terça-feira, 23 de junho de 2015

História: 30 anos do Grande Prêmio dos Estados Unidos de 1985

Após a dobradinha da Ferrari em Montreal, onde os italianos, mais uma vez em sua história na F1, impôs uma ordem de equipe para um segundo piloto (Johansson) para o primeiro (Alboreto) vencer, a F1 permanecia no lado de cá do Atlântico para uma segunda corrida na América do Norte, em Detroit. Após anos sediando duas corridas por ano, os Estados Unidos teria apenas uma prova no calendário em 1985, porém, o circuito de rua em Detroit, próximo das sedes das principais montadoras americanas, não era nada popular entre os pilotos, que o achavam sinuoso demais. Esse tipo de circuito lento, pelo menos em teoria, serviria melhor para a McLaren-Porsche, com Prost ainda perseguindo Alboreto no campeonato. 

Os treinos foram dominados, mais uma vez, por Ayrton Senna, que conseguiu sua quarta pole no ano com seu Lotus-Renault, colocando mais de 1s em cima de Nigel Mansell, o ocupante surpresa da segunda colocação. O inglês mostrava velocidade e já tinha largado em segundo em Mônaco, uma pista similar ao de Detroit, mas a inconstância de Mansell era a sua pior inimiga e poucos colocavam fé de que Nigel era uma dos favoritos à vitória. Os dois líderes do campeonato ocupavam a segunda fila, com Elio de Angelis, empatados em pontos com Prost, era apenas oitavo. O italiano se sentia cada vez mais desprestigiado dentro da Lotus frente a velocidade de Senna. Vencedor em 1984, Nelson Piquet largava apenas em décimo.

Grid:
1) Senna (Lotus) - 1:42.051
2) Mansell (Williams) - 1:43.249
3) Alboreto (Ferrari) - 1:43.748
4) Prost (McLaren) - 1:44.088
5) Rosberg (Williams) - 1:44.156
6) Warwick (Renault) - 1:44.163
7) Cheever (Alfa Romeo) - 1:44.231
8) De Angelis (Lotus) - 1:44.769
9) Johansson (Ferrari) - 1:44.921
10) Piquet (Brabham) - 1:45.194

O dia 23 de junho de 1985 estava quente e ensolarado em Detroit, o que poderia ser um problema para pilotos e equipes. Desde 1982 no calendário, a prova em Detroit era uma das corridas mais longas do campeonato e disputada debaixo de sol forte, poderia deixar os pilotos bastante cansados, além de judiar bastante dos carros e pneus. Na largada, Mansell sai melhor do que Senna, mas não demora muitas curvas para o brasileiro retomar a ponta. Um pouco mais atrás, Rosberg fazia uma largada impressionante, ultrapassando Prost e Alboreto quase que imediatamente e ainda na primeira volta, ultrapassando também o seu companheiro de equipe Mansell, para assumir o segundo lugar. No final do pelotão, Piercarlo Ghinzani, que havia largado em 22º, é a primeira vítima dos muros de Detroit. Correndo em casa, Eddie Cheever também larga bem e quando o pelotão estava se aproximando do final da primeira volta, o americano vinha em quarto, mas um defeito em seu problemático Alfa Romeo fez com que Cheever fosse aos boxes no final da volta, caindo para último.

Senna e Rosberg não eram exatamente amigos desde o incidente nos treinos em Mônaco e por isso havia uma alta expectativa do encontro de dois pilotos agressivos e que não se gostavam muito, mas Senna segurava Rosberg com segurança, enquanto mais atrás, Prost segurava Alboreto e De Angelis, com seu carro mais lento do que seus rivais pelo título. A teoria não estava funcionando na prática em Detroit, com a McLaren sofrendo. Contudo, Senna é ultrapassado de forma fácil por Keke Rosberg na oitava volta e vai aos boxes para trocar pneus. O desgaste dos pneus seria um fator nessa prova e Senna tinha sido a primeira vítima, caindo para 14º. Poucas voltas depois, a corrida da McLaren pioraria bastante com Lauda abandonando (de novo...) na décima passagem com problemas nos freios e Prost sendo ultrapassado de forma contínua por Alboreto e De Angelis, sendo que o francês já era acossado por Johansson, na segunda Ferrari. O francês também sofria com os freios do seu McLaren. Vindo num ritmo muito forte com pneus novos, Senna já aparecia em oitavo, quando deu um toque de leve nos pneus da curva 3, deixando um pneu no meio da pista, mas um corajoso fiscal tira o objeto do meio da pista, mas não evita que Patrick Tambay bata no local na volta 16 e para piorar o dia da Renault, Warwick abandona duas voltas depois com problemas mecânicos.

