto Newgarden e Pagenaud, ambos na luta pelo título, pararam mais cedo e colocaram os pneus duros. A Andretti fez algo parecido com Rossi e Hunter-Reay dividindo as estratégias entre seus dois principais pilotos. Quem acertaria?

Após a última rodada de paradas, a Ganassi parecia que tinha a corrida nas mãos. Dixon liderava com ampla vantagem sobre Rosenqvist, enquanto Hunter-Reay segurava um trem que tinha Newgarden, Power, Rossi, Pagenaud e Colton Herta. Para o campeonato, esse resultado seria o ideal para Newgarden, que aumentaria sua vantagem sobre Rossi e Pagenaud, mas como vimos na prova da F1 pela manhã, as corridas não ciências tão exatas assim. No último stint, Dixon colocou pneus macios e teria que faze-los funcionar nas últimas trinta voltas. Rosenqvist estava com a borracha mais dura e o resultado foi até lógico. Dixon perdeu rendimento e Rosenqvist cortou toda a diferença que Dixon tinha nas últimas voltas. Dixon estava tão lento, que um grupo de quatro retardatários chegou nele, trazendo Rosenqvist. O sueco vem fazendo uma temporada um pouco abaixo do esperado e uma vitória poderia salvar seu emprego de forma definitiva. Porém, ao contrário da F1, a bandeira azul na Indy não é tão respeitada e os retardatários fizeram jogo duro, enquanto não conseguiam ultrapassar um lento Dixon.

O que parecia uma corrida até modorrenta pela falta de bandeiras amarelas, logo se transformou num emocionante fim de prova. Com os pilotos da Ganassi lentos por motivos distintos, Hunter-Reay e Newgarden encostaram de vez. Na última volta, Rosenqvist tinha se livrado a duras penas dos retardatários e estava colado em Dixon. Ainda com Dixon na briga pelo título, será que Chip Ganassi deixaria Rosenqvist atacar o neozelandês? A resposta foi dada na curva 2 da última volta, quando os dois se tocaram e quase jogaram a dobradinha da Ganassi no lixo. Porém, o pior aconteceu mais atrás. Líder do campeonato e com seus rivais pelo título mais próximos atrás de si, Newgarden tentou uma manobra para lá de otimista em cima de Newgarden e ele acabou na caixa de brita, caindo para 14º e vendo Rossi se aproximar novamente no campeonato.

Foi um fim de corrida eletrizante. A Ganassi garantiu a primeira dobradinha em quatro anos e o velho Chip já deve ter ligado para Günther Steiner sobre administração de companheiros de equipe. Com o erro para lá de evitável de Newgarden, Rossi se aproximou e Dixon mantém-se vivo na briga pelo hexa. 

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