domingo, 8 de agosto de 2021

Mais um talento espanhol

 


Nos anos 1980 parecia que havia uma fábrica de pilotos de moto nos Estados Unidos, onde a cada temporada surgiu um excelente piloto ianque para marcar o Mundial de Motovelocidade. Vinte anos depois e essa fábrica parece ter sido transferida para a Espanha. Fanáticos por corrida de motos, os espanhóis resolveram não ficar apenas na torcida e desenvolveram seu campeonato nacional, o tornando o mais forte do mundo, além de criar vários programas para descobrir e desenvolver jovens pilotos. O resultado disso foi um grid cada vez mais espanhol nos últimos tempos, além do surgimento de legendas como Alex Crivillé, Dani Pedrosa, Jorge Lorenzo e finalmente Marc Márquez, provavelmente o melhor de todos os grandes pilotos espanhóis. Ainda no vácuo desse desenvolvimento, Jorge Martin já tinha mostrado um talento impressionante nas categorias de baixo do Mundial e chegou à MotoGP nesse ano com grande expectativa. Alguns acidentes o atrapalharam, sem contar a Covid, mas Martin conseguiu demonstrar que pode se tornar no futuro um sucessor dos gigantes espanhóis com uma vitória categórica no perigoso circuito de Red Bull Ring.

Desde que entrou no calendário da MotoGP por causa de um grande lobby da Red Bull, a pista austríaca vem sendo sempre criticada por sua falta de segurança. Apesar de funcionar perfeitamente para a F1, a alta velocidade do circuito e os muros próximos tornam o circuito de Red Bull Ring a mais perigosa do calendário e quase impraticável para as motos, como ocorre com Interlagos. Hoje mais uma vez Red Bull Ring viu um acidente perigoso, quando o wild-card Dani Pedrosa escorregou na traiçoeira curva 3 e foi atingido em cheio por Lorenzo Savadori, causando um grande incêndio e paralisando a prova. Essa mesma curva 3 que quase causou uma tragédia ano passado e causou outro potencial acidente grave nesse domingo. Felizmente todos os envolvidos estão bem. 

Largando na pole, Martin dominou a prova do início ao fim, sempre perseguido pelo compatriota Joan Mir, da Suzuki. Mesmo correndo com uma moto satélite e estando em sua primeira temporada, Martin correu na ponta com muita naturalidade, não dando chances ao campeão reinante da MotoGP para vencer logo em sua sétima corrida na MotoGP, já que ele ficou algumas provas de molho por causa de um grave acidente em Portimão. Incrivelmente os pilotos da Pramac Ducati estão bem melhores do que os representantes da equipe oficial. Mais uma vez Miller se empolgou e caiu sozinho quando lutava pelo terceiro lugar com Quartararo, enquanto Bagnaia largou mal, lutou até o fim, mas acabou punido e saiu do top-10 na bandeirada. Johan Zarco viu seu companheiro vencer, algo que o francês ainda não fez na MotoGP mesmo já estando alguns anos na categoria, mas o francês vai se mantendo na vice-liderança do campeonato baseado na regularidade, mesmo que tenha perdido duas posições na volta final. Porém, Zarco precisa de vitórias, se quiser lutar mesmo pelo título. Sabendo que a pista localizada na Estíria não seria favorável para a Yamaha, Quartararo claramente correu pensando no campeonato e completou o pódio, mas como Zarco foi apenas sexto, ele aumentou sua vantagem no campeonato. Por sinal, tudo ocorre com seu companheiro de equipe Maverick Viñales. De saída da Yamaha, Viñales viu sua moto não pegar na segunda largada, foi punido pelos famigerados 'track limits' e terminou fora dos pontos. Destaque para Pedrosa, que pegou a moto reserva para terminar entre os dez primeiros, depois de dois anos fora da MotoGP.

Na sua primeira corrida após anunciar sua aposentadoria no final dessa temporada, Rossi fez outra corrida medíocre e terminou apenas em 13º. Existe uma foto de Valentino com Jorge Martin ainda garotinho. Mais uma vez Vale viu uma criança que o admirava vencer na MotoGP.

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