domingo, 8 de agosto de 2021

Dia do barbeiro

 


A F1 recebe muitas críticas por causa de suas novas pistas, que mais parecem palácios luxuosos e que custam praticamente o mesmo para construir um. Porém, a F1 não sofre com os problemas que a Indy enfrentou em uma nova paisagem nesse final de semana. Nashville fora anunciado já faz algum tempo como uma pista de rua que lembraria até mesmo Monte Carlo. Construída ao lado do estádio do Teneesee Titans, a nova pista passaria pela ponte dos Veteranos de Guerra da Coreia, além de trechos sinuosos entre eles. O que se viu na verdade foi uma mistura de pula-pula com as ridículas pistas da F-E. A pista era extremamente ondulada, com os pilotos reclamando que suas mãos escapavam do volante, principalmente no rápido trecho da ponte. Voos nas quatro todas não eram raros! A parte sinuosa era tão estreita e lenta, que os pilotos colocavam a primeira marcha. O resultado disso tudo foi uma corrida bizarra, onde o vencedor era considerado o barbeiro do dia nas primeiras voltas.

Marcus Ericsson saiu da F1 com fama de piloto-pagante e sem maiores ambições, quando se transferiu para a Indy. Correndo em seu segundo ano na Ganassi, o sueco conseguiu sua primeira vitória em condições sortudas em Detroit, mas de resto Ericsson fazia uma temporada abaixo dos seus companheiros de equipe Dixon e Palou, que estão na briga pelo título. Logo na primeira relargada, Ericsson lembrou seus tempos de piloto fraco da F1 ao acertar a traseira de Sebastien Bourdais e literalmente passar por cima do carro do francês, num erro absurdo para um piloto de uma categoria do nível da Indy. Bourdais não economizou nos adjetivos poucos elogiosos para Ericsson, que teve seu carro consertado pela Ganassi e retornou à corrida nas últimas posições. 

No entanto, a corrida em Nashville foi daquelas inesquecíveis pelos seguidos incidentes que iam trancando a prova. Foram simplesmente nove bandeiras amarelas e duas vermelhas, transformando uma prova que terminaria por voltas das 18h30 hora local, para terminar no limiar do pôr do sol, no caso, às 20h. Foi um show de horrores numa pista tosca e completamente desnecessária para a Indy, lembrando a horrorosa pista de Baltimore, de lembranças não muito agradáveis para a categoria. Claro que essa quantidade excessiva de bandeiras amarelas transformou os estrategistas em grandes protagonistas, onde a posição do piloto poderia mudar de acordo com uma bandeira amarela na hora certa ou não. Porém, o piloto mais rápido no Teneesee era claro. Colton Herta liderou todos os treinos, largou na pole e liderou o maior número de voltas. Mesmo a pista sendo de ultrapassagens complicadas, Herta sempre achava espaço quando se encontrava no meio do pelotão, tamanha era a vantagem que seu carro tinha sobre os demais. Porém, no último stint de corrida, até mais livre dessa vez, Herta relargou em sexto, ultrapassou a McLaren de Rosenqvist, seus companheiros de equipe Hinchcliffe e Hunter-Reay, além da lenda viva Scott Dixon. Porém, ainda faltava... Ericsson! 

Isso mesmo! Depois de fazer uma barbeiragem no começo da prova, Ericsson viu sua estratégia funcionar e liderava as últimas voltas em Nashville, mas Herta se aproximava rapidamente, dando pinta que despacharia facilmente o sueco como fizeram com os demais. Como a corrida foi muito truncada, Ericsson tinha vários segundos de push-to-pass e segurou Herta sem maiores problemas, talvez enervando o piloto da Andretti. Talvez ao ponto de fazer Herta errar sozinho e estatelar seu carro no muro, praticamente entregando a vitória para Ericsson. Num circuito bizarro, uma vitória bizarra! 

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