domingo, 14 de junho de 2015

Nada como uma vitória redentora

A grandeza da F1, apesar de muita gente criticar, ficou bem evidenciada nessas 24 Horas de Le Mans de hoje. A grande estrela da vitória da Porsche foi Nico Hulkenberg, primeiro piloto a vencer a mítica prova francesa, correndo na F1 ao mesmo tempo, fato que não acontecia desde 1991, na ocasião, com Johnny Herbert e Bertrand Gachot.

Apesar de achar os carros de Porsche, Audi e Toyota belíssimos, não vou mentir que não sou um grande fã das corridas de Endurance, mesmo sabendo da importância brutal da corrida em Le Mans. O começo da prova (único momento em que assisti, já que esqueci de ver o final...) foi uma amostra do que seria visto no resto do dia na França. Os três carros da Porsche, que dominou a ponta do grid, disputando palmo a palmo com os três carros da Audi a primazia da liderança num ritmo fortíssimo para uma corrida de longa duração. A Toyota, terceira favorita, ficou claramente para trás com relação aos rivais alemães e sonhava com algum erro de Audi ou Porsche para poder brigar por algo mais do que ser sexto colocado. Pior foi a outra japonesa. A Nissan estreou em Le Mans com um carro bem diferente, com motor dianteiro, mas o resultado foi terrível para a marca japonesa, com um carro largando com voltas atrasado e os outros dois tendo vários problemas. Quando a Honda se maldizer na F1, basta lembrar o que a Nissan fez em Le Mans...

Como não poderia deixar de acontecer numa prova tão longa, com uma parte noturna, não faltaram incidentes ao longo do vasto pelotão em Sarthe, mas ainda assim Porsche e Audi brigaram pela vitória. Nas horas finais, Nico Hulkenberg usou seu talento para se sobressair e levou a Porsche para a primeira vitória da marca alemã desde 1998. Foi o 17º triunfo da Porsche em Le Mans, aumentando a sua vantagem como a maior vitoriosa em Le Mans. Quem sorriu bastante foi a VW, com suas duas marcas dominando num dos maiores palcos do automobilismo mundial.

O que chama atenção é que mesmo a Porsche tendo conquistado uma vitória importantíssima em Le Mans, o fato do carro vencedor ter sido guiado por Nico Hulkenberg chama ainda mais atenção, pela escolha do alemão na carreira a partir de agora. Piloto talentoso, mas talvez um pouco demais para a F1, Hulk não teve o apoio necessário para conseguir um bom lugar na F1, onde desde 2010 vem andando por equipes intermediárias. Hulkenberg ficou próximo de um acerto com a Ferrari, inclusive tendo escolhido o número 27 para agradar os fãs da Ferrari e de Gilles Villeneuve, mas no final os italianos preferiram Raikkonen. Isso pareceu abater Nico, que após duas temporadas muito boas, vinha fazendo um 2015 abaixo do seu potencial. Muito se dizia que o bonde do tempo tinha passado para Nico Hulkenberg, mas com essa vitória em Le Mans, todos se perguntam: o que o alemão vai fazer agora?

Conta a lenda que quando foi perguntado sobre o crescimento da Indy no final dos anos 80, Ecclestone desdenhou da categoria. 'Meu segundo piloto fez sua sucesso numa categoria de aposentados', se referindo à Teo Fabi. Olhando de uma outra perspectiva o feito de Hulkenberg de hoje, o fato de um piloto do pelotão intermediário da F1 ter vencido em Le Mans, em sua segunda corrida com o carro, demonstra que o nível do WEC talvez não seja tão alto assim...

Como Nico Hulkenberg é reconhecidamente um piloto talentoso (melhor do que Teo Fabi pelo menos...), há uma grande expectativa do que o alemão irá fazer em 2016. Ficar na Porsche em definitivo e se tornar uma estrela do WEC, ou tentar, novamente, um lugar melhor na F1 e mostrar seu verdadeiro talento num carro competitivo? Raikkonen já está sendo contestado dentro da Ferrari, antigo alvo de Hulk...

Nessa história toda, o que me causa mais estranheza é que os mesmos que criticam os motores híbridos da F1, agora fazem odes à WEC, cujas principais montadoras usam motores... híbridos! Engraçado, não?

Não seria a primeira vez que um grande piloto abandona o sonho da F1 para correr em provas de Endurance e talvez um dos grandes exemplos seja Tom Kristensen, vencedor nova vezes em Le Mans. Se Nico Hulkenberg escolher o WEC e a Porsche, ele pode repetir a trajetória de Kristensen, mas não restam dúvidas que a F1 perderia um grande talento. Resta saber se irão permitir isso!

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