quarta-feira, 24 de junho de 2015

História: 25 anos do Grande Prêmio do México de 1990

A F1 continuava na América do Norte para o Grande Prêmio do México, mesmo que o mundo todo estivesse com seus olhos virados para a Itália, acompanhando a Copa do Mundo de 1990. Mesmo sendo realizada de quatro em quatro anos, a F1 nunca teve a sensibilidade de diminuir o ritmo do seu calendário durante a Copa do Mundo e com isso, muita da atenção para as suas provas era desviado para os campos. Por causa do fuso horário, a corrida mexicana seria praticamente no mesmo horário das oitavas-de-final Alemanha x Holanda, simplesmente um clássico mundial e final da Eurocopa de 1988...

Voltando às pistas, os treinos no circuito Hermanos Rodriguez foram atrapalhados pelo clima instável, causando algumas surpresas ao longo do grid. Berger consegue sua segunda pole com a McLaren, num raro momento em que o austríaco superava Ayrton Senna, mas o brasileiro sequer conseguiu a primeira fila, com Riccardo Patrese largando em segundo. Porém, Senna não teria do que reclamar no sábado à tarde. Seu rival Alain Prost teve uma sorte ainda pior e conseguiu apenas o 13º tempo, simplesmente sua pior posição de grid na F1 desde sua temporada de estreia em 1980. O treino foi marcado por dois fortes acidentes com a dupla da equipe Lola e mesmo com Aguri Suzuki e Eric Bernard terem saídos ilesos, o time da Lola teve que trabalhar dobrado para que os dois pudessem largar no domingo, o mesmo não acontecendo com a dupla da March. O carro azul claro não se adaptou com a super-ondulada pista do México, fazendo com que Ivan Capelli e Mauricio Gugelmin amargassem uma não-classificação.

Grid:
1) Berger (McLaren) - 1:17.227
2) Patrese (Williams) - 1:17.498
3) Senna (McLaren) - 1:17.670
4) Mansell (Ferrari) - 1:17.732
5) Boutsen (Williams) - 1:17.883
6) Alesi (Tyrrell) - 1:18.282
7) Martini (Minardi) - 1:18.526
8) Piquet (Benetton) - 1:18.561
9) Nakajima (Tyrrell) - 1:18.575
10) Modena (Brabham) - 1:18.592

O dia 24 de junho de 1990 amanheceu com o céu claro, mas não fazia muito calor na Cidade do México, porém, o mais importante para equipes e pilotos era que não estava chovendo e a corrida se daria com pista seca. Aqui no Brasil, mesmo com a F1 tendo produzido uma bela dobradinha duas semanas antes no Canadá, a Rede Globo preferiu transmitir Alemanha x Holanda, com a corrida sendo passada em compacto mais tarde. Perdeu-se uma grande corrida por aqui! Porém, isso não diminuiu o interesse do público mexicano, que lotou o circuito Hermanos Rodriguez e viu Patrese fazer uma ótima largada, tomando a ponta de Berger praticamente antes da freada da primeira curva. Senna aproveitou o vacilo do seu companheiro de equipe e com suas famosas ótimas largadas, assumiu a segunda posição. No ondulado circuito mexicano, o Williams de Patrese parecia um liquidificador e Senna tentou de todas as formas ultrapassar o italiano, mas somente após a última curva, a famosa Peraltada, o brasileiro colocou de lado e ultrapassou Patrese, assumindo a liderança no final da primeira volta. Pegando o vácuo dos dois carros, Berger completou a dobradinha da McLaren ainda na freada da curva um.

As McLarens logo disparam na frente, enquanto alguns pilotos, que tinham bons carros, tentavam se livrar de carros mais lentos que largaram na frente por causa da loteria que tinha sido os treinos. Piquet havia largado apenas em oitavo, mas contrariando seu histórico, o brasileiro foi muito bem na largada e já estava em quinto, apertando os dois carros da Williams. Piquet precisou apenas de quatro voltas para assumir o terceiro lugar, enquanto Patrese parecia pouco à vontade em ritmo de corrida e era ultrapassado por Boutsen e já via a aproximação de Mansell, que tinha largado mal. E falando em Ferrari, onde estaria Prost? Era esperado uma corrida de recuperação do 'Professor', mas o francês não larga excepcionalmente bem, mantendo sua posição na primeira volta, mas fazendo cinco ultrapassagens em oito voltas para assumir a oitava posição, logo atrás do seu compatriota Alesi. Enquanto isso, Senna já tinha 6s de vantagem sobre Berger, numa corrida agressiva do brasileiro. Senna sabia que com Prost lá atrás, ele poderia tirar proveito e aumentar sua vantagem no campeonato, mas as coisas não estavam tão boas para a McLaren, quando Berger vai aos boxes na volta 13 para trocar o seus desgastados pneus. Para piorar, a McLaren se atrapalha toda e o austríaco cai para 12º, com Piquet assumindo o segundo e fazendo uma nova dobradinha brasileira. Por enquanto.

