quinta-feira, 10 de março de 2011

História: 20 anos do Grande Prêmio dos Estados Unidos de 1991


Após dois anos consecutivos com o título mundial sendo decidido em um acidente em Suzuka, a FISA teve que tomar atitudes mais drásticas e uma comissão especial foi criada apenas para vigiar a conduta dos pilotos nas pistas. Logicamente, os dois maiores astros naquele início de temporada em Phoenix seriam Ayrton Senna e Alain Prost. Porém, haviam outros fatores para o início da temporada 1991.

A Honda estrearia um novo motor V12, mas os pilotos da McLaren reclamaram bastante de falhas do motor japonês durante todos os treinos. Enquanto isso, a Tyrrell receberia o antigo e confiável Honda V10, mas para isso teria que arcar com o mesmo preço pago pela Lotus anos antes: a vinda do instável Satoru Nakajima. Para contrabalancear essa 'contratação', a equipe do velho Ken Tyrrell teria o bom Stefano Modena para o lugar de Jean Alesi. O francês foi alvo de disputas de várias equipes e a Williams chegou a anuncia-lo como contratado, mas Alesi, descendente de sicilianos, não resistiu ao convite da Ferrari e correr ao lado do seu ídolo Alain Prost e mudou de idéia, indo correr pela Ferrari. Conta a lenda que para convencer Frank Williams a liberar Alesi, a Ferrari cedeu um dos seus carros ao museu do construtor inglês...

Sem Alesi, a Williams correu atrás de Mansell. O inglês havia anunciado sua aposentadoria após o Grande Prêmio da Inglaterra de 1990, mas depois de várias negociações, Nigel voltou à Williams e retornaria a utilizar seu velho 'Red 5'. Uma das cláusulas para que Mansell voltasse a Grove era que fosse o primeiro piloto da equipe e sempre teria o carro reserva a sua disposição. Talvez por isso Thierry Boutsen saiu da equipe rumo a decadente Ligier, ficando Patrese com a ingrata missão de tentar superar Mansell dentro de uma Williams que já havia provado ser louca pelo inglês. O novo carro da Williams trazia várias novidades tecnológicas, como a suspensão ativa e o câmbio semi-automático, utilizado pela Ferrari desde 1989. A Benetton teria uma dupla brasileira pela primeira vez desde os tempos de Copersucar, mas Nelson Piquet, prestes a completar 39 anos, dificilmente faria outro ano, enquanto Roberto Moreno via seu grande esforço finalmente recompensado. Entre os novatos, destaque para Mika Hakkinen, campeão inglês de F3, e do time Jordan, com um dos carros mais belos dos anos 90. E o que era melhor, também muito bom!

Lembrando sua inesquecível atuação no ano anterior, Jean Alesi liderou o treino de sexta-feira, mas um acidente não ajudou sua causa. A Williams já mostrava muita velocidade, mas o carro ainda quebrava bastante. Apesar de reclamar bastante do novo motor Honda, Senna fez outra das suas famosas voltas voadoras e colocou 1s sobre Prost, que dizia claramente detestar a pista de rua em Phoenix.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:21.434
2) Prost (Ferrari) - 1:22.555
3) Patrese (Williams) - 1:22.833
4) Mansell (Williams) - 1:23.318
5) Piquet (Benetton) - 1:23.384
6) Alesi (Ferrari) - 1:23.519
7) Berger (McLaren) - 1:23.742
8) Moreno (Benetton) - 1:23.881
9) Pirro (Dallara) - 1:24.792
10) Lehto (Dallara) - 1:24.891

O dia 10 de março de 1991 estava incrivelmente nublado em Phoenix. Afinal, numa cidade localizada no meio do deserto do Arizona, o calor era mais esperado. Senna sempre foi considerado um mestre nas largadas e em Phoenix ele fez outra de sua belas largadas, disparando na frente, enquanto Prost tentava se segurar dos ataques dos pilotos que vinham atrás de si, mas o francês conseguiu seu objetivo, se mantendo em 2º. Imediatamente, Senna desapareceu à frente do francês e rival, além de Mansell, Alesi, Patrese, Berger e Piquet.

Na briga pela 4º posição, Patrese não teve problemas em ultrapassar Alesi na 16º volta, mas o italiano acabou perdendo o ponto da freada enquanto tentava repetir a manobra em cima do companheiro de equipe e quase provocava um início trágico para a Williams com os dois carro bantendo um no outro. Mansell pensou rápido, se desviou do companheiro de equipe e manteve a mesma posição, enquanto Patrese saiu reto numa área de escape e voltando à corrida, perdeu apenas duas posições. Mansell se mantinha bem na 3º posição, mas o seu novo câmbio semi-automático, que havia lhe trazido tantos problemas nos tempos da Ferrari, acabou por lhe assombrar na Williams e ele abandonou na volta 35, enquanto Berger abandonava com problemas mecânicos duas voltas depois.

Prost sempre falou que não gostava da apertada pista de Phoenix e por isso estava longe de incomodar seu rival Senna, que liderava soberano. E ficaria mais longe ainda. Na volta 45 o piloto da Ferrari entrou nos boxes para trocar os pneus e a eficiente equipe italiana, até então dona do recorde de pit-stop mais rápido da F1, se atrapalhou toda e Prost caiu para 7º. O francês iniciaria uma bela corrida de recuperação. Patrese assumia o 2º posto, mas o câmbio voltaria a atrapalhar a corrida da Williams e o italiano acabou rodando, ficando atravessado no meio de uma curva cega. O italiano ficou sinalizando desesperadamente que estava numa posição perigosa, mas Roberto Moreno não viu o carro de Patrese a tempo e acertou a Williams em cheio, terminando a corrida de ambos. Numa tática diferente, Piquet resolveu confiar nos seus pneus Pirelli e tentar cubrir a corrida inteira com a mesma borracha. Provando que os italianos sabiam fazer pneus para longa duração...

Claro que isso não permitia a Piquet forçar o todo inteiro e na volta 53 ele foi ultrapassado por Alesi, que fazia uma prova bem mais discreta que a de 1990. Contudo, o câmbio do jovem francês não tardou a apresentar problemas (que o fez abandonar poucas voltas mais tarde) e isso fez com que Piquet se aproximasse de Alesi, mas Prost, que fazia uma bela corrida de recuperação, se aproximava de ambos. Na reta oposta, o francês mostrou toda a sua genialidade ao ultrapassar Piquet e Alesi numa mesma manobra, retornando ao segundo lugar que lhe era no começo da corrida. Porém, Senna não perdeu a liderança em nenhum momento, vencendo a primeira prova do ano com imensa autoridade. Ao seu lado no pódio, outras duas lendas vivas da F1. Eram nada menos do que 10 títulos mundias num mesmo pódio. Jean-Marie Balestre fez questão de entregar uma medalha (?) para o vencedor Senna, que mostrou uma certa cara de 'só isso?', enquanto Piquet colocava chifres no velho cartola. Já pensaram em Massa e Barrichello colocando chifrinhos em Jean Todt num pódio atual? Eram outros tempos...

Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Piquet
4) Modena
5) Nakajima
6) Suzuki

Um comentário:

  1. ... e Aguri Suzuki, Stefano Modena e Satoru Nakajima nos pontos...
    Velhos tempos, velhos dias...

    Cara, para alguém que tinha 6 anos na epoca desse GP, assusta pensar que ja faz 20 anos...

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