Depois de passar por dois circuitos antigos (Interlagos e Kyalami), a F1 cruzava o Atlântico para a novidade no calendário de 1976, Grande Prêmio dos Estados Unidos-Oeste, no novíssimo circuito de rua em Long Beach. O traçado de 3.250m era novo para todos e foi feita uma enorme promoção para a corrida, uma total novidade para os americanos, que afluíram em grande número para a pista na beira do Pacífico.
Na primeira sessão de treinos, Niki Lauda foi o mais rápido, dando a nítida impressão de como as Ferraris estavam se adaptando bem no sinuoso circuito americano, logo comparado à Monte Carlo, mas com uma enorme reta dos boxes. Porém, foi Clay Regazzoni que conseguiu a pole com uma pequena vantagem sobre a surpresa do grid, o francês Patrick Depailler. Com problemas no sistema de alimentação em seu Copersucar, Emerson Fittipaldi largaria apenas em 16º, mas destino cruel teria seu companheiro de equipe Ingo Hoffmann. Como em Mônaco, apenas 20 carros largariam e Ingo, ainda se adaptando com o segundo carro da Copersucar, lutava para estar no grid e após os treinos, o brasileiro chegou a ser anunciado em 20º. Após muita comemoração, chegou a notícia de que houve um erro de cronometragem e ele era apenas o 22º, cedendo o lugar para a Lotus de Gunnar Nilsson. O time chefiado por Colin Chapman estava em crise e Ronnie Peterson, cansado da ruindade do carro, se mudou para a March. Chapman, vendo seu último título conquistado apenas em 1972, chegou a anunciar que, se não vencesse até o final da temporada, abandonaria as corridas. Era ver para quer.
Grid:
1) Regazzoni (Ferrari) – 1.23.099
2) Depailler (Tyrrell) – 1:23.292
3) Hunt (McLaren) – 1:23.420
4) Lauda (Ferrari) – 1:23.647
5) Pryce (Shadow) – 1:23.677
6) Peterson (March) – 1:24.157
7) Jarier (Shadow) – 1:24.163
8) Brambilla (March) – 1:24.168
9) Watson (Penske) – 1:24.170
10) Reutemann (Brabham) – 1:24.265
Chegada:
1) Regazzoni
2) Lauda
3) Depailler
4) Laffite
5) Mass
6) Fittipaldi
1) Regazzoni (Ferrari) – 1.23.099
2) Depailler (Tyrrell) – 1:23.292
3) Hunt (McLaren) – 1:23.420
4) Lauda (Ferrari) – 1:23.647
5) Pryce (Shadow) – 1:23.677
6) Peterson (March) – 1:24.157
7) Jarier (Shadow) – 1:24.163
8) Brambilla (March) – 1:24.168
9) Watson (Penske) – 1:24.170
10) Reutemann (Brabham) – 1:24.265
O dia 28 de março de 1976 estava ensolarado e quente na região de Long Beach, onde uma multidão de mais de 100.000
pessoas lotaram as arquibancadas improvisadas na pista americana. Durante todos os treinos, houve muitos acidentes e pequenas batidas nos muros de concreto, mas a principal preocupação estava na primeira curva. Após uma enorme reta, os pilotos vinham a mais de 250 km/h e teriam que fazer a primeira curva, de 90º, a 35 km/h, exigindo bastante dos freios. E na largada, isso seria bastante complicado. Tentando evitar eventuais problemas na primeira curva, Regazzoni tratou de largar muito bem e todos os pilotos da frente, mesmo embolados, respeitaram a primeira curva da corrida, mas logo atrás não houve tanto cuidado e Brambilla acabou batendo em Reutemann, resultando no abandono de ambos com suas suspensões quebradas.
Apesar da boa velocidade da Tyrrell nos treinos, Depailler não tinha ritmo para acompanhar as Ferraris e enquanto Regazzoni disparava na frente, Lauda tentava se livrar do francês. Isso só ocorreu na quarta volta e Hunt tentou seguir a manobra do austríaco, no hai
rpin, mas Depailler fechou a porta do inglês, tirando o representante da McLaren da prova. Mesmo não tendo se adaptado muito bem ao circuito, James Hunt ficou irado com Depailler e toda vez que o francês passava, o inglês acenava com os braços, quase o chamando para uma briga. Hunt e Depailler nunca mais se deram bem após esse incidente e ainda haveria mais. Mais atrás, outro incidente envolvia Emerson Fittipaldi. Hans-Joachim Stuck cultivava uma fama de ser um piloto agressivo demais e o brasileiro, que largaria bem à frente do alemão, pediu ao projetista da Copersucar, Ricardo Divila, ir conversar com Stuck e pedir calma ao piloto da March. Não adiantou muito. Ainda na terceira volta, Stuck tentou uma ultrapassagem otimista sobre o brasileiro e acabou fazendo Emerson rodar, além de quebrar a suspensão do seu March. Fittipaldi voltou em último, mas não era o único brasileiro em apuros. José Carlos Pace teve problemas em todo o final de semana e não conseguia sair do pelotão intermediário. Seu acelerador não ia até o fim por algum motivo. Ele foi aos boxes e descobriu que o mesmo mecânico que havia deixado um molho de chaves debaixo do acelerador do Moco na África do Sul, agora havia deixado uma chave de fenda debaixo do acelerador. Pace ficou louco da vida e o pobre mecânico acabou demitido no dia seguinte...
Enquanto Regazzoni passeava na ponta e Lauda parecia conformado com a 2º posição, atrás dele a briga pela 3º posição ainda se desenrolava. Logo após o toque com Hunt, Depailler acaba rodando e perde várias
posições, elevando seu companheiro de equipe, Jody Scheckter, ao 3º posto, a uma distância segura de Lauda. O sul-africano havia largado apenas em 11º, mas seguindo os conselhos de Bobby Unser, para ser mais suave nas reacelerações, Scheckter ganhava posições durante a prova, mas por volta da 20º passagem, um vazamento de combustível fazia com que o piloto da Tyrrell estivesse sentado numa banheira de gasolina. Na volta 34, um braço de suspensão quebra no Tyrrell e Scheckter passa reto, batendo no muro. Para espanto dos americanos, Schecker começa um strip-tease e fica apenas de capacete e cuecas, pois a gasolina estava queimando sua pele. Depois da prova, Scheckter recebeu um convite de um night-club local para fazer strip por 500 dólares...
Após sua rodada, Depailler imprimi um ritmo muito forte e na forte freada do final da reta, o francês foi recuperando posições, em manobras com direito a muita borracha queimada. Com a saída de Scheckter, Depailler assumiu o 3º lugar e depois da prova teve que se esconder de Hunt, que queria acertar as contas do acidente no início da prova. Ainda na 15º volta, Mario Andretti abandonou a corrida e a repórter perguntou sobre o fim da equipe Parnelli. O americano ficou estupefato com a notícia que acabava de saber e no dia seguinte, se encontrou com Colin Chapman, que necessitava de um piloto para o lugar de Peterson. Chapman brincou dizendo que Andretti estava desempregado e podia pagar qualquer coisa a ele, enquanto o am
ericano retrucou dizendo que a dirigibilidade do novo Lotus era pior do que o ônibus de dois andares em Londres. Andretti correria para Chapman nos próximos quatro anos, iniciando uma bela parceria. Isso seria no futuro, pois no presente Long Beach viu sua corrida inaugural com uma dobradinha da Ferrari e Regazzoni voltando às vitórias em grande estilo. Outras duas equipes comemoraram bastante naquele dia. Jacques Laffite levou o pesado Ligier ao 4º lugar após também fazer arrojadas ultrapassagens no final da reta dos boxes depois de largar em 12º. Nas voltas finais, Emerson Fittipaldi vinha em 7º, mas com Jean-Pierre Jarier com problemas de alimentação faltando duas voltas, o brasileiro realizou a ultrapassagem e conseguiu o primeiro ponto da Copersucar. Era uma pequena alegria em meio a muito sofrimento...
1) Regazzoni
2) Lauda
3) Depailler
4) Laffite
5) Mass
6) Fittipaldi
Nenhum comentário:
Postar um comentário