Mais atrás, Prost continuava a sua corrida de recuperação e já ultrapassava Alesi, chegando na zona de pontos. Num ritmo muito forte, em pouco tempo Prost estava colado em Mansell, mas ao invés de simplesmente ceder sua posição ao seu companheiro de equipe, Nigel aumenta o seu ritmo e encosta na problemática Williams de Patrese, tomando o lugar do italiano na volta 21 na reta dos boxes. Prost tenta pegar uma carona com o inglês, mas tem a porta fechada em sua cara, entortando ainda mais o seu nariz. Porém, a Ferrari estava bem mais rápida do que as Williams e na volta 26, após alguma resistência de Patrese, Prost assume o quinto lugar na freada da curva um. O problema de Patrese era que ter segurado Prost por quatro voltas trouxe a Benetton de Nannini para a briga, enquanto Mansell já assumia o terceiro lugar, trazendo consigo Prost, que ultrapassou facilmente Boutsen na volta 31. Liderada por Mansell, a trupe da Ferrari parte para cima de Piquet, que tinha problemas de desgaste de pneus. Mansell e Piquet estavam longe de serem amigos e por isso, a briga dos dois era esperada. Após algumas tentativas de ultrapassagem mal-sucedidas, Mansell assume o segundo lugar numa freada agressiva na curva um, fazendo com que Piquet tirasse o seu Benetton para não bater. Quando já era atacado por Prost, Piquet resolve fazer seu pit-stop, voltando à corrida em oitavo. Senna tinha 16s de vantagem para Mansell quando o inglês assumiu a segunda posição na volta 37, passando um pouco mais da metade da prova. Porém, Senna tinha problemas para gerenciar. Um furo lento em seu pneu traseiro direito o fazia perder rendimento, mas o brasileiro permanecia na pista, mesmo sabendo que as Ferraris estavam vindo para cima. 

E para piorar a situação, a Ferrari que vinha era a de Prost. Gerenciando melhor o desgaste de pneus, mesmo tendo largando tão de trás, Prost aproveita uma indecisão de Mansell quando este estava para colocar uma volta num retardatário e assume a primeira posição no final da reta dos boxes quando faltavam apenas quinze voltas. Mais atrás, Berger fazia uma bela corrida de recuperação após sua má parada no começo da corrida e ao ultrapassar Boutsen, já era o quinto colocado. Quando assumiu a segunda posição, Prost só estava 5s atrás de Senna, que discutia com sua equipe via rádio se pararia ou não nos boxes. Senna resolve arriscar, mas não demorou cinco voltas para Prost colar em Senna. A ultrapassagem na volta 61 aconteceu de forma tranquila. Tranquila demais para dois pilotos em pé de guerra. Senna estava claramente com problemas e na volta seguinte era deixado para trás por Mansell. Nos momentos finais da corrida, Berger era o piloto mais rápido da pista e após ultrapassar Nannini pelo quarto lugar, sua próxima vítima seria Senna. Mas a McLaren iria permitir a ultrapassagem? A resposta não foi dada quando o pneu traseiro direito de Senna entregou os pontos quando faltavam apenas cinco voltas e o brasileiro teve que abandonar melancolicamente o seu 100º GP nos boxes da McLaren com o pneu totalmente destruído. Porém, ainda havia emoção no final de corrida há 25 anos atrás. Berger fazia uma bela corrida e encosta em Mansell. Os dois tiveram uma briga fratricida em Ímola, com direito a reclamação de parte a parte e era esperada uma nova batalha no México. Na abertura da antepenúltima volta, Berger consegue uma ultrapassagem arriscada na curva um, após frear de forma agressiva. Mansell ficou uma fera! O inglês tinha para si o título de piloto mais agressivo da F1 e ser ultrapassado daquela forma não estava no script. Quando os dois se aproximavam da famosa e rápida curva Peraltada, entrando para a penúltima volta, Mansell faz o impossível, ao ultrapassar Berger por fora de forma antológica na rápida curva mexicana. O público prendeu a respiração, mas Mansell se manteve em segundo por muito pouco. Alain Prost cruzava a linha de chegada com 25s de diferença para o companheiro de equipe na corrida que o próprio francês considerou a melhor de sua carreira. Nannini terminou em quarto, enquanto Piquet, com pneus novos, dava o seu showzinho no fim, ultrapassando Alesi na última volta e chegando colado na traseira de Boutsen. Foi uma corrida que poucos viram, mas uma prova simplesmente histórica!

Chegada:
1) Prost
2) Mansell
3) Berger
4) Nannin
5) Boutsen 
6) Piquet

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