terça-feira, 15 de março de 2011

História: 30 anos do Grande Prêmio do Estados Unidos-Oeste de 1981


A F1 iniciava 1981 numa de suas crises mais sérias da história. A guerra aberta entre a FISA, com seu presidente Jean-Marie Balestre de um lado, e a FOCA, com Bernie Ecclestone do outro lado, tornou a temporada de 1980 problemática e cheio de confusão e isso acabou influenciando o início da temporada de 1981. As conhecidas equipes de fábrica (Ferrari, Renault e Alfa Romeo) não se conformavam em ter todo seu investimento - principalmente no turbo - sendo superado pelos garagistas, que rebatiam o déficit de potência com os carros-asas e pediu apoio a Balestre e tentasse proibir as 'minissaias', pequenas peças que ficavam nas laterais dos carros e garantia o efeito-solo dos bólidos. Os ingleses, que também investiram bastante no efeito-solo, procuraram Ecclestone como testa de ferro e tentar evitar a proibição imposta por Balestre.

A política era a maior notícia da F1 naqueles tempos e Ecclestone anunciou que faria um campeonato paralelo, com várias corridas na América do Norte e a primeira etapa seria em Kyalami, já que os sul-africanos permaneceram fiéis a FOCA. O problema era que a prova era realizada tradicionalmente em janeiro e não houve muito tempo de negociação entre a FISA e a FOCA. Como resultado, as equipes alinhadas à FOCA foram à África do Sul para uma corrida dita pela FISA como pirata. Carlos Reutemann venceu a corrida, mas houve pouco público no autódromo e o interesse, sem equipes como Ferrari e Renault, foi diminuto. Enzo Ferrari chamou Ecclestone e Balestre para a Itália no começo de março para resolver o problema e um acordo foi feito. A F1 estava salva por enquanto, mas a primeira corrida oficial daquele ano seria em Long Beach.

Voltando ao esporte propriamente dito, houve várias mudanças nas equipes, mas Williams e Brabham, que brigaram pelo título de 1980, permaneciam basicamente com a mesma formação. A Renault contratara a revelação francesa Alain Prost, enquanto a McLaren trazia para o lugar do gaulês o novato Andrea de Cesaris, apoiado pelos dólares da Marlboro. A antes forte Tyrrell estava com problemas de patrocínio e pouco podia investir. Para aumentar a confusão daquele início de ano, a Lotus apresentou o modelo 88, que infrigia claramente as regras e o carro foi proibido de correr nos Estados Unidos, para enorme desgosto de Colin Chapman, que já havia visto Mario Andretti o deixar e ir para a Alfa Romeo.

Williams e Brabham continuavam sua dominação em Long Beach, mas Alan Jones foi superado pela surpresa Riccardo Patrese em seu Arrows por muito pouco, enquanto Piquet, que havia vencido no ano anterior na pista americana, largaria logo atrás da dupla dos pupilos de Frank Williams. A Ferrari estreava o novo motor turbo e mostrava força com Gilles Villeneuve ficando bem no grid numa pista que não favorecia os carros turbo, como mostrava o péssimo desempenho da Renault.

Grid:
1) Patrese (Arrows) - 1:19.399
2) Jones (Williams) - 1:19.408
3) Reutemann (Williams) - 1:20.149
4) Piquet (Brabham) - 1:20.289
5) Villeneuve (Ferrari) - 1:20.462
6) Andretti (Alfa Romeo) - 1:20.476
7) Mansell (Lotus) - 1:20.573
8) Cheever (Tyrrell) - 1:20.643
9) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:20.664
10) Jarier (Ligier) - 1:20.787

O dia 15 de março de 1981 estava quente e ensolarado em Long Beach para a sua já tradicional corrida pelo curto circuito de rua californiano. A grande interrogação era como se comportaria Patrese largando na primeira posição, pois o italiano era conhecido justamente por sua intrepidez. O italiano sai muito bem, trazendo consigo, colado, Reutemann, enquanto Jones ficava por fora, um pouco mais para trás. Desmentindo os que sempre diziam que o motor turbo tem um sério problema de retardo nas largadas, Villeneuve e Pironi partem muito bem e rapidamente estão no pelotão da frente. Patrese e Reutemann ficam bem por dentro na primeira curva, um fechado hairpin, enquanto Jones não arrisca em abrir, deixando um espaço generoso para Villeneuve usar a prodigiosa potência do seu motor Ferrari turbo. O canadense apareceu à frente de Patrese e tentando manter a surpreendente primeira posição, freiou no limite. Ou além dele. Villeneuve passou reto e foi parar numa área de escape, mas até que não perdeu tanto tempo. Mais atrás, há uma confusão quando De Cesaris bate em Prost e a corrida de ambos está terminada apenas centenas de metros depois da largada. Esse seria o primeiro de inúmeros acidentes sofrido pelo italiano naquele ano...

