quarta-feira, 30 de março de 2011

História: 30 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1981



Quinze dias após a corrida dominada pela Williams em Long Beach, a Brabham tentou algo para tentar parar o que parecia ser o início do passeio da equipe de Frank Williams em 1981. Gordon Murray criou a suspensão hidropneumática, fazendo com que o carro da Brabham ficasse colado ao chão em altas velocidades, permitindo o efeito-solo, mas com o carro voltando a altura normal e regulamentar em baixa velocidade. Colin Chapman mais uma vez tentou fazer com o seu Lotus 88 corresse, mas os comissários brasileiros, pressionados pelos chefes de equipe, impediram que o carro participasse, para desespero do chefe da equipe Lotus.

Chapman não se conformava que seu carro não fosse admitido, enquanto o Brabham, com a suspensão hidropneumática, estava admitido, dando uma vantagem clara a Piquet, que conseguia a pole com 1s de vantagem sobre Jones, o primeiro piloto da Williams. Nos bastidores, a briga entre Williams e Brabham chegava ao cúmulo de Bernie Ecclestone e Frank Williams irem averiguar os boxes rivais, para encontrar alguma irregularidade e o dono da Williams impetrou um protesto contra o carro da Brabham, mas não foi para frente. Até porque a Williams também desenvolvia sua própria suspensão hidropneumática. Patrese continuava a mostrar sua boa forma ao conseguir um bom quarto lugar com seu Arrows. Ainda sofrendo de fortes dores pelo acidente em Montreal que lhe quebrou as duas pernas, Jean-Pierre Jabouille não consegue treinar pela Ligier e o carro é entregue novamente à seu xará Jarier.

Grid:
1) Piquet (Brabham) – 1:35.079
2) Reutemann (Williams) – 1:35.390
3) Jones (Williams) – 1:36.337
4) Patrese (Arrows) – 1:36.667
5) Prost (Renault) – 1:36.670
6) Giacomelli (Alfa Romeo) – 1:37.283
7) Villeneuve (Ferrari) – 1:37.497
8) Arnoux (Renault) – 1:37.561
9) Andretti (Alfa Romeo) – 1:37.597
10) De Angelis (Lotus) – 1:37.734

O dia 29 de março de 1981 amanheceu bem diferente do que sempre imaginamos ver no Rio de Janeiro. Ao invés do sol forte e do
calor, o tempo estava nublado e chuvoso, mas a pista estava seca no warm-up. No entanto, uma chuva insistente voltou a molhar o circuito de Jacarepaguá e a dúvida era grande em colocar ou não pneus de chuva. Piquet fez sua volta de alinhamento com pneus slicks e com a corrida de Kyalami em mente, quando perdeu para Reutemann por ter escolhido os pneus errados, o brasileiro tentou imitar o argentino e resolveu largar com pneus slicks mesmo com a pista molhada. Piquet achava que a pista secaria durante a prova e tiraria proveito disso. Reutemann também pretendia fazer a mesma estratégia que lhe deu a vitória em Kyalami no início do ano, mas foi impedido por Frank Williams, contudo o argentino pediu ao time que deixasse os pneus para tempo seco no grid, para qualquer eventualidade. No fim, apenas Piquet, Didier Pironi e Siegfried Stohr (italiano, apesar deste nome...) largariam com pneus slicks. O que se provaria um erro mais tarde...

Sem nenhuma tração, Piquet patina na largada e é engolido pelo pelotão. Ainda antes da primeira curva, havia caído para 4º. No final da primeira volta, era apenas 15º. Lá na frente, Reutemann e Jones lideravam tranquilamente, abrindo vantagem sobre Patrese. Mais atrás, no meio do spray da largada, Prost larga mal e atrapalha Villeneuve, que lhe acerta a traseira. Mario Andretti bate na roda traseira de Arnoux e o francês roda. Andrea de Cesaris consegue escapar por pouco, mas Chico Serra bate de leve na Renault de Arnoux. Sem a devida aderência por causa dos pneus slicks, Stohr bate forte em Serra, que bate forte em Arnoux. Os três estavam fora da corrida após terem percorrido não mais do que 50 metros...

Os três primeiros corriam solitários, com Jones comboiando Reutemann, esperando as ordens de equipe que seriam dadas ao argentino, enquanto Patrese estava distante de Jones e muito longe à frente da animada briga pelo 4º lugar. Giacomelli ficou nessa posição nas três primeiras voltas, mas acabaria ultrapassado por Elio de Angelis e Keke Rosberg, em excepcional corrida com o carro da Fittipaldi. Com problemas na bomba de gasolina, Giacomelli abandonaria cedo. Após largar em 15º, Watson realizava ótima corrida na chuva e rapidamente encostou em Rosberg, trazendo consigo Marc Surer, excelente com um velho Ensign, e as duas Ligier, com Jarier à frente de Laffite. Quando Rosberg perde rendimento quando o seu tanque de combustível se esvazia, é ultrapassado por vários pilotos e sai da briga pelos pontos. Piquet se arrastava nas posições intermediárias e quando a chuv
a fica mais forte, chega a rodar duas vezes, mas resolve não trocar seus pneus. Sua corrida estava estragada e Bernie Ecclestone lhe daria uma bronca após a prova. Mais atrás, Pironi roda com seus pneus slicks e leva consigo para a cerca de proteção Alain Prost. Na volta 34, Watson tenta se aproximar de Elio de Angelis, mas acaba forçando a barra na Curva Sul e roda com seu McLaren, perdendo quatro posições. Surer, que estava fazendo sua melhor corrida na F1, com direito a melhor volta da corrida, se aproximava da Lotus do italiano e o deixa para trás na volta 48, assumindo uma surpreendente 4º posição.

Ordens de equipe são tão antigas quanto a própria F1 e isso existiu em várias equipes e situações. Nessa mesma prova, Jarier, piloto substituto na Ligier, estava em 6º lugar e então a Ligier pede para que o francês deixe Laffite ocupar o último lugar pontuável. Na Williams, Alan Jones sempre fora o primeiro piloto da equipe e foi campeão em 1980 com Reutemann estranhando porque era sempre mais lento que o australiano, que nunca havia sido nenhum gênio da velocidade. O argentino havia decidido que seria campeão do mundo e quando vê a placa “Jones-Reut” mostrada pela Williams, ele simplesmente ignora a mensagem. Por várias voltas a placa foi mostrada e Reutemann diz que não via por causa da chuva e dos guarda-chuvas. Jones, enquanto isso, apenas acompanhava seu companheiro de equipe na vã esperança de que ele acataria a ordem 
de equipe. Chegou o limite de duas horas e a prova foi encerrada com Reutemann na frente e Alan Jones cuspindo abelha africana em segundo. A equipe Williams também se sente traída e não vai ao pódio comemorar a vitória do seu piloto, mesma atitude tendo Jones. Patrese fica meio sem graça no pódio ao lado de Reutemann, que sorria como se nada tivesse acontecido. O fato foi que essa desobediência traria sérias conseqüências tanto para Carlos Reutemann como para a Williams. Assim como o próprio futuro da F1, pois muitos pilotos viram o que podia acontecer se não obedecesse suas equipes.

Chegada:
1) Reutemann
2) Jones
3) Patrese
4) Surer
5) De Angelis
6) Laffite

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