A pontuação dobrada foi utilizada pela primeira e, talvez, única vez esse ano devido à polêmica entre os fãs da F1. Mais especificamente esse ano, como poderia se explicar um piloto com pouco mais da metade de vitórias do rival pelo título derrotar um piloto com dez triunfos no ano? Por isso, a torcida estava toda para Lewis Hamilton, que além disso, tem um estilo de pilotagem agressivo e que, literalmente, levanta a torcida. Piloto extremamente talentoso e agressivo, Lewis Hamilton garantiu o seu bicampeonato de forma mais tranquila do que o esperado, conseguindo sua 11º vitória no ano e desempatando com Fernando Alonso como o segundo piloto mais vitorioso em atividade, além de ser o britânico com mais vitória na história da F1 e se tornando uma lenda britânica, como foi enfatizado pelo príncipe Harry, presente no Grande Prêmio de Abu Dhabi e convidado a dizer algumas palavras à Hamilton após a bandeirada.
Como diz a famosa Lei de Murphy, quando é para dar errado, dá tudo errado mesmo. O calvário de Nico Rosberg começou na largada, quando o alemão por muito pouco não perdia a segunda posição para um inspirado Felipe Massa. Agora podendo ditar o ritmo da corrida, Hamilton rapidamente disparou à frente e acabou com a estratégia de Rosberg, que se largasse bem e mantivesse a vantagem da pole, provavelmente dosaria o seu ritmo para que Hamilton fosse atacado pelo Williams de Massa e tentar garantir o resultado que interessava à Rosberg. Hamilton tinha um bom ritmo, abrindo em torno de 3s para Nico quando o alemão perdeu 3s em uma volta. Nico, que tanto sonhou com um problema no carro do companheiro de equipe, viu sua unidade de potência desenvolver um grave problema que não seria mais consertado. Facilmente ultrapassado por Massa, Nico sofreria até a bandeirada. A câmera ao lado do seu capacete mostrava a feição de desespero de Rosberg, que nada podia fazer com um problema que só piorava ao longo da corrida e quando a vaca já tinha ido para o brejo, a própria Mercedes pediu à Nico encostar seu carro, mas o alemão não queria acabar sua magnífica e surpreendente temporada no box. Ele foi até o fim e recebeu a bandeirada uma volta atrás do seu rival. Na ante-sala do pódio, Nico Rosberg fez questão de cumprimentar Hamilton, mesmo com um sorriso amarelo nos lábios. Nico sabe que perdeu uma chance enorme de conquistar seu primeiro título na F1. O alemão chegou a ter 29 pontos de vantagem sobre Hamilton, um piloto notavelmente melhor do que ele, mas no final o talento de Lewis falou mais alto e Rosberg acabou provando um pouco do veneno que o seu 'companheiro' de equipe sentiu em várias provas nesse ano: o azar. O abandono. Os pontos perdidos. Porém, Nico Rosberg foi um grande rival para Hamilton, mas com o inglês agora ainda mais confiante para 2015, será difícil para o alemão segurar um Lewis ainda mais forte.
A corrida de Lewis Hamilton acabou com os problemas de Nico Rosberg. Preocupado com um problema duplo nos seus carros, como aconteceu em Montreal, a Mercedes pediu que Lewis diminuísse seu ritmo e todos os sistemas do seu carro foram rebaixados para que ele apenas terminasse a prova. A emoção que o Galvão quis transmitir nesse corrida foi mais ilusório, pois Hamilton tinha a corrida totalmente sob controle e como se viu, quando quis aumentar um tiquinho a mais seu ritmo, ele era mais rápido do que Massa. O inglês fez uma prova tranquila rumo a bandeirada e estava claramente emocionado no pódio. Ao contrário do que se espera de um inglês, com toda a sua fleuma e frieza, Lewis Hamilton é um piloto emocional dentro e fora das pistas.
Mesmo com Hamilton cuidando ao máximo do seu carro rumo a consagradora vitória que lhe deu o segundo título, não se pode ignorar a belíssima corrida de Felipe Massa, ainda melhor do que a já brilhante corrida em Interlagos. Vendo seu companheiro de equipe largar ainda pior do que Rosberg, Massa passou a perseguir a Mercedes a uma certa distância, mas Felipe estava lá para capitalizar o problema de Rosberg e aproveitando o cuidado de Hamilton, tentou fazer uma pressão no inglês da Mercedes, na esperança de Lewis não querer muito briga numa eventual disputa pelo primeiro lugar no final da prova. Massa garantiu sua melhor posição no ano e fecha a temporada 2014, que muita gente, inclusive eu, dizia que poderia ser uma passagem final numa claudicante Williams, assim como foi Rubens Barrichello, em alta, com uma esperada vitória podendo acontecer a qualquer momento, com a Williams mantendo esse belo momento de 2014, que viu Bottas largar muito mal, mas conseguir facilmente o terceiro lugar na corrida e garantir um ótimo quarto lugar no Mundial de Pilotos para o finlandês, dando um excelente pódio duplo para a Williams. Daniel Ricciardo mostrou que o potencial da Red Bull em Abu Dhabi era enorme ao sair dos boxes, após a Red Bull ser desclassificada no sábado por problemas técnicos, para um ótimo quarto lugar. O australiano, visto até mesmo com certa desconfiança no começo do ano, começa a mostrar que pode ser uma futura estrela da F1 e o carisma de Ricciardo pode fazê-lo também bastante popular. Vettel fez uma estratégia um pouco diferente de Ricciardo, mas o resultado foi o mesmo: ficou atrás do companheiro de equipe. Seb irá para a Ferrari com a pressão de mostrar que seus quatro títulos, muito merecidos, também teve seu dedo e nem tanto as habilidosas mãos de Adryan Newey no projeto da Red Bull dos últimos anos.
Os zerinhos após a prova de Jenson Button meio que entregam que o inglês pode ter se despedido da F1, o que seria uma enorme pena, mas falarei sobre isso em outro momento. A Force India, mesmo sendo o pior carro com motores Mercedes, colocou seus dois pilotos na zona de pontuação sem maiores problemas, mas com o quinto lugar de Button, se manteve em sexto no Mundial de Construtores, o que não é nada mal. A Ferrari teve outra corrida para esquecer e Alonso viu sua despedida da scuderia, que tanto sonhou estar, apenas em nono lugar, com Raikkonen logo atrás. Cinco anos atrás, a Ferrari fazia uma corrida horrível em Abu Dhabi, mas com grandes expectativas com a chegada de Alonso no ano seguinte. Talvez com Vettel chegando, a Ferrari consiga a motivação suficiente para voltar a brigar pelas vitórias. Daniil Kvyat subiu para quarto no grid, mas o russo terá que melhorar bastante seu ritmo de corrida numa equipe como a Red Bull, pois mais uma vez Kvyat largou bem, mas foi perdendo rendimento com o passar do tempo, com o se abandono não sendo possível saber aonde terminaria o jovem russo, enquanto Vergne, ainda na expectativa se será professor de Max Verstappen ano que vem ou será dispensado, fez uma corrida discreta. A Sauber fechou o ano zerada e mais vez esteve longe de tirar o dedo em 2014, enquanto a Lotus finalizou seu também muito ruim ano com Pastor Maldonado estourando espetacularmente o seu motor. Chegando à Abu Dhabi devido a uma vaquinha virtual, a Caterham fez o que dela se espera, mas o novato Will Stevens, na minha opinião, fez mais do que Marcus Ericsson em dezesseis provas...
E assim termina a temporada 2014 da F1. Um ano histórico que se viu de tudo. Tanto pro lado bom, como pro lado ruim. O novo regulamente viu a saída da Red Bull como equipe dominante para o surgimento da Mercedes com um domínio ainda maior, mas se nos quatro anos anteriores a Red Bull também viu o domínio de Sebastian Vettel, esse ano os dois pilotos da Mercedes trouxeram uma grande emoção para o campeonato devido a surpreendente rivalidade entre eles, lembrando os áureos anos de Senna-Prost em 1988 na McLaren, mesmo que muitos puritanos achem isso uma heresia. Também vimos a F1 entrando numa perigosa espiral de gastos que ainda põe seu futuro em cheque e que praticamente custou duas equipes a menos no pelotão, já que só um milagre do tamanho que o Ceará precisa para subir para a Série A em 2015, para a Caterham correr no ano que vem. O pior, porém, foi a F1 ter que conviver com a morte novamente de perto, com Jules Bianchi ainda lutando pela vida, mas com algumas melhoras em seu quadro na última semana. Contudo, 2014 viu o ressurgimento da Williams como uma equipe de ponta, jovens pilotos como Daniel Ricciardo e Valtteri Bottas surgindo com força para os próximos anos e a Mercedes como a grande equipe de hoje e para os próximos anos, com um ainda mais confiante Lewis Hamilton, agora bicampeão mundial, vindo mais forte do que nunca! Que venha logo março de 2015!
Corrida chata, equipe chata, piloto chato... Ano chato pra caramba.
ResponderExcluirA F1 nunca viveu dias tão ruins.
Permita-me discordar... corrida chata sim, mas se a Mercedes fosse chata, teria indicado um piloto número 1 e o campeão teria sido decidido faz tempo. E Hamilton não tem nada de chato...
ResponderExcluirPara mim, esse foi um dos grandes anos da F1!