Sebastian Vettel iniciou 2011 da mesma forma arrasadora com qual se tornou campeão na temporada passada: uma vitória quase de ponta a ponta, sem dar chances a ninguém. A Red Bull mostrou toda a genialidade de Adryan Newey em construir um carro tão bom que nem precisou se utilizar do Kers para deixar toda a concorrência para trás com um pé nas costas. Na primeira corrida em que os novos mecanismos para facilitar as ultrapassagens na F1 foram mostradas em ritmo de competição, houve, sim, ultrapassagens e disputas interessantes por posição, mas na mesma medida em que os pneus que se desgastam bem mais do que os Bridgestone provocaram situações de disputa, também levam pilotos a trocar de posição nos boxes, como foi o caso de Alonso na sua 'ultrapassagem' sobre Webber.
Ao contrário dos demais dias do final de semana, Melbourne amanheceu com muito sol e isso causou apreensão sobre os pneus, pois não houve testes com temperatura altas. Na largada, Vettel chegou soberano à primeira curva, trazendo consigo Hamilton e Webber. Porém, Petrov parece ter algum carma para atrapalhar Alonso, pois o russo fechou o espanhol, o deixando por fora, abrindo a porta para que Massa capitalizasse uma ótima largada e pular para 5º. A partir desse momento, Vettel foi soberano na corrida. O alemão abriu uma vantagem intimidadora sobre Hamilton e só no momento em que os pneus Pirelli do seu Red Bull perderam rendimento antes da primeira parada, a diferença para o piloto da McLaren foi inferior a 2s. Vettel foi sempre mais rápido e mostrando o quanto melhorou como piloto, quando precisou resguardar seus pneus nas voltas finais, pois pararia apenas duas vezes, Vettel o fez com categoria, chegando a aumentar a diferença para Hamilton e receber a bandeirada com mais de 20s de vantagem sobre o piloto da McLaren. É a terceira vitória consecutiva de Vettel na F1, mas ainda falta uma vitória vindo de trás do jovem alemão, pois quando dispara na frente, Sebastian é verdadeiramente imbatível! Apesar do carro da Red Bull ser excelente, o carro austríaco não é tão superior assim pela prova pífia de Webber. Ao contrário do seu menos experiente companheiro de equipe, Webber teve que parar três vezes nos boxes por desgaste excessivo de pneus, mas seu ritmo não foi minimamente comparável ao de Vettel. Mark começa o ano de forma péssima até mesmo psicologicamente, pois se quer ser campeão esse ano, o australiano precisava superar Vettel, mas ocorreu exatamente o inverso. Correndo em casa, Webber começa a estabelecer a mesma sina de Rubens Barrichello e Jacques Villeneuve de não se apresentar bem na frente dos seus compatriotas.
Após os testes de pré-temporada, a McLaren vivia o fantasma de um ano fracassado e os números indicavam isso. Nem seus pilotos, otimistas de carteirinha, não indicavam uma corrida de estréia das mais auspiciosas. Com o cancelamento da prova no Bahrein, o time teve mais tempo para se preparar e a McLaren mostrou seu poder de recuperação, consertando seu carro a tempo de ser a segunda força da F1 logo na Austrália. Mesmo longe de Vettel, Hamilton imprimiu um ritmo forte o suficiente para não ser ameaçado pela outra Red Bull no início da prova. O inglês vinha pressionando de tal forma que acabou errando na primeira curva e afetou o assoalho do seu McLaren, tendo que diminuir seu ritmo e perder as parcas chances de brigar pela ponta, mas pelo que a McLaren mostrou nos testes antes da temporada começar, a corrida de Hamilton acabou sendo acima das expectativas. Ao contrário do seu companheiro de equipe, Button teve uma prova bem agitada ao ser também atrapalhado pela fechada que Petrov deu em Alonso. O inglês iniciou uma bela batalha com Massa, onde tentou várias vezes a ultrapassagem, só conseguindo quando cortou caminho e destruiu sua corrida. Apesar da F1 exigir mais e mais ultrapassagens, quando um piloto se excede, logo é punido, como foi o caso de Button. O impacto imediato disso é que o piloto diminui seu ímpeto nas disputas por posição, o que não ocorreu com Button. Mesmo sendo punido, Button continuou atacando e ultrapassou Massa no final da prova. Levando-se em conta o tempo perdido com o drive-through, dá para dizer que Button brigaria pelo pódio.
