segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Figura(JAP): Mercedes

Quando a Mercedes comprou a vitoriosa Brawn no ano de 2010 e apostou na volta de Michael Schumacher, a montadora esperava rapidamente estar brigando por vitórias e títulos, mas a realidade foi bem diferente. Mesmo comandada por Ross Brawn, a equipe Mercedes ainda carecia de uma maior estrutura e Michael Schumacher sentiu os anos fora da F1, mas principalmente sentiu falta dos testes que tanto lhe ajudaram nos tempos de Ferrari. Apesar de não ter tido sucesso como dirigente nos tempos da Jaguar, Niki Lauda foi contratado e uma de suas primeiras ações foi contratar Toto Wolff, jovem dirigente que investia na Williams e graças a essa parceria, viu o tradicional time conquistar sua última vitória na F1. Mesmo perdendo Brawn e Norbert Haug, Lauda continuava prospectando pessoas para montar um super time na Mercedes. Trouxe Aldo Costa, após o italiano sair da Ferrari pelas portas dos fundos e depois contratou Geoff Willis. A parte técnica e administrativa parecia promissora, mas Lauda sabia que as corridas são decididas na pista. O austríaco investiu em Lewis Hamilton, um piloto extremamente talentoso, mas não muito à vontade na sisuda McLaren. Ainda assim a McLaren era muito forte em 2012 e Hamilton sair da equipe que lhe deu a chance de estrear na F1 não parecia um passo lógico, mas Lauda convenceu Hamilton a sair de sua zona de conforto e o inglês entrou no projeto Mercedes. Em anos dominados pela Red Bull, a Mercedes esperou uma grande mudança no regulamento para mostrar todo o seu potencial. Já tomando as rédeas da equipe, Wolff colocou as pessoas certas nos lugares certos e em 2014 com o início da era híbrida, iniciou-se uma das grandes dominações da história da F1. Se no início a Mercedes nadava de braçada frente aos rivais, Wolff teve que segurar Hamilton e Nico Rosberg, que de grandes amigos se tornaram ferrenhos rivais. Mesmo com seus pilotos brigando entre si, a Mercedes não perdeu um único título e quando Nico se aposentou repentinamente no final de 2016, Wolff viu o crescimento da Ferrari e Sebastian Vettel. Apesar de não ter a tradição gigantesca da Ferrari, a Mercedes tinha a experiência de títulos dos últimos anos e a equipe parecia crescer ainda mais nas mãos de Wolff e Lauda. Hamilton derrotou Vettel por erros da Ferrari, que iam sendo capitalizadas pela Mercedes. Esse ano a Mercedes sofreu o abalo da morte de Lauda, mas o ritmo da equipe não diminuiu. Um início de campeonato acachapante fez a Mercedes ter alguns luxos, como diminuir o ritmo das atualizações e ver o crescimento da Ferrari na segunda metade do campeonato, mas nada que diminuísse o número de triunfos dos alemães. Em Suzuka, mesmo com a Ferrari dominando a primeira fila, a Mercedes soube usar seu ritmo de corrida superior para conseguir a vitória com Valtteri Bottas, um piloto regular e que garante importantes pontos no Mundial de Construtores, garantido de forma antecipada em Suzuka. Foi o sexto título consecutivo, igualando o recorde da Ferrari no começo do milênio. Quem foi melhor? A Ferrari de Schumacher, Todt, Brawn e Byrne ou a Mercedes de Lauda, Wolff e Hamilton? Talvez o domínio da Ferrari tenha sido mais enfático, mas a Mercedes tem hoje uma equipe mais forte, onde todos os gaps são preenchidos numa equipe afinada com talentos dentro e fora da pista. Quando Lauda começou a formar a Mercedes que conhecemos hoje no começo dessa década, talvez o austero austríaco não imaginava que estava construindo um super time que já entrou para a história da F1. Pena que Niki não viu o que seu trabalho se transformou. 

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