Patrese liderava ao fim da primeira volta sem grandes problemas, seguido de perto por Reutemann, Jones, Pironi, Piquet e Villeneuve. Rapidamente ficou claro que Pironi, 11º no grid, não tinha condições de estar ocupando sua posição naquele momento e um buraco ficou aberto entre os três primeiros colocados e o francês, que liderava um enorme pelotão. Piquet estava num sanduíche de Ferrari e numa situação complicada. Ele era bem mais rápido do que Pironi, mas nos locais onde era possível ultrapassar, o motor turbo da Ferrari não deixava o piloto da Brabham tentar alguma manobra. Atrás de Piquet, Villeneuve abanava em todas as freadas e um erro do canadense não parecia impossível. Atrás dos três, Cheever, Laffite e Andretti se juntavam ao pelotão. Pironi segurou Piquet até a 16º volta, quando o brasileiro finalmente se livrou do francês. Quase ao mesmo tempo, Villeneuve abandonava com um problema no semi-eixo. Ao contrário do que poderia se supor, Piquet não disparou a frente de Pironi, enquando Patrese se esforçava ao máximo para permanecer à frente de Reutemann, já que Jones havia ficado um pouco mais para trás.

Era claro que Patrese toureava seu Arrows, andando no limite, enquanto Reutemann apenas o seguia de perto, esperando um erro do italiano. Na volta 23, Reutemann tentou a primeira ultrapassagem em cima de Patrese na freada após a reta dos boxes. O piloto da Arrows fechou a porta, mas na volta seguinte, o argentino já chegou na freada à frente de Patrese e assumiu a liderança. Com problemas de motor, Patrese abandonava tristemente na volta seguinte. Quando Reutemann chegou à primeira posição, aquilo significou um sinal para Jones, que imediatamente aumentou seu ritmo e se aproximou do seu companheiro de equipe. Enquanto colocava uma volta no Ensign de Marc Surer, Reutemann acaba errando num esse, mas escapa de bater no muro. O argentino volta à pista perigosamente à frente de Surer, mas não evitou que Jones assumisse a primeira posição, com o australiano fazendo uma audaciosa ultrapassagem dupla. Imediatamente o campeão de 1980 aumentou seu ritmo e Reutemann ficou para trás, controlando sua corrida, já que Piquet estava longe.

A briga pela 5º posição era a mais animada da corrida e após Laffite ultrapassar Andretti, o francês partiu para cima de Cheever, mas o americano se defendeu explendidamente e o piloto da Ligier acabou acertando com força a traseira da Tyrrell de Cheever, não afetando o carro do anfitrião, mas quebrando o bico da Ligier, saindo da briga. O veterano Mario Andretti veio para cima de Cheever logo em seguida e conseguiu uma boa ultrapassagem no final da reta dos boxes. Pironi começava a ter problemas de câmbio e após errar uma marcha na última curva, também um apertado hairpin, Andretti ficou à frente de Pironi, para enorme delírio da torcida americana, mas Pironi ultrapassou o americano ainda na mesma manobra, mostrando o poder do motor Ferrari. Porém, na volta seguinte, Andretti consolidou a ultrapassagem, trazendo Cheever no embalo. Pironi abandonaria mais tarde, mas a Ferrari mostrava o quão bom era seu motor. Jones começou o ano exatamente como havia terminado 1980: vencendo. O australiano mostrava que era um dos favoritos ao título, enquanto Reutemann e Piquet, respectivamente 2º e 3º colocados, eram seus maiores adversários.

Chegada:
1) Jones
2) Reutemann
3) Piquet
4) Andretti
5) Cheever
6) Tambay

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