domingo, 30 de novembro de 2014

Se você é jovem ainda...

Enquanto dava entrevistas após a corrida, percebi cabelos brancos em Rubens Barrichello, mas a força do hábito ainda faz com que ele ainda seja chamado de 'Rubinho'. Só que o tempo passa, e Rubinho já conta com 42 anos e 23 anos após seu título da F3 Inglesa, onde derrotou David Coulthard e Gil de Ferran na ocasião, Rubens Barrichello sentiu novamente o gostinho do título com uma corrida extremamente tática em Curitiba.

Líder do campeonato com certa vantagem sobre Átila Abreu, seu mais próximo perseguidor, Barrichello conseguiu uma enorme vantagem quando conseguiu a pole e pôde, mesmo com um problema no início da corrida, onde um vazamento de óleo fez com que alguns pilotos rodassem, além do próprio Barrichello chegando a perder o prumo do seu Stock no local, controlar a corrida e o campeonato. Mesmo perdendo a liderança da corrida, Rubens só precisava marcar Abreu, que estava logo à sua frente na prova vencida por Daniel Serra. Barrichello ainda tinha seu companheiro de equipe Alan Khodair como escudo e fazendo uma prova com o regulamento debaixo do braço, voltou a vencer um campeonato com um terceiro lugar.

A Stock continua com seus vários toques e pilotos superdimensionados, mas nada pode tirar o mérito da conquista de Barrichello, que conseguiu duas vitórias no ano, incluindo a Corrida do Milhão, e se manteve sempre no pelotão da frente, amealhando pontos importantes que o deixaram com a faca e o queijo na mão na corrida final. Sua equipe, a Full Time, acabou com a hegemonia das equipes de Andrea Mattheis e Rosinei Campos, que já durava dez anos, e deu a Barrichello um carro competitivo a ponto do brasileiro ter acabado com seu longo jejum e mostrar, logo em sua segunda temporada completa, que mesmo tendo alguns cabelos brancos, Rubens Barrichello ainda é jovem suficiente para ser campeão.

sábado, 29 de novembro de 2014

El niño matador

Jean-Eric Vergne havia dado a dica no começo da semana, quando anunciou que estará fora da Toro Rosso em 2015. Já há quem fale do francês na Indy no próximo ano. Carlos Sainz Jr ficou irritado quando Max Verstappen foi escolhido como piloto da Toro Rosso em 2015, pois na hierarquia do programa de jovens pilotos da Red Bull, o espanhol era o primeiro da fila para assumir um carro na Toro Rosso, enquanto o holandês já foi furando fila e pulando direto da F1, com apenas 17 anos.

Porém, o mercado da F1 deu algumas voltas surpreendentes e com a saída de Vettel da Red Bull, Daniil Kvyat foi pinçado da Toro Rosso para a equipe-sede, abrindo espaço para um lugar na Toro Rosso ano que vem. Com a evidente jovialidade de Verstappen, muito se especulou que Vergne poderia ficar numa inédita terceira temporada consecutiva na Toro Rosso, meio que tutelando Verstappen, mas Sainz Jr fez pressão em cima da Red Bull, com o apoio do pai famoso, mostrando seus vários títulos nas categorias de base, em especial ao campeonato da World Series 3.5, vencida pelo espanhol em 2014. 

Sainz Jr foi anunciado nesta sexta-feira na Toro Rosso e com apenas 20 anos, irá formar com Max a dupla mais jovem da história da F1. Porém, se Max Verstappen é visto como um fenômeno desde o kart, Sainz Jr tem lá seu talento, mas é mais conhecido pelo sobrenome famoso, pois é filho de Carlos Sainz, lenda do WRC, e conhecido como 'El Matador'. Por coincidência, Sainz Sr tinha como uma das marcas registradas a bandeira espanhola com um touro negro ao fundo. E seu filho começará numa equipe que tem um touro como nome...

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Pi, pi, pi, pi...

Quando somos crianças, sempre pensamos que quando crescermos nossos gostos irão mudar. Que não iremos mais ver desenhos, comer bolacha recheada e jogar videogame quando crescer. Que iremos gostar de outras coisas mais importantes e 'adultas', deixando o lado criança, literalmente, de lado. Porém, quando a idade vem, experimentamos várias coisas boas e até mesmo os cabelos brancos começam a brotar, percebemos que o nosso lado criança nunca acaba. Me lembro que quando trabalhei numa indústria alimentícia, tacava-lhe o pau no biscoito recheado. Dois anos atrás comprei um Playstation 3 e acompanho os novos lançamentos. E nunca deixei de assistir o Chaves.

Para quem não sabe, perdi meu avô e meu pai num espaço de um ano e meio e até agora sinto muito o baque. Pensei também que após tantas perdas em tão pouco tempo, nenhuma morte de algum famoso me sensibilizaria, mas veio a morte de Luciano do Valle para me trair. Senti demais o falecimento do narrador que tanto acompanhei quando criança. É isso. As lembranças que marcam a nossa infância calam mais fundo na gente e por isso, a morte de Roberto Bolaños, o famoso Chaves, está sendo muito dolorida não apenas por mim, mas pela comoção nas redes sociais, também para muita gente.

O cenário do Chaves era tão tosco, os episódios tão inocentes e os personagens tão simplórios (Seu Madruga, Chiquinha, Quico, Dona Florinda, Bruxa do 71, Professor Girafales, Sr Barriga), que parece que se criou uma espécie de charme para o seriado que mesmo infantil, atravessou gerações a ponto de estar há trinta anos na grade de programação do SBT com relativo sucesso. E pessoas com bem mais de trinta anos continuam a assistir um humor leve, onde sabemos todas as falas, mas conseguimos morrer de rir do mesmo jeito.

Bolaños criou uma série com personagens também cheio de simbologias, onde lições são aprendidas a cada episódio. Aprendemos, também com o Chapolin, várias frases e bordões que para sempre estarão em nossas cabeças. Conhecemos Tangamandapio. Suspeitamos desde o princípio. Ninguém teve paciência com a gente. Fizemos coisas sem querer querendo. E fizemos vários movimentos friamente calculados.

Tudo isso obra de Roberto Bolaños. Ele marcou minha infância e de muitos adultos como eu, assim como adolescentes e crianças de toda a América Latina. Por uma dessas coincidências da vida, o Plantão do SBT anunciando a morte de Bolaños foi durante o episódio do Chaves. Como homenagem, continuei assistindo o episódio onde o seu Madruga, considerado pelo próprio Bolaños como o melhor ator do seriado e que agora está o recebendo no céu (ou lá embaixo, como Ramón Valdés brincava), pensava que estava a ponto de morrer, quando na verdade era preparada sua festa de aniversário surpresa. E ria. Ri muito, como sempre ri enquanto assistia ao Chaves. Mesmo que com lágrimas nos olhos.

Muito obrigado, Roberto Bolaños, pelas risadas, pelas frases de efeito e as lições aprendidas!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Ex-autódromo mais lindo do mundo

Nessa reportagem da revista Placar de 1977, o hoje extinto autódromo de Jacarepaguá recebia suas primeiras corridas cercado de elogios, de problemas que nunca foram resolvidos e com a expectativa de receber a F1 pela primeira vez em poucos meses. É uma viagem no tempo também no automobilismo brasileiro, pois na época haviam pelo menos três categorias de monopostos nacionais. Trinta e sete anos depois...





quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Muito macho

A Lotus adora mesmo fazer consertos de funilaria. Não bastasse Maldonado, agora chamaram dois malucos para bater o recorde de salto... com um caminhão! E usaram o veículo da Lotus, que evidentemente tiveram que fazer uns consertos no caminhão danificado pelo esforço...

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Figura(ABU): Lewis Hamilton

Não poderia ser outro! O inglês da Mercedes tinha a má fama de sucumbir em momentos decisivos, mas na quarta vez em que esteve na briga pelo título na última corrida do ano, Lewis Hamilton provou que o tempo lhe deu o discernimento necessário para poder segurar seus nervos e usar seu enorme talento para derrotar seu 'companheiro' de equipe Nico Rosberg. Como em 2008, Hamilton chegou ao Oriente Médio com uma boa vantagem sobre seu maior rival, o inglês só necessitando de um segundo lugar para ser campeão. Tendo o melhor carro disparado do pelotão, o Mercedes H05 Hybrid tendo batido o recorde de dobradinhas numa única temporada, terminar em segundo parecia ser apenas uma formalidade para Hamilton, mas o desempenho anterior de Lewis em corridas decisivas brotavam dúvidas para quem acompanha a F1, ainda mais com Nico Rosberg levando a pole-position. O alemão não escondia que procuraria atacar o ponto fraco de Hamilton, o psicológico, mas o inglês da Mercedes não caiu nas armadilhas de Nico e conseguiu logo de cara uma largada estupenda, assumindo a ponta facilmente na primeira curva e destruindo boa parte da estratégia armada por Rosberg na corrida. Andando forte, mas sem destruir seu carro ou pneus, Hamilton abria uma confortável vantagem de 3s quando Rosberg começou a ter problemas em seu ERS. Se Nico queria que Hamilton tivesse problemas mecânicos ou se Felipe Massa chegasse em segundo no final da prova, o tiro saiu pela culatra. Rosberg apenas se arrastou até a bandeirada, terminando a corrida e a temporada dignamente, mas o grande nome do dia foi Lewis Hamilton, que resguardou ao máximo seu carro e só apertou um pouco mais quando Felipe Massa, fazendo uma ótima corrida e podendo facilmente estar nessa parte da coluna, se aproximou. Vencendo pela décima primeira vez no ano, Lewis Hamilton foi um digno vencedor do campeonato de 2014, superando várias dos seus fantasmas e um rival ardiloso, que se era mais lento do que ele, era mais inteligente. Parabéns ao novo bicampeão Lewis Hamilton! 

Figurão(ABU): Ferrari

Cinco anos atrás, a Ferrari saiu de Abu Dhabi com Kimi Raikkonen conseguindo apenas uma 12º posição e Giancarlo Fisichella, substituindo o contundido Felipe Massa, em 16º, uma volta atrás. Tinha sido um ano terrível para a Ferrari, com um carro ruim, a não adaptação aos novos regulamentos, a falta de motivação de Kimi Raikkonen e o quase fatal acidente de Felipe Massa. Porém, a expectativa para 2010 era muito boa com a chegada de Fernando Alonso e aquela péssima prova em Abu Dhabi em 2009 estava mais para uma ressaca de um ano ruim. Cinco anos se passaram e a esperada passagem de Alonso na Ferrari não foi a esperada e nenhum título foi conquistado. O espanhol saiu da Ferrari com apenas um nono lugar no mesmo circuito de Abu Dhabi, com Kimi Raikkonen, a grande decepção desse ano, logo atrás, ambos pouco menos de 90s atrás do vencedor e bicampeão Lewis Hamilton. Assim como em 2009, haverá uma mudança de pilotos para a temporada seguinte, com a chegada de Sebastian Vettel e a saída de Alonso, mas a expectativa para 2015 não é tão brilhante como há cinco anos atrás. A diferença entre Mercedes e Ferrari, principalmente o motor, foi gritante e com o congelamento do desenvolvimento dos motores, essa desvantagem tende a ficar no mesmo estágio. A passagem de Alonso trouxe graves problemas políticos dentro do seio da Ferrari a ponto de causar, em um único ano, a saída do quase eterno presidente Luca di Montezemolo, e de dois chefes de equipe. O terceiro, Maurizio Arrivabene, foi vice-presidente de marketing da Philip Morris, significando que o italiano não tem um histórico de pista, assim como o seu antecessor, o breve Marco Mattiacci. Se na saída de Michael Schumacher houve uma certa calmaria pelos lados de Maranello, a saída de Alonso deixou um verdadeiro caos gerencial para Arrivabene consertar, tendo ainda que a Ferrari fazer um bom carro para o próximo ano, algo que faz tempo que não consegue, além de um motor minimamente decente e capaz de brigar com a Mercedes. Será que Sebastian Vettel tem noção do bucho em que está se metendo?

domingo, 23 de novembro de 2014

Com o selo real

A pontuação dobrada foi utilizada pela primeira e, talvez, única vez esse ano devido à polêmica entre os fãs da F1. Mais especificamente esse ano, como poderia se explicar um piloto com pouco mais da metade de vitórias do rival pelo título derrotar um piloto com dez triunfos no ano? Por isso, a torcida estava toda para Lewis Hamilton, que além disso, tem um estilo de pilotagem agressivo e que, literalmente, levanta a torcida. Piloto extremamente talentoso e agressivo, Lewis Hamilton garantiu o seu bicampeonato de forma mais tranquila do que o esperado, conseguindo sua 11º vitória no ano e desempatando com Fernando Alonso como o segundo piloto mais vitorioso em atividade, além de ser o britânico com mais vitória na história da F1 e se tornando uma lenda britânica, como foi enfatizado pelo príncipe Harry, presente no Grande Prêmio de Abu Dhabi e convidado a dizer algumas palavras à Hamilton após a bandeirada.

Como diz a famosa Lei de Murphy, quando é para dar errado, dá tudo errado mesmo. O calvário de Nico Rosberg começou na largada, quando o alemão por muito pouco não perdia a segunda posição para um inspirado Felipe Massa. Agora podendo ditar o ritmo da corrida, Hamilton rapidamente disparou à frente e acabou com a estratégia de Rosberg, que se largasse bem e mantivesse a vantagem da pole, provavelmente dosaria o seu ritmo para que Hamilton fosse atacado pelo Williams de Massa e tentar garantir o resultado que interessava à Rosberg. Hamilton tinha um bom ritmo, abrindo em torno de 3s para Nico quando o alemão perdeu 3s em uma volta. Nico, que tanto sonhou com um problema no carro do companheiro de equipe, viu sua unidade de potência desenvolver um grave problema que não seria mais consertado. Facilmente ultrapassado por Massa, Nico sofreria até a bandeirada. A câmera ao lado do seu capacete mostrava a feição de desespero de Rosberg, que nada podia fazer com um problema que só piorava ao longo da corrida e quando a vaca já tinha ido para o brejo, a própria Mercedes pediu à Nico encostar seu carro, mas o alemão não queria acabar sua magnífica e surpreendente temporada no box. Ele foi até o fim e recebeu a bandeirada uma volta atrás do seu rival. Na ante-sala do pódio, Nico Rosberg fez questão de cumprimentar Hamilton, mesmo com um sorriso amarelo nos lábios. Nico sabe que perdeu uma chance enorme de conquistar seu primeiro título na F1. O alemão chegou a ter 29 pontos de vantagem sobre Hamilton, um piloto notavelmente melhor do que ele, mas no final o talento de Lewis falou mais alto e Rosberg acabou provando um pouco do veneno que o seu 'companheiro' de equipe sentiu em várias provas nesse ano: o azar. O abandono. Os pontos perdidos. Porém, Nico Rosberg foi um grande rival para Hamilton, mas com o inglês agora ainda mais confiante para 2015, será difícil para o alemão segurar um Lewis ainda mais forte.

A corrida de Lewis Hamilton acabou com os problemas de Nico Rosberg. Preocupado com um problema duplo nos seus carros, como aconteceu em Montreal, a Mercedes pediu que Lewis diminuísse seu ritmo e todos os sistemas do seu carro foram rebaixados para que ele apenas terminasse a prova. A emoção que o Galvão quis transmitir nesse corrida foi mais ilusório, pois Hamilton tinha a corrida totalmente sob controle e como se viu, quando quis aumentar um tiquinho a mais seu ritmo, ele era mais rápido do que Massa. O inglês fez uma prova tranquila rumo a bandeirada e estava claramente emocionado no pódio. Ao contrário do que se espera de um inglês, com toda a sua fleuma e frieza, Lewis Hamilton é um piloto emocional dentro e fora das pistas.

Mesmo com Hamilton cuidando ao máximo do seu carro rumo a consagradora vitória que lhe deu o segundo título, não se pode ignorar a belíssima corrida de Felipe Massa, ainda melhor do que a já brilhante corrida em Interlagos. Vendo seu companheiro de equipe largar ainda pior do que Rosberg, Massa passou a perseguir a Mercedes a uma certa distância, mas Felipe estava lá para capitalizar o problema de Rosberg e aproveitando o cuidado de Hamilton, tentou fazer uma pressão no inglês da Mercedes, na esperança de Lewis não querer muito briga numa eventual disputa pelo primeiro lugar no final da prova. Massa garantiu sua melhor posição no ano e fecha a temporada 2014, que muita gente, inclusive eu, dizia que poderia ser uma passagem final numa claudicante Williams, assim como foi Rubens Barrichello, em alta, com uma esperada vitória podendo acontecer a qualquer momento, com a Williams mantendo esse belo momento de 2014, que viu Bottas largar muito mal, mas conseguir facilmente o terceiro lugar na corrida e garantir um ótimo quarto lugar no Mundial de Pilotos para o finlandês, dando um excelente pódio duplo para a Williams. Daniel Ricciardo mostrou que o potencial da Red Bull em Abu Dhabi era enorme ao sair dos boxes, após a Red Bull ser desclassificada no sábado por problemas técnicos, para um ótimo quarto lugar. O australiano, visto até mesmo com certa desconfiança no começo do ano, começa a mostrar que pode ser uma futura estrela da F1 e o carisma de Ricciardo pode fazê-lo também bastante popular. Vettel fez uma estratégia um pouco diferente de Ricciardo, mas o resultado foi o mesmo: ficou atrás do companheiro de equipe. Seb irá para a Ferrari com a pressão de mostrar que seus quatro títulos, muito merecidos, também teve seu dedo e nem tanto as habilidosas mãos de Adryan Newey no projeto da Red Bull dos últimos anos.

Os zerinhos após a prova de Jenson Button meio que entregam que o inglês pode ter se despedido da F1, o que seria uma enorme pena, mas falarei sobre isso em outro momento. A Force India, mesmo sendo o pior carro com motores Mercedes, colocou seus dois pilotos na zona de pontuação sem maiores problemas, mas com o quinto lugar de Button, se manteve em sexto no Mundial de Construtores, o que não é nada mal. A Ferrari teve outra corrida para esquecer e Alonso viu sua despedida da scuderia, que tanto sonhou estar, apenas em nono lugar, com Raikkonen logo atrás. Cinco anos atrás, a Ferrari fazia uma corrida horrível em Abu Dhabi, mas com grandes expectativas com a chegada de Alonso no ano seguinte. Talvez com Vettel chegando, a Ferrari consiga a motivação suficiente para voltar a brigar pelas vitórias. Daniil Kvyat subiu para quarto no grid, mas o russo terá que melhorar bastante seu ritmo de corrida numa equipe como a Red Bull, pois mais uma vez Kvyat largou bem, mas foi perdendo rendimento com o passar do tempo, com o se abandono não sendo possível saber aonde terminaria o jovem russo, enquanto Vergne, ainda na expectativa se será professor de Max Verstappen ano que vem ou será dispensado, fez uma corrida discreta. A Sauber fechou o ano zerada e mais vez esteve longe de tirar o dedo em 2014, enquanto a Lotus finalizou seu também muito ruim ano com Pastor Maldonado estourando espetacularmente o seu motor. Chegando à Abu Dhabi devido a uma vaquinha virtual, a Caterham fez o que dela se espera, mas o novato Will Stevens, na minha opinião, fez mais do que Marcus Ericsson em dezesseis provas...

E assim termina a temporada 2014 da F1. Um ano histórico que se viu de tudo. Tanto pro lado bom, como pro lado ruim. O novo regulamente viu a saída da Red Bull como equipe dominante para o surgimento da Mercedes com um domínio ainda maior, mas se nos quatro anos anteriores a Red Bull também viu o domínio de Sebastian Vettel, esse ano os dois pilotos da Mercedes trouxeram uma grande emoção para o campeonato devido a surpreendente rivalidade entre eles, lembrando os áureos anos de Senna-Prost em 1988 na McLaren, mesmo que muitos puritanos achem isso uma heresia. Também vimos a F1 entrando numa perigosa espiral de gastos que ainda põe seu futuro em cheque e que praticamente custou duas equipes a menos no pelotão, já que só um milagre do tamanho que o Ceará precisa para subir para a Série A em 2015, para a Caterham correr no ano que vem. O pior, porém, foi a F1 ter que conviver com a morte novamente de perto, com Jules Bianchi ainda lutando pela vida, mas com algumas melhoras em seu quadro na última semana. Contudo, 2014 viu o ressurgimento da Williams como uma equipe de ponta, jovens pilotos como Daniel Ricciardo e Valtteri Bottas surgindo com força para os próximos anos e a Mercedes como a grande equipe de hoje e para os próximos anos, com um ainda mais confiante Lewis Hamilton, agora bicampeão mundial, vindo mais forte do que nunca! Que venha logo março de 2015! 

sábado, 22 de novembro de 2014

Primeira lição

Numa situação onde praticamente apenas a vitória interessa, Nico Rosberg começou o Grande Prêmio de Abu Dhabi fazendo dele o que se espera, conquistando a pole position. E hoje, com larga vantagem sobre Hamilton, que teve uma sessão classificatória nervosa e cheia de travadinhas, mas que ainda garantiu o inglês na cômoda primeira fila, justamente o que ele necessita para ser bicampeão amanhã.

O treino no Oriente Médio foi bem típico de 2014, com a Mercedes garantindo a primeira fila, seguido pela Williams e Red Bull. Se Hamilton foi o mais rápido no Q1 e no Q2, Nico deu o troco no Q3, quando importava, ficando com a pole por quase quatro décimos, algo bastante anormal nessa disputa interna da Mercedes. Mesmo tendo bem menos vitórias do que Hamilton, Rosberg tem mais poles do que o rival em 2014, algo bem interessante, vide a principal característica de Hamilton ser a velocidade pura e Rosberg ser mais comedido. Do mesmo jeito da Mercedes, na Williams Felipe Massa foi constantemente mais rápido do que Bottas, mas na volta final, o finlandês deu o bote fatal e superou mais uma vez o brasileiro. Tudo o que Rosberg quer é uma Williams próxima de Hamilton e pelo menos em ritmo de classificação, foi o que aconteceu. Em sua última corrida na Red Bull, Vettel seguiu sua sina em 2014 ao ser superado pelo seu companheiro de equipe Ricciardo, ocorrendo o contrário de Alonso, que se despede da Ferrari errando em sua volta decisiva no Q3 e ficando atrás de Raikkonen, algo incomum nesse ano, mas mostrando o quão foi a escuderia esse ano, os dois campeões fecharam o Q3. Querendo mostrar serviço para permanecer em 2015, Button superou por muito seu companheiro de equipe Kevin Magnussen e foi ao Q3. Se será decisivo para que o inglês seja companheiro de Alonso na McLaren em 2015, não sabemos. Sinceramente, torço para que Button permaneça na F1 em 2015. Sua pilotagem me agrada e Jenson parece ser uma ótima pessoa.

E amanhã será o grande dia de uma temporada que já considero histórica por bons e maus motivos. A criticada regra da pontuação dobrada fez com que a disputa pelo título seja uma briga mano a mano entre Nico e Lewis. Para Hamilton, basta chegar em segundo para ser campeão, uma tarefa até fácil para o carro que tem, mas bastante tensa para o tenso inglês. Não devemos esquecer que suas disputas de título em 2007 e 2008 foram marcadas por erros e tensões e Hamilton não parece nada tranquilo nesse final de semana, algo que Nico Rosberg deixa transparecer e o alemão também não nega que investira pesado nesse lado tenso de Hamilton. Mesmo Abu Dhabi não sendo uma pista emocionante, amanhã tende a ser uma corrida daquelas históricas!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Panca da semana

A F3 realizou sua tradicional visita nesse final de semana à Macau e sua corrida com ares de Mundial da categoria. Numa época nem tão distante assim, vencer em Macau era quase que uma garantia de conseguir um lugar na F1, mas como as equipes de F1 cada vez mais recrutam seus pilotos no kart, a importância de Macau se tornou mais pela tradição do que pela indicação de uma futura estrela da F1. O circuito da Guia é muito conhecido pela enorme e larga reta dos boxes, mas também pelo aperto do resto do circuito. Juntar jovens pilotos de F3 num circuito com tamanha diferença de característica em poucos metros, pode garantir isso:

domingo, 16 de novembro de 2014

Mata-mata ou pontos corridos?

Durante muitos e muitos anos, o Campeonato Brasileiro de futebol foi disputado com regulamentos estapafúrdios, com grupos, fases e um mata-mata final para definir o campeão do ano. Os críticos reclamavam a cada ano em que o regulamento era mostrado e os nossos cartolas inventavam a cada temporada uma fórmula de campeonato mais esdrúxulo. Foram tantos os exemplos de injustiças ao longo dos anos no futebol nacional, que de 2002 para cá, a fórmula dos pontos corridos foi adotado, imitando o que acontecia em todo o mundo, e após doze anos o Campeonato Brasileiro é vencido pelo time com o maior número de pontos ao longo de 38 rodadas. Simples assim.

A Nascar fez o inverso do futebol daqui. Após anos em que o piloto que marcava mais pontos era o campeão, a categoria americana resolveu trazer os play-offs, depois conhecido como 'Chase'. Para quem não lembra, isso aconteceu pelo título de Matt Kenseth em 2003, quando o piloto da Roush venceu apenas uma corrida ao longo da cansativa temporada de 36 corridas, enquanto haviam pilotos como o oitavo colocado Ryan Newman com oito triunfos ao longo do ano. Para a Nascar, o piloto campeão deveria ser o que tinha o maior número de vitórias do ano e, se possível, garantindo o título na última corrida do ano. E assim as dez últimas corridas da temporada da Sprint Cup eram decisivas para definir o campeão. Porém, desde então a Nascar perdeu completamente a mão do seu novo formato de play-offs, com todo o ano se mudando a fórmula de disputa e talvez se 'inspirando' nos cartolas do futebol brasileiro nas décadas de 70 e 80, tornando a decisão mais complicada de se entender para os torcedores. Em 2014, uma complicadíssima fórmula de disputa trouxe uma espécie de 'quartas-de-final', 'semifinal' e uma super final com quatro pilotos disputando o título na última corrida, onde quem chega na frente, vence o campeonato.

Nesse domingo em Homestead, os quatro postulantes ao títulos eram Kevin Harvick, Danny Hamlin, Joey Logano e Ryan Newman. Os quatro nunca haviam vencido o título da Sprint Cup, com Hamlin tendo ficado mais perto, com o vice-campeonato de 2010. Outro detalhe era que Newman, o grande exemplo de 2003 para que a Nascar mudasse o seu regulamento, chegava à corrida final com... nenhuma vitória! E poderia ser campeão assim! Contudo, numa prova tensa, onde muitas bandeiras amarelas ocorreram justamente nas voltas finais, Kevin Harvick se sagrou campeão pela primeira vez com uma vitória, derrotando justamente Newman na última relargada quando faltavam três voltas. Foi a segunda vitória consecutiva para Harvick e a quinta no ano. O piloto que fará 39 anos no próximo mês esperou catorze anos na Sprint Cup para conquistar seu primeiro campeonato, sendo sempre um piloto de ponta e protagonista de uma das boas histórias do automobilismo. Harvick era o piloto júnior da equipe de Richard Childress em 2001 e cotado como o substituto do ídolo Dale Earnhardt quando esse se aposentasse. Porém, quando o 'Intimidador' morreu na primeira corrida do ano em Daytona, Harvick foi alçado para correr no mesmo carro de Earnhardt, só mudando o mítico 3 para 29, com o qual Harvick correu até o ano passado. Apenas três semanas mais tarde, Harvick venceria em Atlanta com uma diferença mínima, numa das corridas mais emocionantes da história da Nascar. Para quem está habituado à F1, seria o mesmo que David Coulthard, que substituiu Senna após o trágico 1º de maio de 1994, pegasse o carro do brasileiro e vencesse três provas mais tarde...

A Nascar chega ao fim do seu campeonato recheado de problemas com seus pilotos extra-pista (o atropelamento de Tony Stewart que matou um piloto de 20 anos e o caso de agressão à namorada de Kurt Busch) e um regulamento de difícil compreensão para os fãs, que deixou outros 39 pilotos na pista sem motivação nenhuma, pois eles não brigariam por mais nada na prova final, além do que, a Nascar escapou de mais polêmicas nesse final. Na entrevista de pós-corrida, Newman não escondeu que pensou em acertar Harvick nas voltas finais, algo que Newman fez na penúltima etapa em Phoenix para garantir seu lugar entre os quatro postulantes ao título em Homestead. Numa das últimas paradas, Joey Logano, que vinha sempre entre os primeiros, viu o macaco da equipe Penske quebrar e com isso Logano, que fez uma temporada brilhante, viu seu sonho de título acabar devido a um problema totalmente alheio. Foram várias as injustiças devido a esse formato de campeonato que vale a pergunta à Nascar: será que não seria melhor voltar ao velho, bom e confiável sistema de pontos corridos? Porém, Kevin Harvick não tem nada com isso e como ele mesmo falou, não dormirá por uma semana comemorando o seu tão sonhado título!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O estapeado

Foram 37 Grandes Prêmios, 24 largadas e apenas três pontos na carreira. Além da F1, esse chileno passou pela Indy, Mundial de Marcas, American Le Mans Series e rali. Com passagens totalmente sem brilho. E assim foi a carreira de Eliseo Salazar, que completa 60 anos no dia de hoje e cujo momento de glória e resumo da carreira pode ser visto no vídeo abaixo.

Conta a lenda que após esse episódio, em Hockenheim/82, houve outro fato extremamente impagável, mas que infelizmente não foi captado pelas câmeras de TV. Após a corrida, um carro-vassoura foi atrás de todos os carros acidentados, assim como seus respectivos pilotos. Piquet via se aproximar a kombi da organização, quando deu de cara com um Salazar todo acabrunhado no bando de trás. Ainda irritado, Piquet simplesmente expulsou o motorista da kombi e Salazar, pegou o volante da velha kombi e voltou aos boxes sozinho, deixando os demais pilotos esperando outra carona. Antes desse episódio, conta-se que Salazar e Piquet se davam bem, inclusive com o brasileiro fazendo do chileno uma espécie de pupilo. Após a presepada, Eliseo Salazar sempre serviu de exemplo para Piquet, de como vários pilotos ruins conseguem chegar à F1... Muitos anos mais tarde, a BMW confessou a Piquet que o seu motor naquele dia estava prestes a explodir e que Salazar 'salvou' a montadora bávara do vexame de ver o motor explodir em casa e na liderança. Pouco tempo depois, num programa de TV, Piquet e Salazar meio que fizeram às pazes, mas o chileno continua até hoje sendo mais conhecido por ter levados uns tapas de Nelson Piquet. E Piquet ainda se refere a Salazar como um dos piores pilotos da história da F1...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Enquanto isso no domingo...

No mesmo final de semana do agitado, dentro e, principalmente, fora das pistas, do Grande Prêmio do Brasil de F1, o Mundial de Motovelocidade encerrava sua temporada 2014 em Valencia, onde a única pendência era mesmo o campeão da Moto3, que ficou nas mãos de Alex Márquez, irmão mais novo de Marc.

Na MotoGP, Marc garantiu outro recorde ao conquistar sua 13º vitória na temporada, quebrando um recorde de dezessete anos de Michael Doohan, se tornando o piloto com o maior número de vitórias num ano. Se em 2013 Marc Márquez viu seus principais adversários (Jorge Lorenzo e Daniel Pedrosa) se machucando gravemente, neste ano o jovem espanhol da Honda confirmou todo o seu talento e conseguiu o bicampeonato de forma arrasadora, com todos os seus rivais bem de saúde, mas desta vez Marc teve em um inspirado Valentino Rossi como grande rival. Já contando com 35 anos e com sete títulos só na categoria premier, Rossi fez um ano espetacular em 2014, derrotando com alguma sobra seu companheiro de equipe Jorge Lorenzo, que fez uma aposta arriscadíssima em Valencia ao trocar sua moto acertada para piso molhado quando mal garoava em Valencia. Mais forte e com mais moral, Rossi poderá ter mais voz na construção da Yamaha M1 de 2015, enquanto Lorenzo, ainda pilotando de forma fenomenal, mas sem a regularidade dos últimos anos, terá que correr atrás.

Mesmo com a mesma moto do campeão dominante do ano, Daniel Pedrosa foi apenas quarto colocado no Mundial com uma única vitória. Dani viu três companheiros de equipes sendo campeão, viu a Honda forçar a Dorna mudar o regulamento de 1000cc para 800cc anos atrás por causa dele e até agora Pedrosa não mostrou a que veio na MotoGP, mesmo sendo considerado um piloto muito rápido, além de fortíssimo quando corre isolado. Em Valencia, Pedrosa foi extremamente discreto, como foi ao longo de 2014, mas mostrando que deve ter o melhor empresário de todos os tempos no Mundial de Motovelocidade, Pedrosa teve seu contrato com a Repsol Honda renovado e 2015 irá para a sua décima temporada consecutiva com a Honda oficial de fábrica. Falando em fábrica, a equipe oficial da Ducati teve outro ano sem vitória e longe de conquistar isso, só garantindo boas posições no grid pela escolha de usar o regulamento aberto e garantir pneus mais macios. Doviziozo, que parece relegado a sempre lutar com motos inferiores em sua carreira, conseguiu alguns pódios e mostrou que é um dos melhores pilotos do pelotão, enquanto Cal Cruthlow foi uma enorme decepção a ponto de ser dispensado do seu contrato ainda faltando um ano. E para 2015, a MotoGP ainda terá a volta da Suzuki, que há muito tempo se prepara para esse retorno.

Nas categorias intermediárias, Tito Rabat dominou inteiramente a Moto2, juntamente com a sua equipe, a Marc VDS, que no próximo ano terá equipes nas três categorias do Mundial. Porém, ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos vinte anos, Rabat preferiu ficar outro ano na Moto2 para defender seu título na mesma equipe, pensando em MotoGP mais à frente. Decisão perigosa, pois qualquer resultado menor do que o título em 2015 será fracasso para Rabat, que terá ao seu lado o campeão da Moto3 Alex Márquez, um piloto não tão brilhante quanto o irmão, mas que também mostrou qualidades em derrotar o australiano Jack Miller, considerado o novo fenômeno australiano e por isso pulou direto para a MotoGP com o apoio da Honda. 

E novamente com três campeões espanhóis, o Mundial de Motovelocidade encerrou mais uma temporada com a perspectiva de outra ótima temporada em 2015, onde pilotos já históricos, Marc Márquez, Valentino Rossi e Jorge Lorenzo, se enfrentem de igual para igual no próximo ano.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Figura(BRA): Felipe Massa

No começo de sua carreira, Felipe Massa foi muito comparado à Nigel Mansell pelo fato do inglês não ter sido um primor de técnica, mas com sua valentia, agressividade e coragem, Nigel conseguia andar no mesmo nível das grandes estrelas de sua época. Assim foi Felipe Massa em seus já muitos anos de F1. Longe de ser o melhor piloto da F1 de sua geração, Massa sempre andou no limite e com sua pilotagem forte, teve um bom período enfrentando pilotos melhores do que ele de igual para igual, os superando algumas vezes. Como Mansell. E como Mansell, Felipe Massa parece conseguir poderes mágicos quando está correndo em casa. Esse final de semana em Interlagos mostrou um Felipe Massa forte como há muito tempo não se via, mas ainda assim cometendo presepadas dignas de pastelão. Como Mansell. Com a Mercedes basicamente imbatível nesse ano, Massa chegou a dar um susto nos carros prateados ao ficar menos de um décimo atrás do duo Rosberg-Hamilton no Q3 e se não fosse uma problemática última volta rápida, Felipe poderia dar um pouquinho mais de trabalho aos favoritos da Mercedes. Na corrida, com toda a torcida fazendo uma enorme festa para ele, Massa fez uma ótima largada e corria muito forte, algumas vezes no mesmo ritmo das Mercedes à sua frente, superando com alguma facilidade seu forte companheiro de equipe Bottas. Porém, a vida de Felipe não seria totalmente tranquila por trapalhadas do próprio brasileiro em dois dos seus três pit-stops, onde passou do limite de velocidade no primeiro momento e depois entrou no pit errado, confundindo os seus mecânicos com os da McLaren. Sorte que Bottas fez uma corrida ainda mais problemática e Massa foi soberbo na pista, conseguindo um emocionante pódio na frente de sua torcida, que invadiu a pista no melhor estilo Monza. A boa exibição de Massa demonstra do que o brasileiro é capaz num bom dia, relembrando seus tempos de 'Nigel' Massa. Pena que essas exibições são mais exceções do que regra.

Figurão(BRA): Ferrari

Neste final de semana em Interlagos, pode-se fazer um resumo do quão ruim foi 2014 para a Ferrari. Durante a classificação, a câmera on-board de Fernando Alonso flagrou o espanhol fazendo o típico gesto italiano de que não estava acreditando no que via. O rádio denunciou a revolta de Alonso com o fato da Ferrari ter liberado o espanhol com as baterias ainda não carregadas, deixando o carro de Alonso sem potência bem no momento em que o desmotivado espanhol tentaria fazer outro 'algo mais' em sua pobre Ferrari. Foi apenas um pequeno exemplo da falta de gestão dentro da Ferrari este ano, onde coisas simples, até mesmo banais, são deixadas ao acaso. O treino e a corrida em Interlagos viu os dois carros da Ferrari longe da briga por, sequer, um pódio, se isolando cada vez mais como a quarta força do ano, com Alonso e Raikkonen ficando apenas em sexto e sétimo respectivamente, com Fernando não tendo mais a motivação para conseguir tirar tudo e mais um pouco da Ferrari, esse final de ano ferrarista, e também final de relacionamento com Alonso, tende a ser melancólico.

domingo, 9 de novembro de 2014

Decisão esquentou

Quando a Pirelli anunciou que utilizaria em Interlagos os pneus duros e médios, os pilotos, liderados por Felipe Massa, reclamaram bastante da escolha e a Pirelli acabou mudando para os pneus médios e macios. O que os italianos não contavam era com o calor em São Paulo que produziu uma das maiores secas da história daquela região do país. Se a estratégia era de duas paradas, o forte calor e as bolhas fez com que a maioria dos pilotos visitassem os boxes três vezes, inclusive os dois pilotos da Mercedes, que dominaram a corrida inteira, com Rosberg superando Hamilton num final de corrida tenso, onde havia a expectativa de Lewis tentar outra manobra vencedora sobre o companheiro de equipe, mas o inglês deve ter pensado mais no campeonato, mesmo que em Abu Dhabi, Hamilton tem que chegar no mínimo em segundo lugar. Para delírio da torcida, Felipe Massa superou duas trapalhadas em suas paradas para ser o terceiro colocado, o que nos dias atuais significa ser o 'melhor do resto'.

Se havia a previsão de chuva, para alegria dos que queriam uma corrida tumultuada e também dos paulistanos, ávidos por água em seus reservatórios, o domingo reservou um forte calor que acabou mudando um pouco a cara do Grande Prêmio do Brasil, mas não influenciando muito o resultado, com os três pilotos que foram à entrevista coletiva de sábado terem ido ao pódio, na mesma formação. Rosberg largou bem, seguido por Hamilton e todo o pelotão. O forte calor fez com que os pneus macios durassem, em média, sete voltas para todos os pilotos e ainda assim os compostos médios sofreram bastante, com bolhas aparecendo principalmente nos pneus dianteiros. Quando todos estavam calçados com os pneus de banda branca, Hamilton parecia melhor do que Rosberg, que reclamava que estava saindo de frente e de traseira. Quando Nico fez sua segunda parada, Hamilton aproveitou para fazer uma assombrosa melhor volta, com os pneus desgastados e cheio de bolhas, fazendo com que o inglês ficasse uma volta a mais para dar o bote em Nico. Essa aposta acabou falhando quando Lewis saiu da pista na curva do Lago e perder muito tempo. Se a expectativa era que Hamilton saísse de sua segunda parada à frente de Nico, ele acabou mais 7s atrás do alemão, mas quem disse que Lewis desiste fácil? Sofrendo menos do que o companheiro de equipe com os pneus, Hamilton foi tirando a diferença e na terceira rodada de paradas, Hamilton colou no companheiro de equipe. Por sinal, nos rádios, os engenheiros nunca se referiam 'Nico' ou 'Lewis', mas seu 'companheiro de equipe'. Como falou Felipe Nasr antes da prova: acabou o amor. E foi por essa falta de amor que o final da corrida foi tenso, com os dois carros da Mercedes próximos e Hamilton vindo com um histórico de ultrapassagens decisivas em cima de Rosberg nas últimas provas. Hamilton colocou o carro por dentro algumas vezes, mas em nenhum momento forçou a barra. O inglês parecia mais rápido, mas pensou no campeonato e ficou em segundo, posição que terá que repetir em Abu Dhabi, se quiser se tornar bicampeão daqui a duas semanas. Nico Rosberg encerrou um incômodo jejum que durava já alguns meses, mas sua situação ainda é complicada, pois mesmo vencendo, um resultado altamente possível no Oriente Médio, ele terá que torcer que Hamilton fique de terceiro para baixo. Com o domínio da Mercedes atualmente, somente problemas atípicos poderá fazer com que um ou dois carros prateados fiquem nas duas primeiras posições em qualquer pista.

Se não fosse duas trapalhadas em duas das três visitas aos boxes neste domingo, Felipe Massa poderia ter conquistado o terceiro lugar com ainda mais facilidade. Primeiro, Massa não respeitou o limite de velocidade no pit-lane no primeiro pit-stop e por isso, o brasileiro teve sua segunda parada atrasada em 5s por punição. Em sua parada final, Massa confundiu os mecânicos da Williams com os da McLaren, que também usam branco, e perdeu um tempinho. Sorte que na pista, Felipe fez uma de suas melhores corridas nos últimos tempos, sendo muito sólido e rápido em praticamente as setenta e uma voltas da corrida de hoje. Em vários momentos Massa andou no mesmo ritmo da Mercedes e em condições iguais, mostrando do que Felipe Massa é capaz num bom dia, mas o problema que a corrida de hoje é cada vez mais uma exceção do que uma regra. Desta vez Bottas fez uma corrida para esquecer, com o finlandês também enfrentando pequenos problemas (seu cinto de segurança se soltou e precisou ser ajustado na segunda parada e uma sobreviseira que ficou enganchada na asa traseira) que o fizeram chegar apenas em décimo, após ficar em quarto no começo da corrida, andando na mesma balada de Felipe Massa. Muita gente reclama que o Galvão Bueno torce demais para os brasileiros, Felipe Massa em particular, mas hoje o narrador global se comportou bem, torcendo para o amigo Massa, mas sem ser ridículo, ao contrário dos comentaristas, principalmente Luciano Burti, que torcia por um toque dos dois carros da Mercedes para favorecer Felipe.... Mas depois de Massa, o melhor brasileiro em Interlagos foi Nelson Piquet, que foi simplesmente hilário brincando com Niki Lauda!

Jenson Button, possivelmente em suas últimas corridas pela F1, fez uma boa prova, terminando num bom quarto lugar, chegando a ameaçar Felipe, mas ficando distante no final. Quando o inglês teve que suar para ultrapassar Raikkonen, um dos poucos que fez duas paradas, Button viu a aproximação de Vettel nas voltas finais, mas o piloto da McLaren segurou bem a posição e amealhou importantes pontos no campeonato, principalmente de construtores. Já Kevin Magnussen foi mais discreto, mas ainda assim conseguiu bons pontos com um nono lugar. Vettel fez uma prova correta, após um erro na primeira volta ter anulado sua boa largada e ficar numa posição difícil nas primeiras voltas, atrás da Ferrari de Alonso. Livre do espanhol, Vettel chegou bem próximo de Button, num fim de semana em que a McLaren andou mais do que a Red Bull, que viu um estranho abandono de Ricciardo, quando a suspensão dianteira esquerda aparentemente arriou bem no final da reta dos boxes, mas sem maiores danos ao carro, mas garantindo o segunda abandono do australiano. A Ferrari fez o seu papel em ficar com as posições finais de pontos, com Alonso sempre lutando muito, mas sem ter o que fazer com um carro ruim e sem velocidade de ponta. Raikkonen tentou uma estratégia arriscada de duas paradas num dia em que o desgasta excessivo de pneus deu o tom, mas desta vez o finlandês fez uma boa corrida, onde pela primeira na temporada travou uma briga acirrada com Alonso, só superado pelo espanhol, com melhores pneus, já no finalzinho da corrida. Hulkenberg também não fez suas paradas na janela normal de pit-stops e garantiu uma boa subida no pelotão, marcando pontos depois de um incômodo jejum, chegando a liderar a corrida de forma efêmera. A Sauber deu a impressão de marcar pontos finalmente com Gutierrez, que largou melhor do que Raikkonen, mas o tempo provou que o mexicano não tem um ritmo de corrida consistente, e logo Gutierrez foi ficando pelo caminho, enquanto Sutil acabou com todos os sonhos da Sauber ao ter um pit-stop errático e ser o último a completar a corrida. Kvyat tentou uma estratégia diferente, mas acabou próximo do seu companheiro de equipe Vergne, enquanto a Lotus proveu o segundo abandono do dia com Grosjean e não repetiu a boa exibição de Austin semana passada.

Foi uma corrida interessante essa em Interlagos e com Felipe Massa no pódio, garantiu o júbilo da torcida em São Paulo. Para o campeonato, a quinta vitória do ano de Nico Rosberg abre novamente a luta pelo título para a prova final, em Abu Dhabi. Se os pontos fossem distribuídos de forma normal no Oriente Médio, Hamilton estaria com uma mão na taça, mas como a pontuação será dobrada, um mal dia do inglês poderá entregar a taça de badeja para Rosberg. Nas outras duas oportunidades em que Hamilton esteve envolvido diretamente na luta pelo título, o inglês se mostrou frágil e longe de brigar de verdade pela vitória. Essa será a cartada de Nico Rosberg daqui a duas semanas, quando esse campeonato, que já é histórico, será decidido dentro do seio da Mercedes.   

sábado, 8 de novembro de 2014

Domínio apertado

Ver o grid com a Mercedes fazendo nova dobradinha na fila um, com a Williams completando a segunda fila pode dar a impressão de outro domínio dos tedescos em Interlagos, mas observando mais de perto como foi o Q3, o time da estrela de três pontas teve um pouco mais de trabalho do que nas provas anteriores, com sua cliente apertando um pouco mais, particularmente nos setores de reta em Interlagos.

Tentando se manter na briga pelo título, Nico Rosberg marcou a sua terceira pole consecutiva e aproveitando o novo asfalto em Interlagos, fez a volta mais rápida do circuito paulistano com um F1. Mesmo errando feio em sua volta derradeira, Lewis Hamilton ficou em segundo, mas em sua situação no campeonato, basta ao inglês marcar Rosberg para papar o título em Abu Dhabi, só resta saber se Hamilton, tão frágil quando brigou pelo título em 2007 e 2008, terá essa paciência para controlar o campeonato e fazer provas impecáveis como as duas anteriores. Felipe Massa, sempre comparado a Nigel Mansell, teve uma performance hoje de Leão em Silverstone em seu Williams. Usando a força da torcida, que urrava quando Felipe passava pela reta principal, Massa fez sua melhor classificação no ano, talvez até melhor do que quando foi pole na Áustria. Felipe não apenas superou seu companheiro de equipe Bottas, algo não muito comum em 2014, como se aproximou das Mercedes a ponto de ficar menos de um décimo atrás de Rosberg na primeira tentativa de todos no Q3. Andando no fio da navalha para tentar o feito de derrotar a Mercedes, Massa e Bottas erraram em suas tentativas finais e abortaram as suas respectivas voltas, deixando a tradicional primeira fila para Rosberg e Hamilton decidirem a vitória amanhã.

A esperada (literalmente!) chuva ainda não chegou a afetar o final de semana na F1, mas ela pode aparecer justamente na corrida, trazendo um tempero especial à prova. Ao contrário do que os torcedores brasileiros esperam, a chuva não deverá ser tão boa para Massa, já que a Williams mostrou ao longo da temporada não andar bem em piso molhado, fora a pequena aversão de Massa a esse tipo de condições. Mas que uma chuva animaria ainda mais uma corrida tensa entre os dois pilotos da Mercedes, ah, seria bem interessante!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Bolso cheio

Nos últimos anos, Galvão Bueno implicou bastante com dois pilotos pelo mesmo motivo, por serem pilotos-pagantes: Sergio Pérez e Romain Grosjean. No caso do francês, a birra era ainda maior porque Grosjean 'tirou' o lugar de Bruno Senna na Lotus no início de 2012. Porém, pilotos-pagantes são muito comuns na história da F1 e alguns dão certo, com Niki Lauda sendo a maior referência, além de Michael Schumacher no comecinho da carreira do alemão. Ou seja, ser piloto-pagante não é nenhum grande demérito, desde que tenha talento para se manter na F1 por seus próprios meios.

Nesta quarta-feira Felipe Nasr anunciou, no Jornal Nacional, que assinara um contrato de dois anos com Sauber a partir de 2015, pegando de surpresa muita gente. A Sauber já havia contratado o também piloto-pagante Marcus Ericsson para a próxima temporada e como a equipe suíça está passando por um sério problema financeiro, era esperado que a segunda vaga permanecesse com Esteban Gutierrez e os milhões da Telmex, fora que o mexicano já tem duas temporadas de experiência. Nasr tem o forte patrocínio do Banco do Brasil e o dinheiro brasileiro falou mais alto que o mexicano, garantindo um lugar para Felipe na equipe no próximo ano.

O fato de ter dois pilotos-pagantes demonstra o quão a Sauber está afundada em sua crise financeira e isso não pode ser um bom sinal para Nasr. Mesmo a Sauber já tendo revelado vários pilotos ao longo de sua vida na F1, a equipe suíça está tendo um 2014 tenebroso, ficando atrás até mesmo da quase falida Marussia sem nenhum ponto marcado, o que poderá caracterizar a atual temporada como a pior da Sauber em sua longa história. Com dois pilotos quase novatos e sem tanto dinheiro para investir, a Sauber poderá ter outro ano bastante complicado em 2015. Ericsson já mostrou não ser nenhum virtuose, mas montado na grana, o sueco garantiu outro ano na F1, mas pelo o que já fez nas categorias de base e nos poucos testes como piloto reserva da Williams, Nasr tem a obrigação de derrotar Ericsson mesmo o nórdico partindo para a sua segunda temporada na F1. 

Esse é o mundo cruel da F1. Se não quiser ficar tachado unicamente como 'pay-driver' e ser ridicularizado por Galvão (algo que não ocorrerá com Nasr por ser brasileiro), Felipe Nasr necessita superar seu companheiro de equipe e, como eu falo, fazer um diferente, mostrar algo mais, para se estabelecer na F1 nos próximos anos e, com a possível aposentadoria de Felipe Massa nas próximas temporadas, ser o único brasileiro na F1. Mesmo não ganhando a GP2 em três tentativas, Nasr mostrou talento em outras categorias e foi muito bem no primeiro treino livre em Austin semana passada. O dinheiro já garantiu o brasiliense na F1, mas só o talento de Nasr garantirá sua continuidade na categoria.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A difícil arte de parar

Certa vez o ex-jogador Falcão disse que o jogador de futebol morre duas vezes. A primeira, quando para de jogar e a segunda é a natureza humana que faz seu trabalho. As atitudes de Rubens Barrichello nos últimos tempos mostram que o brasileiro ainda não se tocou que a F1 virou passado para ele e a própria F1 o vê apenas como um cara legal, que passou muitos anos na categoria e é o recordista de corridas.

Comentarista da Globo nos últimos anos, Barrichello tentou várias vezes um lugar na F1. No ano passado, ele negociou com Sauber e Lotus para participar do Grande Prêmio Brasil, fracassando em ambas as tentativas. Neste ano, viajando para Cingapura pela Globo para comentar a corrida, Rubens se ofereceu à Mercedes como piloto reserva, Isso foi um dos motivos para a Globo educadamente chutar o traseiro de Barrichello de suas transmissões e muitas pessoas que fazem as transmissões globais falaram que Rubinho ainda não se aceita como um ex-piloto de F1.

Isso ficou evidenciado com a informação desse tarde, onde Rubens Barrichello estava praticamente acertado com a Caterham para fazer as últimas três provas de 2014, só não consolidando o negócio pela falência do time verde.

Em entrevistas com ex-atletas, todos falam que o momento de parar é um dos mais difíceis da carreira. É quase unânime. Barrichello, mesmo sendo líder do Brasileiro da Stock Car, parece que está tendo essa dificuldade, algumas vezes se colocando em situações até mesmo vergonhosas, onde força a barra para entrar na F1. Quando já corria por uma decadente Williams, Rubens cansou de dizer que ainda sonhava em ser campeão e talvez por não ter conseguido seu objetivo, Barrichello sente-se em dívida consigo mesmo e tenta, mesmo sendo basicamente impossível hoje em dia, concretizar esse sonho. Barrichello poderia muito bem se focar na Stock, cuidar do início da carreira dos filhos no kart e comentar aqui e ali a F1, mas Rubens ainda se vê como um piloto de F1 sem cockpit, à espera de um lugar para realizar o seu sonho. Porém, a realidade é outra e já passou a hora de Barrichello ver que seu tempo já passou e parar com a F1.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Figura(EUA): Lewis Hamilton

Se ano passado Sebastian Vettel ganhou as nove provas finais, este ano corre-se o 'risco' de se ver algo parecido com Lewis Hamilton. O inglês da Mercedes conseguiu a quinta vitória consecutiva nesta temporada, a décima em 2014, e se colocou como o grande favorito para conquistar o campeonato deste ano e se tornar bicampeão mundial. Hamilton mostrou mais uma vez ser um piloto muito mais maduro do que em outros tempos. Com problemas nos freios durante a classificação, Lewis perdeu a pole para Rosberg por uma boa margem. Em outros tempos, isso poderia fazer a cabeça de Hamilton entrar em parafuso, ainda mais que o inglês largaria no lado sujo da pista texana. Porém, Lewis Hamilton se preocupou apenas em largar bem o suficiente para se manter em segundo e atacar Nico Rosberg mais tarde. Concentrado apenas em atacar o seu 'companheiro' de equipe, Hamilton forçou o ritmo assim que colocou os pneus médios e identificou que o melhor lugar para se ultrapassar é no final da reta oposta. Hamilton tentou uma vez, mas Nico Rosberg se defendeu bem. Na segunda tentativa, Hamilton foi com decisão e quando Rosberg percebeu, já tinha o inglês do seu lado de dentro. Nico ainda jogou o seu Mercedes contra Hamilton, mas o inglês não se intimidou e completou a ultrapassagem na freada, deixando a Nico a zebra externa e o segundo lugar. Assim como aconteceu no malogrado Grande Prêmio do Japão, Hamilton saiu de Austin não apenas com a vitória na pista, como também com uma vitória psicológica, justamente o antigo ponto forte de Rosberg e o ponto fraco de Lewis. O inglês da Mercedes não foi mais incomodado até a bandeirada e ao abrir 24 pontos no campeonato, Lewis Hamilton começa a pensar se comemorará o seu bicampeonato com a sétima vitória consecutiva e décima segunda em 2014 em Abu Dhabi. 

Figurão(EUA): Bernie Ecclestone

Ele não fez nada de errado na corrida e sequer entrou na pista nos três dias em Austin, mas foi o protagonista do maior pedido de desculpas dos últimos tempos na F1. Bernie Ecclestone construiu a F1 como ela é conhecida hoje, com todos os seus defeitos e virtudes, e nos últimos anos o veterano inglês vê seu império sofrer mudanças que ele próprio falou nesse pedido de desculpas que não entende por completo. Graças aos contratos costurados por Ecclestone, as grandes equipes ficam com boa parte do bolo que a F1 arrecada por ano em troca de favores políticos de Bernie, deixando quem está de fora deste bolo ou em sua periferia com as mãos abanando. Essa política fez com que dezenas de equipes abandonassem a F1, assim como montadoras do porte de BMW e Toyota. A chegada das chamadas nanicas em 2010 diminuiu um pouco a sensação que a F1 estava se tornando um brinquedo único e extremamente caro, mas com a saída de Caterham e Marussia nesse final de 2014, restaram apenas nove equipes, sendo que pelo menos três estão passando por sérias dificuldades financeiras. A Mercedes conseguiu esse seu domínio em 2014 graças a investimentos maciços da montadora alemã e para enfrentar os tedescos nos próximos anos, os seus adversários precisam ainda mais de dinheiro para bater de frente com o poderio alemão, mas para conseguir isso, sobra menos grana para as outras equipes, as chamadas médias, que não tem como competir decentemente com as chamadas equipes grandes, fazendo com que o patrocínio, outra entrada de dinheiro, seja raro para esses times. Esse círculo vicioso fez com que Force India, Lotus e Sauber maquinassem um boicote para este GP, enquanto que as demais seis equipes (sendo que a Toro Rosso pertence à Red Bull) apenas vêem de longe as três equipes se afogarem, acusadas pelas três insurgentes de não fazerem nada por elas. Enquanto isso, Bernie Ecclestone pode estar vendo o seu império construído ao longo de dezenas de anos desmoronando, se algo não for feito. Bernie já pediu as desculpas, agora falta a ação e o faro apurado de negociador e político de Ecclestone pode fazer com que essa crise seja debelada.

Mais um dia comum na Nascar

Gordon x Keselowski

domingo, 2 de novembro de 2014

Golpe por dentro

Nico Rosberg estava genuinamente feliz quando marcou uma surpreendente pole neste sábado em Austin. Nessas três corridas finais, Nico sabia que necessitava urgentemente quebrar a sequencia de vitórias de Lewis Hamilton para tentar uma ataque final em Abu Dhabi na famosa corrida com pontuação dobrada e a pole em Austin, pista onde Hamilton dominou nos treinos livres, poderia ser o começo de uma forte recuperação de Rosberg, além de uma fenda na armadura de confiança de Hamilton. Porém, Lewis não teve sua confiança abalada porque o seu problema nos freios que o atrapalhou nos treinos foi identificado e consertado para este domingo. O inglês esperou apenas o momento correto para ultrapassar Rosberg e conseguir sua quinta vitória consecutiva e décima na temporada para abrir ainda mais para o seu companheiro de equipe, com Hamilton ainda surfando na crista da onda da confiança.

O Grande Prêmio dos Estados Unidos não foi dos mais emocionantes, mas parecendo com aqueles jogos equilibrados e de bom nível, mas decidido numa única jogada que resulte num magro 1x0. Lewis Hamilton estava receoso em ter que largar no lado sujo da pista, mas o inglês não teve muitos problemas em manter sua posição na complicada primeira curva e passou a concentrar-se em atacar Nico Rosberg. Com pneus macios, o desempenho dos dois pilotos da Mercedes era parelho, mas quando ambos trocaram seus pneus para os médios, Hamilton começou a se aproximar de Rosberg. O inglês tentou uma vez no final da reta oposta, mas na segunda, mesmo a transmissão da TV quase perdendo a manobra, Hamilton surpreendeu Rosberg, que ainda tentou jogar seu carro em cima de Lewis, mas o inglês foi firme e manteve o carro por dentro, deixando a Rosberg a opção do toque e o risco de um incidente polêmico entre os dois carros da Mercedes, ou ter que se contentar com a ultrapassagem e tentar uma manobra mais tarde sobre o rival. Provavelmente Rosberg sabia no seu íntimo que essa possibilidade era restrita. Hamilton nunca mais foi ameaçado por Rosberg e conseguiu uma popular vitória em sua segunda casa, já que a América é o país de sua namorada pussycat e Hamilton foi bastante aplaudido. 

Na briga pelo melhor do resto, Daniel Ricciardo foi o melhor numa bela corrida do australiano da Red Bull. Daniel fez uma péssima largada, diminuindo o prejuízo com uma tomada agressiva na primeira curva, mas Ricciardo, que chegou a ocupar o sétimo lugar, completou a primeira volta em quinto, mas não demorou para o australiano ultrapassar Alonso e ficar próximo dos dois carros da Williams. Andando num ritmo forte, Ricciardo ultrapassou os dois carros da Williams nas duas paradas que marcaram a corrida para conseguir o lugar mais baixo do pódio, mas nas circunstâncias atuais, era o melhor que um piloto não-Mercedes poderia aspirar. Largando dos boxes pelas várias trocas de motor que foi forçado a fazer durante o ano, Sebastian Vettel teve uma corrida tumultuada, onde não parecia ter um bom carro com muito peso, mas bem melhor com o tanque mais leve, culminando com a série de ultrapassagens que o alemão fez nas últimas voltas quando Seb teve que fazer uma terceira parada e com pneus macios e tanque vazio, subindo ao um ótimo sétimo lugar, vide sua posição de largada. Com a boa largada de Felipe Massa e a forma como a corrida transcorria, tudo levava a crer que o brasileiro estava com o pódio no bolso, mas novamente a Williams se atrapalhou na estratégia e não percebeu que ficar muito tempo na pista com pneus desgastados não era muito jogo. Após a segunda parada de Bottas, Massa poderia parar na volta seguinte, mas por um motivo ainda não esclarecido, o brasileiro ficou uma volta a mais na pista, permitindo a Ricciardo sair na sua frente e Massa ficar com mais um quarto lugar, mesmo que desta vez ter superado com alguma folga o seu companheiro de equipe Bottas. Porém, Massa não deve estar nada contente em perder um pódio que parecia sólido, mas ao contrário do que falou o Sergio Maurício, normalmente um ótimo narrador de F1, mas muito errático nessa transmissão do Sportv, os erros da Williams na estratégia de pit-stop vem desde os tempos de Damon Hill e Jacques Villeneuve, não apenas com Felipe Massa...

A Ferrari fez sua corrida de final de feira de sempre nesse segundo semestre de 2014, com Fernando Alonso conseguindo o sexto lugar protocolar que lhe é característico em suas últimas corridas pela equipe italiana, mesmo o espanhol tendo sua tarefa dificultada pelo terceiro pit-stop que foi obrigado a fazer, mas pior destino teve Kimi Raikkonen. Após a segunda parada, o finlandês estava logo atrás de Alonso, mas quando também foi obrigado a parar pela terceira vez, Raikkonen se perdeu no meio do trânsito e não pode usar os pneus macios da mesma forma de Alonso, ficando longe da zona de pontuação após ter que fazer uma quarta parada. Kevin Magnussen foi o melhor piloto da McLaren em oitavo, enquanto Button brigava com sua equipe via rádio pelo mau acerto do seu carro e ficava pelo caminho nas voltas finais, mas o inglês esteve envolvido em várias batalhas por posição, como a que teve com Alonso. A Toro Rosso viu seus dois pilotos terem destino diferentes com Vergne, se esforçando para garantir um lugar em 2015, fazendo uma corrida agressiva, inclusive tirando um palavrão de Grosjean por causa de uma ultrapassagem, e garantir um lugar no top-10 (se bem que ele pode perder posições pelo toque em Grosjean), enquanto Kvyat fazia uma corrida burocrática, onde uma terceira parada o colocou na penúltima posição final. Com o toque recebido por Grosjean, que estranhamente passou a errar em várias curvas de forma consecutiva, Pastor Maldonado conseguiu a chance de pontuar pela primeira vez no ano. A Sauber teve a sua corrida estragada quando Adrian Sutil, na melhor posição de grid da equipe em 2014, foi tocado por um, mais uma vez, destrambelhado Sergio Pérez na primeira volta, causando o único safety-car do dia e o abandono de ambos. Como Esteban Gutierrez recebeu algumas punições mais tarde, a Sauber saiu de mãos abanando novamente, o mesmo acontecendo com a Force India, que poucas voltas após o incidente com Pérez, viu Hulkenberg abandonar com problemas mecânicos. E foram apenas nove equipes em Austin, mas poderia ser menos, se um boicote organizado por Lotus, Force India e Sauber tivesse ido à frente. A F1 está em crise e a chegada de um terceiro carro parece ser iminente, mas a confirmação de Marcus Ericsson na Sauber em 2015, unicamente devido ao dinheiro do sueco, confirma minha impressão que talvez seja melhor um terceiro carro da Red Bull com um Carlos Sainz Jr, por exemplo, do que ter equipes nanicas colocando pilotos como Max Chilton ou o próprio Ericsson se arrastando lá atrás em troca de um punhado de dólares.

E assim a F1 se prepara para chegar em Interlagos na próxima semana. Mesmo em crise, a F1 está vendo um cada vez mais confiante Lewis Hamilton partir rumo ao bicampeonato. Nico Rosberg pode lutar para acertar ao máximo seu carro, mas na pista, onde as coisas se resolvem, Hamilton vem se mostrando cada vez mais superior e não me surpreenderia em nada se Lewis conseguisse o título no Oriente Médio comemorando sua sétima vitória consecutiva.