Mesmo tendo conquistado a pole em Magny-Cours na semana anterior, Damon Hill era bastante criticado pela imprensa especializada, que o acusava de não ter condições de derrotar Michael Schumacher, além de já estar velho (34 anos) para ser uma promessa a ponto de se apostar. Numa entrevista antes do circo chegar à Silverstone, Frank Williams lamentava não ter contratado... Michael Schumacher. A pressão sobre Damon Hill era muito grande e o fato do seu pai Graham não ter vencido um único Grande Prêmio da Inglaterra era um fator de motivação ao tímido inglês. O autódromo de Silverstone foi modificado na primavera por recomendações da GPDA para melhorar a segurança. Várias curvas são modificadas, incluindo a curva rápida de Stowe.
Em quarto no final da primeira sessão de qualificação, Hill transcendeu no dia seguinte para tirar o máximo proveito do seu Williams FW16 e ficou com a pole position por apenas três milésimos à frente de Schumacher. O alemão da Benetton-Ford não poupou seus esforços, mas estava satisfeito com o segundo lugar. A Ferrari participou da luta pela pole position graças à potência do novo motor V12. Berger, muito incisivo, ficou em terceiro lugar, apenas vinte milésimos atrás de Hill. Alesi já estava mais para trás, a meio segundo.
Grid:
1) Hill (Williams) - 1:24.960
2) Schumacher (Benetton) - 1:24.963
3) Berger (Ferrari) - 1:24.980
4) Alesi (Ferrari) - 1:25.541
5) Hakkinen (McLaren) - 1:26.268
6) Barrichello (Jordan) - 1:26.271
7) Coulthard (Williams) - 1:26.337
8) Katayama (Tyrrell) - 1:26.414
9) Brundle (McLaren) - 1:26.768
10) Verstappen (Benetton) - 1:26.841
O dia de 10 de julho de 1994 estava ensolarado, mas sem o forte de calor que marcou a corrida em Magny-Cours na semana anterior. Inclusive com a presença de Lady Diana, o público inglês lotou Silverstone para apoiar Damon Hill, no que era uma resposta aos críticos do inglês. Por outro lado, visto como o grande inimigo de Damon, Schumacher era vaiado a cada aparição. Durante a volta de apresentação, Michael Schumacher ultrapassou Damon Hill duas vezes, não respeitando a formação e no que era claramente uma violação das regras. Isso daria muito pano para manga até o final da temporada. Quando os carros estavam prontos para a largada, Coulthard acena com os braços e a largada foi abortada, com o escocês tendo que largar em último. No início da segunda volta de apresentação, Irvine tem o motor quebrado e não largaria, enquanto Schumacher novamente não respeita as regras da volta de apresentação. Já se falava abertamente na punição do alemão quando a largada foi dada, com Hill conseguindo manter a ponta. Na quinta fila, o motor Peugeot de Brundle explodiu espetacularmente e o inglês não corre sequer um metro antes de abandonar.
Hill e Schumacher imprimiam um ritmo muito forte, abrindo 7s em três voltas para o terceiro colocado Berger e 14s na volta 8. O austríaco estava com o carro mais pesado, enquanto os dois líderes marcavam volta mais rápida em cima de volta mais rápida. No pit-wall da Benetton, muita conversa acontecia para saber o que aconteceria. Que Schumacher seria punido, ninguém tinha muita dúvida, mas com quinze voltas de corrida ainda não se sabia como seria a punição. Flavio Briatore, Tom Walkinshaw, Ross Brawn e Joan Villadelprat pediam explicações à direção de prova. Quando Hill faz sua parada e retornou em terceiro, Pat Symonds advertia Schumacher de sua punição, mas ele diz que a penalidade seria de cinco segundos adicionado ao seu tempo no fim da prova. Enquanto isso, Briatore e Walkinshaw discutiam com os comissários da FIA do que já estava se tornando uma tremenda confusão, que já estava chamando mais atenção do que a corrida em si. Schumacher faz seu pit-stop normalmente e não paga qualquer penalidade. Para complicar a esdrúxula situação, o alemão aproveita as duas voltas com pista livre e retorna dos pits na frente de Hill.
Porém, Schumacher não liderava a prova, pois Berger estava postergando sua parada, mas quando estava prestes a ultrapassar a Ferrari do austríaco, a direção de prova mostrou uma bandeira preta para o alemão na volta 23. Briatore ficou uma fera nos pits e ordena que Schumacher continue na corrida, como se nada tivesse acontecendo, enquanto na Benetton, a confusão era enorme, com Walkinshaw indo até o diretor de prova Roland Bruynseraede pedir explicações. Após uma quente discussão, Walkinshaw retorna aos pits da Benetton dizendo que Schumacher não seria mais desclassificado, mas receberia uma punição de 5s em forma de stop-and-go. Três voltas depois o alemão cumpriu a tal punição e caiu para terceiro, com Hill, que ultrapassara Berger, na ponta da corrida, para delírio do público inglês. O motor de Berger quebrou na volta 32, deixando Hill em primeiro, com 18s de vantagem para Schumacher. Coulthard fazia uma bela corrida de recuperação e já estava na zona de pontuação.
Os líderes completaram suas segundas paradas sem mudanças, enquanto o porta-voz da FIA Martin Whitaker anunciou à imprensa que Schumacher não fora punido por queima de largada, como foi anunciado anteriormente, mas por não ter mantido a sua posição nas duas voltas de apresentação. As voltas finais foram sem emoção em Silverstone dentro da pista, pois fora dela a torcida fez uma bela festa. Damon Hill venceu o GP da Inglaterra, com Schumacher em segundo lugar e Alesi em terceiro. Enquanto isso, Barrichello tentou uma ultrapassagem otimista na Luffield para surpreender Häkkinen na última volta. Os dois se tocam e rodam. Barrichello tem a suspensão quebrada e volta à pista bem lentamente, enquanto Häkkinen mantém o motor ligado, mas perde muito tempo para volta a pista. Quando parecia que Barrichello conseguiria um quarto lugar no limite, Häkkinen consegue a ultrapassagem na reta de chegada! Coulthard termina na sexta posição. Damon Hill fez a volta de desaceleração com uma enorme bandeira britânica, para deleite dos espectadores. Finalmente um piloto com sobrenome Hill vencia na Inglaterra! Porém, nos bastidores, as coisas continuavam quentes. Flavio Briatore e Tom Walkinshaw concentravam seus ataques aos diretores de prova, ou seja, Roland Bruynseraede e o diretor Pierre Aumonier. Inicialmente Schumacher seria punido em 25.000 dólares por não respeitar a bandeira preta, mas sua desclassificação parecia anulada. Parecia.
Max Mosley apontava duas irregularidades graves cometidas por Benetton e Schumacher no Conselho Mundial de FIA, convocado logo depois da corrida: primeiro, que Michael não cumpriu a punição original dentro do prazo prescrito, então conscientemente ignorou a bandeira preta. A FIA não deu crédito às explicações de Schumacher, que afirmou ter visto a bandeira, mas não o painel em que estava inscrito o seu número, o 5. Briatore e Walkinshaw, que impediram a implementação da sanção, também foram convocados a se explicar. Além disso, Mosley criticava fortemente a direção da prova, cuja conduta errática estava na origem de toda a confusão. Afinal, como poderia uma bandeira preta, ou seja, exclusão da corrida, ser removida para se tornar um simples stop-and-go? A FIA já havia recebido denúncias de que a Benetton cometia infrações técnicas e era esse o motivo da enorme vantagem de Schumacher no campeonato. Num campeonato que já parecia decidido antes da metade, o erro de Schumacher, que falou que o motivo de sua desobediência na regra da volta de apresentação era esquentar os freios e que Hill estava muito lento, foi um prato cheio para que Schumacher e Benetton começassem a ver suas esperanças de títulos serem abatidas por suspensões e punições polêmicas. Schumacher acabaria realmente desclassificado meses mais tarde, dando pontos preciosos para Hill no campeonato.
Chegada:
1) Hill
2) Alesi
3) Häkkinen
4) Barrichello
5) Coulthard
6) Katayama
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