Petrov só está na Renault pelos patrocínios russos que estapam o carro negro da Renault e isso não é segredo para ninguém. A desconfiança com o piloto é tão grande, que a Renault preferiu trazer o experiente Nick Heidfeld para liderar o time após o infortúnio de Kubica do que apostar em Petrov. Porém, o que se viu foi uma belíssima corrida do russo, não se intimidando em fechar Alonso na primeira curva, tendo a sensibilidade de economizar seus pneus para fazer uma parada a menos e não se afobando quando o espanhol encostou na sua traseira no final da corrida. Petrov surpreendeu o mundo da F1 e deu o primeiro pódio ao seu país, assim como fazendo o mesmo com a Renault, mostrando o quão bom é o novo carro. Isso é mais um agravante para a péssima prova de Heidfeld, que mesmo tendo ganho algumas posições durante a corrida, ficou longe da pontuação. Para quem veio liderar o time, o alemão já começa o ano devendo bastante. A Ferrari foi o time que acumulou mais quilometragem durante os testes e provou que tem o carro mais confiável do grid, mas a preocupação com a durabilidade foi tanto, que acabou se esquecendo da velocidade e o time italiano ficou longe do ritmo dos ponteiros. Alonso largou bem, mas se atrapalhou na primeira curva e caiu para 9º. O espanhol iniciou uma boa recuperação, ultrapassou Massa quando este foi passado por Button, mas depois não fez nada demais. O espanhol ainda ultrapassou Webber nos boxes e se aproximou de Petrov no final, mas o 4º lugar é pouco para quem disse que o título é obrigação. Já Massa se destacou apenas quando se defendeu esplendidamente de Button no início da corrida, mas quando o inglês foi embora, o brasileiro murchou. Claramente sem ritmo, o brasileiro também parou três vezes e ainda marcou a melhor volta da corrida no final, enquanto perseguia e ultrapassava Buemi. Porém, a sétima posição é muito pouco para quem precisa urgentemente dar uma volta por cima. A Ferrari inicia 2011 devendo.
Dos novatos, o melhor, sem sombra de dúvida, foi Sergio Pérez. O mexicano foi o único a conseguir a proeza de parar apenas uma vez e fez uma prova corretíssima, sem forçar em demasia, na mesma medida em que superava seu mais experiente companheiro de equipe. Por sinal, Kobayashi, considerado o ás das ultrapassagens, foi bem discreto e foi visto levando ultrapassagens. A boa exibição da Sauber foi estragada pela desclassificação por irregularidades na asa traseira, mas isso não exclui a boa corrida dos seus dois pilotos. A Toro Rosso foi uma das sensações da pré-temporada, mas se não brigou pelo pódio como alguns assodados chegaram a acalentar, foi bem melhor do que a ridícula temporada passada e pelo menos Buemi ficou sempre na zona de pontuação e mesmo se a Sauber não fosse excluída, começaria o ano marcando pontos. Alguersuari fez uma prova muito ruim, terminando suas expectativas ao bater na traseira de Schumacher logo na primeira volta, tendo que trocar o bico do seu carro e ficar brigando apenas pelas posições intermediárias. Com a sombra de Daniel Ricciardo nos boxes da Toro Rosso, cada exibição ruim de algum de seus pilotos já é motivo de sinal de alerta. Outro novato a se destacar foi Paul di Resta. O escocês passou a maior parte da corrida à frente do seu mais experiente companheiro de equipe Sutil e também não errou. A Force India foi considerada a equipe média de pior rendimento, mas pontou com seus dois pilotos logo na estréia.
Assistindo bastante a Escolinha do Professor Raimundo, me lembrei do personagem Sandoval Quaresma em comparação a corrida de Rubens Barrichello. Após uma má classificação, o brasileiro saiu da pista na primeira volta e caiu para último. Então, o brasileiro começou uma belíssima corrida de recuperação, ultrapassando vários pilotos, inclusive Kobayashi. Então, quando chegou em Nico Rosberg... Com 19 temporadas nas costas, o que Barrichello fez foi digno de zero e ele podia muito bem dizer: estava indo tão bem... Porém, o que preocupa na Williams foi sua má confiabilidade, pois ambos os carros abandonaram por problemas mecânicos. Mesmo caso ocorrendo com a Mercedes, mas ambos por problemas com outros pilotos. O toque recebido na primeira volta desregulou a Mercedes de Schumacher e ele teve que abandonar cedo, enquanto Rosberg foi a vítima da manobra atabalhoada de Barrichello. As pequenas continuaram seu calvário, com Lotus e Virgin bem atrás das adversárias.
A primeira corrida do ano não foi um show de ultrapassagens, mas não se pode dizer que foi chata. Houve ultrapassagens na pista e várias disputas por posição. A asa traseira não foi tão eficiente assim e não houve pilotos voando para cima de outros que não podiam abrir sua asa na reta dos boxes. Os pneus não se desgastaram tanto assim e permitiram que o novato Pérez parasse apenas uma vez, mas houve algo mais positivo em relação ao ano passado, que foi a variedade de estratégias, com muitos pilotos parando duas ou três vezes. Quem não mudou foi a Red Bull e Vettel. Essa combinação tende a ser imbatível com o passar dos anos!
Exato.. Igualzinho.
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