Faziam quinze anos que o WRC vinha numa constância de campeões: eram franceses e se chamavam Sebastien. Os nove títulos da lenda Loeb e os seis de Ogier fizeram com que a França se tornasse o país com mais títulos do Mundial de Rali, superando a Finlândia, país considerado berço do rali.
Esse ano a história foi diferente e um tabu de dezesseis anos foi quebrado. Depois 2003 com Petter Solberg, o estoniano Ott Tänak venceu o WRC nesse domingo com o segundo lugar no Rali da Catalunha, superado pelo atual vice-líder do Mundial Thierry Neuville e quebrando a hegemonia dos 'Tiões'. Ogier tentava o hepta, mas um problema na sexta praticamente acabou com as chances do francês da Citroen. Para quem estranha a nacionalidade de Tänak, a Estônia já teve seu grande piloto na década passada, o antigo piloto de Ford e Peugeot Markko Martin, mas que abandonou sua carreira após a morte do seu navegador Michael Park em 2005. Martin é o mentor de Tänak, o colocando em sua equipe no campeonato estoniano e graças aos contatos que Martin tinha na Ford, Tänak pôde estrear no WRC em 2011.
Porém, os resultados do estoniano demoraram a aparecer e ele fez seu primeiro ano competitivo no WRC em 2017, correndo ao lado de Ogier na M-Sport Ford, subindo ao terceiro lugar no Mundial, posição que repetiria no ano seguinte, já contratado pela equipe oficial da Toyota. Vindo de quatro vitórias em 2018, Tänak era um dos favoritos ao título desse ano ao lado de Ogier, que retornou à Citroen, e Thierry Neuville, da Hyundai. Ao lado do navegador Martin Järveoja, Tanak conquistou cinco vitórias em 2019, além de dois pódios, chegando à Espanha com o título nas mãos e o segundo lugar conquistado hoje foi mais do que suficiente para Tanak levantar o título.
Voltando a 2003, quando o WRC vivia um ótimo momento, Solberg era um piloto muito popular, muitos viam que Loeb era um potencial gênio, além da categoria ainda contar com pilotos do calibre de Carlos Sainz, Marcus Gronholm, Colin McRae e Richard Burns. Todos esses pilotos eram muito carismáticos, populares e entraram para a história do esporte a motor. Mesmo com seis títulos no bolso, Sebastien Ogier não tem um décimo da popularidade de um Colin McRae, por exemplo, o mesmo acontecendo com o recém-coroado Tanak. Após uma enorme crise que colocou o seu futuro em risco, o WRC tenta se reconstruir, mas ainda faltam pilotos carismáticos como haviam há dezesseis anos.
Com 32 anos de idade e tirando a Toyota de uma fila de 25 anos, Ott Tänak pode ser um desses pilotos que podem fazer a popularidade do WRC retornar aos bons tempos. Por sinal, Tänak já fez algo fora do comum ao trocar a Toyota pela Hyundai em 2020, para correr ao lado de Neuville. Seria ótimo ter uma rivalidade forte para apimentar as coisas no WRC.
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