quinta-feira, 2 de março de 2017

Gabriele

A comparação pode até mesmo ofender muita gente, mas é inevitável, até por requisitos físicos. Baixinhos e carecas, Roberto Moreno e o nosso personagem de hoje, Gabriele Tarquini, também eram conhecidos por ter talento, mas sempre terem nas mãos carros bem aquém da velocidade deles. Mas se Moreno ainda conseguiu um pódio na F1 e relativo sucesso na Indy, Tarquini tem o recorde duvidoso de maior número de não-classificações na história, mas encontrou o seu lugar nas corridas de turismo, algo que faz até hoje, completando 55 anos de idade.

Gabriele Tarquini nasceu no dia 2 de março de 1962 na cidade de Giulianova. Aos 14 anos, o pequeno (literalmente) Taquini começou sua carreira no kart, onde teve uma passagem bem longa, conquistando vários títulos em seu país, além de um Europeu. Aos 21 anos Gabriele pulou para a F3 Italiana, onde ficou por duas temporadas, onde não conquistou o título, mas mostrando talento para dar o passo seguinte, estreando na F3000 em 1985. A categoria fazia a sua estreia, substituindo a F2. Correndo pela equipe Sanremo, Tarquini consegue um bom sexto lugar, incluindo um pódio no Estoril, mas Gabriele acaba decepcionando em sua segunda temporada, tendo vários abandonos pela equipe Coloni. Tarquini tem uma terceira temporada na F3000 pela equipe First que se provou ainda pior, mas o italiano ainda conseguiria seu melhor resultado na sua passagem pela categoria com um segundo lugar em Ímola. As passagens por Coloni e First renderia dividendos para Tarquini, mesmo que duvidosos.

A Osella estreava na F1 em 1987, mesmo em condições precárias financeiramente. Apenas um carro era inscrito para Alex Caffi, mas correndo em casa, em Ímola o time inscreve um segundo carro e Tarquini estreia na F1, abandonando quando estava em último. Tarquini não tinha feito uma passagem assombrosa nas principais categorias de base europeia, mas se mostrava bastante confiável para os chefes de equipe, particularmente os italianos. Gabriele faria sua primeira temporada completa na F1 em 1988 por sua antiga equipe na F3000, a Coloni, que também estreava na F1. Com dificuldades financeiras e ainda aprendendo na F1, a Coloni pouco podia fazer por Tarquini, que começava a se acostumar com as não-classificações. No Canadá, o italiano conseguiria um excelente oitavo lugar. Para 1989, Tarquini é contratado por outra antiga equipe sua na F3000, a First. Porém, mesmo tendo projetado e construído o carro, o dinheiro da First acabou ainda antes da temporada e parecia que Tarquini ficaria à pé, mas quando a tragédia se abateu sobre Phillipe Streiff nos testes de pré-temporada em Jacarepaguá, o time francês AGS contratou Tarquini. As primeiras corridas do italiano são promissoras, recebendo a bandeirada próximos dos pontos duas vezes nas três primeiras corridas do ano. Em Mônaco, Gabriele estava na zona de pontos, quando teve problemas elétricos já nas últimas voltas da prova. Contudo, na sua quarta corrida de 1989, no México, Tarquini leva o seu AGS ao sexto lugar, marcando o que seria seu único ponto na carreira.

Após outra boa exibição em Montreal, quando foi colocado para fora da pista por Arnoux, Tarquini sofreria com a falta de desenvolvimento do seu carro e por caído na famosa pré-classificação, onde os carros inscritos com menos pontuação nos últimos seis meses participariam de um treino onde apenas quatro  mais rápidos iriam para a classificação final. Alguns carros rápidos, como a Onyx e a Larousse participavam dessa sessão e Tarquini, mesmo em sua melhor fase na F1, não conseguiria largar mais largar em nenhuma corrida até o final de 1989. O italiano havia deixado uma boa impressão e permanece na AGS em 1990, mas a equipe demora a apresentar o novo carro e com apenas um ponto conquistado por Tarquini em Mônaco, o time passou a maior parte da temporada falhando em conseguir se classificar nas corridas. Tarquini só conseguiria largar quatro vezes e não viu a bandeirada em nenhuma delas. Após ficar tantas corridas de fora, a AGS quase entra em colapso em 1991, mas sobrevive e como o número de carros cai muito, a pré-classificação não era mais necessária, o que era um alívio para o time e Tarquini. Aproveitando os vários abandonos da corrida, Gabriele consegue um bom oitavo lugar na corrida de abertura em Phoenix, mas correndo praticamente com o mesmo carro por dois anos, a AGS vai definhando até acabar no final de 1991. Tarquini não conseguia se classificar, mas ainda em 1991 é contratado por Gabriele Rumi para correr pela Fondmetal. O carro não deixava de ser um fecha-grid, mas era bem melhor do que o AGS. Em 1992, Tarquini conseguiu levar seu Fondmetal próximo do top-10 no grid em algumas oportunidades, mas a confiabilidade do carro era terrível, fazendo o italiano ver a bandeirada apenas uma vez. Quando já estava envolvido em outras disciplinas, Tarquini conseguiu um lugar como piloto de testes da Tyrrell em 1995, quando já tinha 33 anos de idade. O pouco financiamento da tradicional equipe fazia o lugar de Tarquini uma mera formalidade e quando o italiano precisou substituir Ukyo Katayama no Grande Prêmio da Europa, Tarquini estava tão desacostumado com o carro, que terminou em último, mais de seis voltas atrás do vencedor Schumacher. Essa seria a última corrida de Gabriele Tarquini na F1. Foram 38 corridas, um ponto e quarenta não-classificações, um recorde que dificilmente será batido.

Como falado anteriormente, após a má experiência com a Fondmetal, Tarquini procurou outras disciplinas de corridas e em 1994 estreou na equipe oficial da Alfa Romeo no tradicional campeonato BTCC, uma das categorias mais legais dos anos 1990. E Tarquini não fez feio, conseguindo o que seria finalmente o seu primeiro título na carreira. Que se mostraria longe de terminar. Se especializando nas categorias de turismo, participando ativamente dos campeonatos nacionais de Superturismo, Tarquini se manteve bem ocupado e fazendo sucesso correndo na Inglaterra, Bélgica e Itália por Alfa e Honda. Quando a FIA organiza o ETCC, Tarquini vence o campeonato de 2003 pela equipe oficial da Alfa Romeo. Já com o certame conhecido como WTCC, Gabriele se mudaria para a Seat em 2005, se tornando campeão em 2009. Aos 47 anos de idade, Gabriele Tarquini se tornava o mais velho campeão de um campeonato mundial sancionado pela FIA. Tarquini correria pela Seat até 2012, se mudando para a Honda em 2013 e ano passado correu pela Lada. Aos 55 anos, Gabriele Tarquini ainda se acha jovem o suficiente para acelerar!

Parabéns!
Gabriele Tarquini

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