quinta-feira, 11 de julho de 2019

O acidente de Schumacher

O Grande Prêmio da Inglaterra de 1999 começava confuso vinte anos atrás. Alessandro Zanardi havia estacionado seu Williams no lugar errado do grid e por isso a largada fora cancelada. Os pilotos já estavam no meio da primeira volta, com a bandeira vermelha já mostrada, quando Michael Schumacher pareceu ter esquecido de frear na freada da curva Hangar. O alemão foi reto e bateu de frente na barreira de pneus. Apesar da pancada, Michael sairia do seu carro rapidamente. Era o que todos que assistiam a cena imaginávamos. 

Enquanto a Ferrari olhava assustada para os monitores, o resgate chegou rapidamente e na mesma velocidade ficava claro que o incidente não era tão simples assim. Schumacher havia quebrado sua perna direita em dois lugares e era resgatado da sua Ferrari semi-destruída. Nos boxes, Ralf Schumacher se desesperava pela falta de notícias do irmão e chegou a sair do grid, acompanhado por Alesi. O mundo prendia a respiração, principalmente quando vários lençóis não mostravam Schumacher sendo levado de maca para um ambulância, além de um frasco de soro conseguir ficar acima dos médicos. Quando muitos pensavam no pior, uma câmera conseguiu flagrar um tchauzinho do alemão.

Schumacher estava bem. Machucado, mas bem.

Ralf voltou para a segunda largada, enquanto a Ferrari lambia suas feridas. O maior rival de Schumacher naquele campeonato, Mika Hakkinen, largou novamente na pole e liderou as primeiras voltas. Quando o finlandês saiu do seu primeiro pit-stop, parecia que havia algo estranho. Mesmo Mika tendo completado a volta quase inteira, uma roda traseira saiu do seu McLaren, bem no momento em que Hakkinen passava pela entrada dos boxes. Fim de corrida para o finlandês.

David Coulthard assumia a ponta para vencer sem maiores arroubos. Enquanto boa parte da Ferrari se encaminhava para o hospital, quem ficou viu uma situação curiosa e interessante. Com o abandono de Hakkinen, o finlandês mantinha os oito pontos de vantagem sobre o piloto principal da Ferrari. Como Schumacher com certeza perderia algumas provas, o piloto principal da Ferrari passava a ser Eddie Irvine, que com o segundo lugar em Silverstone empatava com Schumacher no Mundial de Pilotos. Era como se o campeonato zerasse naquele momento para a Ferrari e Irvine.

Contudo, poucos acreditavam que Irvine, que fazia seu melhor campeonato na carreira, poderia liderar a Ferrari contra a potência da McLaren e a motivação de Hakkinen. O tempo mostraria que a conjunção de erros táticos da McLaren com uma boa dose de sorte do irlandês quase fez Irvine quebrar o jejum da Ferrari que naquele ano completava vinte anos. 

Ralf subiu ao pódio com o terceiro lugar e nem parecia o preocupado irmão de momentos antes, mas logicamente o piloto da Williams se dirigiu ao hospital para acompanhar Michael, que naquele momento era operado. A grave contusão somado ao desempenho de Irvine em sua ausência gerou muitas especulações, inclusive de que Schumacher se aposentaria. Ledo engano. Michael Schumacher retornaria ainda naquele ano à F1 e dominaria a categoria nos próximos cinco anos. 

Infelizmente, esse acidente em Silverstone não seria o mais grave acidente na vida de Schumacher. 

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