O Grande Prêmio do Japão em Motegi teve o mesmo marasmo que Marc Márquez transformou a MotoGP em 2019. O espanhol da Repsol Honda largou na pole, brincou um pouquinho com o novato Fabio Quartararo nas primeiras voltas para logo depois abrir uma vantagem administrável até a bandeirada. Novidade? Nenhuma. Márquez é o grande dominador da MotoGP nessa década e não enxerga um adversário à sua altura por enquanto.
No começo dessa semana Andrea Doviziozo, atual bi-vice da MotoGP, deu uma polêmica declaração dizendo que Rossi foi mais talentoso do que Márquez quando estava no auge. Uma afirmação muito subjetiva e difícil de se analisar. Rossi é muito mais carismático do que Márquez e tem como vantagem nessa comparação o fato do italiano ter tido a coragem de trocar o conforto da Honda pela incerteza da Yamaha em meados da década passada, garantindo um tricampeonato seguido que deixou a todos de boca aberta. Porém, a forma como Márquez domina uma MotoGP mais equilibrada do que nos tempos de Rossi e com talentos reconhecidos não pode ser ignorado. O espanhol vem conquistando fãs com um pilotagem agressiva e até mesmo revolucionária, onde consegue ângulos impossíveis nas curvas, além de ser o único a dominar a selvagem moto da Honda nesse momento. Nesse domingo, enquanto Márquez dava outro recital em cima dos seus rivais, Rossi teve outra corrida esquecível em 2019. O italiano largou em décimo, caiu quatro posições e já estava brigando pela posição onde largou antes de cair. No momento da queda de Rossi, o italiano era disparado a pior Yamaha do pelotão.
Valentino Rossi é um verdadeiro monumento do esporte mundial. Talentoso, rápido e carismático, Rossi tem vários recordes tangíveis, além de outros não muito tangíveis. O italiano consegue arrastar multidões para os circuitos da MotoGP e é um grande atração da categoria. Porém, com 40 anos de idade, Rossi está ficando cada dia mais para trás em relação aos seus rivais diretos. Mesmo sendo um feito Rossi ainda ser competitivo contra pilotos que tiraram fotos com ele quando criança, enquanto Vale estava no auge, a triste realidade é que o tempo de Valentino Rossi já passou. A revolta de Rossi pelo título perdido em 2015 se justifica cada vez mais pois o italiano sabia que aquele era a sua última oportunidade de conquistar o décimo título de uma carreira gloriosa.
Rossi é tão competitivo que ele mudará de engenheiro-chefe e até está tentando outros estilos de freada. Tudo para tentar voltar às vitórias, mas o tempo é algumas vezes cruel. Quartararo está pedindo passagem na equipe oficial da Yamaha. O jovem francês, que parece ser um novo Stoner, vem garantindo resultados melhores com sua Yamaha satélite do que os pilotos oficiais da montadora. Conta-se que uma troca entre Rossi e Quartararo foi sondada para 2020, mas o italiano não aceitou. Com uma carreira grandiosa dentro da Yamaha e que transcende a própria MotoGP, ninguém dentro da equipe teve coragem de se impor e colocar Rossi na equipe satélite e fazer o lógico movimento de trazer Quartararo para a equipe oficial. Mesmo fazendo todo o possível para voltar aos bons tempos, Valentino Rossi não vem conseguindo obter êxito.
Com dor no coração, já dá para dizer que Rossi poderia muito bem ceder seu lugar na Yamaha oficial e fazer uma última temporada na equipe Petronas em 2020. Seria melhor para todo mundo, inclusive para a MotoGP, que veria se o francês será mesmo o anti-Márquez. Mas quem terá a coragem para dizer isso a uma lenda viva sem trair a nós mesmos?
E a situação atual do Rossi só não e pior apenas que a do Lorenzo na Honda.
ResponderExcluirDois gigantes, dois campeões da MotoGP acostumados a grandeza, glorias e conquistas hoje passado por situações muito duras e bem difíceis, complicadas e anormais pra ambos.