Há uma lenda que diz, mudando radicalmente o regulamento da F1, a equipe dominadora de antes se perde e não vence mais. Porém, a Mercedes mostrou que esses tabus estão aí para serem quebrados e com organização, investimento e talento, o time das três pontas ainda se mantém na ponta em 2017, mesmo que o domínio mostrado nos últimos tempos não está tão claro assim. A Ferrari de Vettel se meteu entre os dois carros prateados e largará ao lado do pole Hamilton amanhã em Melbourne, enquanto Bottas terá que se conformar com a terceira posição, numa classificação que mostrou muita coisa do que será essa temporada.
Com a saída da Manor, a noção de quem tem o pior carro ficou mais difícil. Na verdade, após as três equipes grandes, há uma briga de foice no escuro envolvendo as demais equipes e nos treinos de hoje, foi comum uma grande diferença entre pilotos da mesma equipe. O péssimo Jolyon Palmer, que bateu durante os treinos livres, foi o último colocado, enquanto Nico Hulkenberg arrancava um ótimo quinto lugar no Q1. O novato Lance Stroll bateu no terceiro treino livre e com o carro ficando pronto às pressas, foi outro que ficou pelo caminho no Q1, bem longe de Felipe Massa. Magnussen foi outro que tomou muito tempo do seu companheiro de equipe, Grosjean. A McLaren não sofreu como o esperado após uma pré-temporada próxima do ridículo, mas Alonso não tem muito o que comemorar o fato do carro não ter quebrado, pois a velocidade não estava lá. E Vandoorne teve problemas no Q1 e ficou pelo caminho.
O Q2 viu a saída surpreendente da Force India e seu carro róseo, mas a diferença entre o sétimo e o décimo quinto foi relativamente pequena. Talvez Sauber e McLaren não tivessem condições de ir ao Q3, mas as demais equipes sim. Do pelotão intermediário, apenas a Toro Rosso levou seus dois carros ao Q3, com Sainz e Kvyat andando relativamente próximos. Hulkenberg e seu belo Renault também ficou pelo caminho. Grosjean, numa belíssima volta, foi o melhor do resto e se havia a expectativa da Williams brigar por pódios, é bom rever alguns conceitos. A diferença as equipes de ponta e o pelotão intermediário foi um verdadeiro abismo!
E até mesmo entre as equipes grandes há diferenças. A Red Bull não conseguiu andar no ritmo dos ponteiros, ficando mais de 1s atrás da Mercedes. Daniel Ricciardo não começou bem o ano ao rodar no Q3 antes de marcar tempo e ter que largar em décimo amanhã, além de trazer a única bandeira vermelha do dia. Raikkonen, dono do tempo mais rápido da pré-temporada, decepcionou ao não acompanhar Vettel e ficou isolado em quarto o tempo inteiro. Bottas sempre era o primeiro a marcar tempos e era superado por Hamilton com alguma facilidade. Tanta, que o finlandês foi também superado por Vettel, que disse que errou aqui e ali, mas que não brigaria pela pole. Normalmente um piloto só tem seu valor reconhecido quando sai de cena. Talvez veremos a falta que Nico Rosberg fará quando Hamilton começar a fazer rotina seus passeios em cima de Bottas, que pareceu incapaz de acompanhar o ritmo do inglês. Porém, a Mercedes não poderá ter uma atitude tão cautelosa como no ano passado, pois Vettel se encontra apenas dois décimos atrás e qualquer cochilo, pode superar a Mercedes.
Havia uma expectativa de chuva e apesar de algumas gotas no Q3, a pista estava seca. A saída da equipe de Bernie Ecclestone das transmissões tornou a cobertura da TV confusa, com vários erros de caracteres e o acompanhamento das voltas até mesmo complicado. Voltando à pista, algumas respostas foram dadas, mesmo que não sejam definitivas, pois Melbourne é um circuito de rua e, portanto, diferente da maioria das pistas do ano. Os carros estão definitivamente mais rápidos e bonitos, mas o domínio da Mercedes continua. Só que a Ferrari está nos calcanhares dos alemães, prontos para aproveitar qualquer vacilo (e Hamilton vacilou muito ano passado) para vencer.
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