Onde teria chegado Ricardo Rodríguez? Essa pergunta ainda martela quem acompanha e estuda a história do automobilismo. O mexicano tinha todos os recordes de precocidade num tempo em que os pilotos de F1 e de Endurance, principais categorias da época, muitas vezes chegavam ao seu auge com mais de trinta anos. Porém, Rodríguez não apenas batia recordes de precocidade, como também brilhava intensamente e se fosse vivo, o jovem Ricardo, que estreou há sessenta anos atrás nas corridas, hoje seria um senhor de 75 anos de idade.
Ricardo Valentín Rodríguez de la Vega nasceu na cidade do México no dia 14 de fevereiro de 1942, numa família com boas condições financeiras e de vários esportistas. O primeiro esporte de Ricardo foi o ciclismo, onde se tornou campeão rapidamente, mas logo o adolescente mexicano estava em cima de motos, se destacando pela rapidez com que conseguia se adaptar. Seu pai, Pedro, via com muito entusiasmo a evolução esportiva do seu filho e com apenas 15 anos, Ricardo estreou no automobilismo. Com tamanho talento, Rodríguez não ficou correndo apenas no seu país e ainda em 1957 ele correu na famosa pista de Riverside, onde com um Porsche RS, venceu em sua categoria, deixando a todos estupefatos.
Seu pai era o seu principal incentivador, juntamente com seu irmão dois anos mais velho, Pedro Rodríguez, Ricardo já chamava a atenção a ponto de correr na famosa equipe NART, representante da Ferrari nos Estados Unidos. Em 1958 Ricardo chegou a se inscrever nas 24 Horas de Le Mans, mas por ter apenas 16 anos, foi impedido de correr. O mexicano voltou no ano seguinte e em 1960, em sua terceira vez em Sarthe, conseguiu um segundo lugar, sendo até hoje o mais jovem a subir ao pódio em Le Mans. As conexões da NART com a Ferrari levaram Ricardo Rodríguez à Scuderia. Junto com sua esposa e o amigo Jo Ramírez, Ricardo estreou pela equipe Ferrari de F1 em 1961 de forma impressionante. Sendo o primeiro piloto a correr de F1 com menos de 20 anos, Rodríguez simplesmente conseguiu um lugar na primeira fila em Monza!
Mesmo quebrando durante a trágica corrida italiana, todos enxergavam Ricardo Rodríguez num campeão em potencial. Mesmo tendo contrato com a Ferrari para 1962, os italianos resolveram preservar o seu diamante bruto, fazendo-o escapar da péssima temporada que a Ferrari teve naquele ano, mas nas corridas em que esteve presente, Rodríguez impressionou. Foi quarto na perigosa pista de Spa e debaixo de muita chuva em Nürburgring, Ricardo arrancou um excelente sexto lugar. Rodríguez ainda venceu a tradicional Targa Florio de 1962. Já no final da temporada, seria realizado o primeiro Grande Prêmio do México e logicamente Ricardo seria a maior estrela da competição. Porém, havia um problema. Como não era um evento oficial, a Ferrari resolveu não participar da corrida fora do campeonato, mas Ricardo Rodríguez não poderia ficar de fora. Seu pai, um dos organizadores da corrida, consegue um acordo com os italianos e Rodríguez é inscrito na equipe de Rob Walker. Correndo pela primeira vez com um Lotus, Rodríguez testou bastante na ondulada pista de sua cidade natal. Na entrada da curva Peraltada, a suspensão da Lotus quebrou e Ricardo se espatifou no muro de pneus. O mexicano teve morte imediata.
O México inteiro ficou consternado e a Ferrari, até hoje, mantém um memorial para Ricardo Rodriguez que, com 20 anos de idade, foi o piloto mais jovem a morrer até hoje na história da F1. Seu irmão Pedro demorou a engrenar na carreira, mas conseguiu sucesso nas corridas, principalmente no Endurance, porém Pedro também faleceria numa corrida em Norisring, em 1971. Em homenagem aos dois, o Autódromo da Cidade do México passaria a ser chamar Autodromo Hermanos Rodríguez. Numa comparação até clichê, Ricardo Rodríguez causou nos anos 1960 o mesmo impacto que Max Verstappen está causando hoje na F1, mas para azar do mexicano, isso aconteceu numa época bem mais perigosa do automobilismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário