Nico Rosberg estava genuinamente feliz quando marcou uma surpreendente pole neste sábado em Austin. Nessas três corridas finais, Nico sabia que necessitava urgentemente quebrar a sequencia de vitórias de Lewis Hamilton para tentar uma ataque final em Abu Dhabi na famosa corrida com pontuação dobrada e a pole em Austin, pista onde Hamilton dominou nos treinos livres, poderia ser o começo de uma forte recuperação de Rosberg, além de uma fenda na armadura de confiança de Hamilton. Porém, Lewis não teve sua confiança abalada porque o seu problema nos freios que o atrapalhou nos treinos foi identificado e consertado para este domingo. O inglês esperou apenas o momento correto para ultrapassar Rosberg e conseguir sua quinta vitória consecutiva e décima na temporada para abrir ainda mais para o seu companheiro de equipe, com Hamilton ainda surfando na crista da onda da confiança.
O Grande Prêmio dos Estados Unidos não foi dos mais emocionantes, mas parecendo com aqueles jogos equilibrados e de bom nível, mas decidido numa única jogada que resulte num magro 1x0. Lewis Hamilton estava receoso em ter que largar no lado sujo da pista, mas o inglês não teve muitos problemas em manter sua posição na complicada primeira curva e passou a concentrar-se em atacar Nico Rosberg. Com pneus macios, o desempenho dos dois pilotos da Mercedes era parelho, mas quando ambos trocaram seus pneus para os médios, Hamilton começou a se aproximar de Rosberg. O inglês tentou uma vez no final da reta oposta, mas na segunda, mesmo a transmissão da TV quase perdendo a manobra, Hamilton surpreendeu Rosberg, que ainda tentou jogar seu carro em cima de Lewis, mas o inglês foi firme e manteve o carro por dentro, deixando a Rosberg a opção do toque e o risco de um incidente polêmico entre os dois carros da Mercedes, ou ter que se contentar com a ultrapassagem e tentar uma manobra mais tarde sobre o rival. Provavelmente Rosberg sabia no seu íntimo que essa possibilidade era restrita. Hamilton nunca mais foi ameaçado por Rosberg e conseguiu uma popular vitória em sua segunda casa, já que a América é o país de sua namorada pussycat e Hamilton foi bastante aplaudido.
Na briga pelo melhor do resto, Daniel Ricciardo foi o melhor numa bela corrida do australiano da Red Bull. Daniel fez uma péssima largada, diminuindo o prejuízo com uma tomada agressiva na primeira curva, mas Ricciardo, que chegou a ocupar o sétimo lugar, completou a primeira volta em quinto, mas não demorou para o australiano ultrapassar Alonso e ficar próximo dos dois carros da Williams. Andando num ritmo forte, Ricciardo ultrapassou os dois carros da Williams nas duas paradas que marcaram a corrida para conseguir o lugar mais baixo do pódio, mas nas circunstâncias atuais, era o melhor que um piloto não-Mercedes poderia aspirar. Largando dos boxes pelas várias trocas de motor que foi forçado a fazer durante o ano, Sebastian Vettel teve uma corrida tumultuada, onde não parecia ter um bom carro com muito peso, mas bem melhor com o tanque mais leve, culminando com a série de ultrapassagens que o alemão fez nas últimas voltas quando Seb teve que fazer uma terceira parada e com pneus macios e tanque vazio, subindo ao um ótimo sétimo lugar, vide sua posição de largada. Com a boa largada de Felipe Massa e a forma como a corrida transcorria, tudo levava a crer que o brasileiro estava com o pódio no bolso, mas novamente a Williams se atrapalhou na estratégia e não percebeu que ficar muito tempo na pista com pneus desgastados não era muito jogo. Após a segunda parada de Bottas, Massa poderia parar na volta seguinte, mas por um motivo ainda não esclarecido, o brasileiro ficou uma volta a mais na pista, permitindo a Ricciardo sair na sua frente e Massa ficar com mais um quarto lugar, mesmo que desta vez ter superado com alguma folga o seu companheiro de equipe Bottas. Porém, Massa não deve estar nada contente em perder um pódio que parecia sólido, mas ao contrário do que falou o Sergio Maurício, normalmente um ótimo narrador de F1, mas muito errático nessa transmissão do Sportv, os erros da Williams na estratégia de pit-stop vem desde os tempos de Damon Hill e Jacques Villeneuve, não apenas com Felipe Massa...
A Ferrari fez sua corrida de final de feira de sempre nesse segundo semestre de 2014, com Fernando Alonso conseguindo o sexto lugar protocolar que lhe é característico em suas últimas corridas pela equipe italiana, mesmo o espanhol tendo sua tarefa dificultada pelo terceiro pit-stop que foi obrigado a fazer, mas pior destino teve Kimi Raikkonen. Após a segunda parada, o finlandês estava logo atrás de Alonso, mas quando também foi obrigado a parar pela terceira vez, Raikkonen se perdeu no meio do trânsito e não pode usar os pneus macios da mesma forma de Alonso, ficando longe da zona de pontuação após ter que fazer uma quarta parada. Kevin Magnussen foi o melhor piloto da McLaren em oitavo, enquanto Button brigava com sua equipe via rádio pelo mau acerto do seu carro e ficava pelo caminho nas voltas finais, mas o inglês esteve envolvido em várias batalhas por posição, como a que teve com Alonso. A Toro Rosso viu seus dois pilotos terem destino diferentes com Vergne, se esforçando para garantir um lugar em 2015, fazendo uma corrida agressiva, inclusive tirando um palavrão de Grosjean por causa de uma ultrapassagem, e garantir um lugar no top-10 (se bem que ele pode perder posições pelo toque em Grosjean), enquanto Kvyat fazia uma corrida burocrática, onde uma terceira parada o colocou na penúltima posição final. Com o toque recebido por Grosjean, que estranhamente passou a errar em várias curvas de forma consecutiva, Pastor Maldonado conseguiu a chance de pontuar pela primeira vez no ano. A Sauber teve a sua corrida estragada quando Adrian Sutil, na melhor posição de grid da equipe em 2014, foi tocado por um, mais uma vez, destrambelhado Sergio Pérez na primeira volta, causando o único safety-car do dia e o abandono de ambos. Como Esteban Gutierrez recebeu algumas punições mais tarde, a Sauber saiu de mãos abanando novamente, o mesmo acontecendo com a Force India, que poucas voltas após o incidente com Pérez, viu Hulkenberg abandonar com problemas mecânicos. E foram apenas nove equipes em Austin, mas poderia ser menos, se um boicote organizado por Lotus, Force India e Sauber tivesse ido à frente. A F1 está em crise e a chegada de um terceiro carro parece ser iminente, mas a confirmação de Marcus Ericsson na Sauber em 2015, unicamente devido ao dinheiro do sueco, confirma minha impressão que talvez seja melhor um terceiro carro da Red Bull com um Carlos Sainz Jr, por exemplo, do que ter equipes nanicas colocando pilotos como Max Chilton ou o próprio Ericsson se arrastando lá atrás em troca de um punhado de dólares.
E assim a F1 se prepara para chegar em Interlagos na próxima semana. Mesmo em crise, a F1 está vendo um cada vez mais confiante Lewis Hamilton partir rumo ao bicampeonato. Nico Rosberg pode lutar para acertar ao máximo seu carro, mas na pista, onde as coisas se resolvem, Hamilton vem se mostrando cada vez mais superior e não me surpreenderia em nada se Lewis conseguisse o título no Oriente Médio comemorando sua sétima vitória consecutiva.
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