A Williams fazia dobradinha nos EUA, mas Mansell era alcançado por Elio de Angelis, fazendo uma boa prova, trazendo consigo as duas Ferraris. Enquanto isso, Prost bate no mesmo local de Tambay, com o francês praticamente sem freios, fazendo com que Martin Brundle levasse seu Tyrrell com motor Ford Cosworth aspirado ao sexto lugar. O inglês já tinha surpreendido ao terminar a corrida de 1984 em segundo lugar (antes da desclassificação...), colado em Piquet, e trinta anos atrás estava disposto a repetir o feito. Mansell comete um característico erro e perde o segundo lugar para De Angelis e rapidamente o inglês da Williams era atacado por Johansson. Com Alboreto perdendo rendimento, a Ferrari resolve permitir o sueco ultrapassar o líder do campeonato e logo Johansson se aproveitava da queda de performance de Mansell para assumir o terceiro lugar. Quem subia de forma impressionante era Brundle e o inglês, usando um carro com motor bem menos potente do que o restante do pelotão, ultrapassava Alboreto pelo quinto lugar. Sentindo o carro piorar cada vez mais, Mansell vai aos boxes trocar os pneus, caindo para décimo, mas o inglês já tinha feito o seu serviço, pois seu companheiro de equipe Keke Rosberg já tinha 27s de vantagem sobre o segundo colocado Elio de Angelis. Contudo, a corrida não terminaria bem para o Leão. Mansell passa reto no mesmo lugar que já tinha vitimado Tambay e Prost, mas desta vez o impacto tinha sido forte e Nigel sai do carro amparado pelos médicos, sentindo muitas dores no pulso. Elio de Angelis tinha encontrado uma leva de retardatários e quando foi colocar uma volta em Berger, o jovem austríaco fechou a porta do piloto da Lotus e quebrou a asa dianteira de Elio, que teve que ir aos boxes trocar a frente do seu carro e aproveitou para trocar os pneus, caindo para nono. Pior aconteceu com Brundle. Fazendo a melhor corrida em 1985, Brundle se aproximava para colocar uma volta na RAM de Philippe Alliot na curva do Túnel, mas o francês simplesmente não enxerga o Tyrrell do inglês e bate em Brundle, acabando com a corrida de ambos.

A tumultuada corrida em Detroit seguia com Rosberg 33s à frente de Johansson, que em compensação tinha 10s de vantagem sobre a outra Ferrari de Alboreto. Com pneus um pouco mais novos, Senna já aparecia em quinto, logo atrás da Tyrrell de Bellof, que também fazia uma ótima corrida, mas o alemão não teve como segurar a Lotus-Renault do brasileiro e foi ultrapassado. De Angelis também fazia uma corrida de recuperação e já estava nos pontos. Mesmo na liderança, Keke Rosberg não tinha uma corrida tranquila. O finlandês via assustado a temperatura de óleo e água do motor subir muito. O que Keke não podia ver era que pedaços grandes de papel estavam pregados nos radiadores do seu Williams-Honda e com medo de um superaquecimento, Rosberg foi aos boxes na volta 50, faltando treze para o final. A Williams trocou os quatro pneus, fez uma faxina nos radiadores do FW10 de Keke e mandou o finlandês para a pista apenas alguns metros na frente de Johansson. Com pneus novos, Keke estava agora com a corrida nas mãos. Porém, a emoção não tinha terminado ainda. Senna era o piloto mais rápido na pista e se aproximava de Alboreto, fazendo uma corrida bem apática naquele dia. Quando já tinha a traseira da Ferrari na sua alça de mira, Senna comete o mesmo erro de Tambay, Prost e Mansell, se tornando a quarta vítima da curva 3. Keke Rosberg consegue sua quarta vitória na F1 e a primeira de 1985. Johansson teve um susto nas voltas finais, quando na perseguição à Rosberg, o disco de freio de uma das rodas de sua Ferrari explode e o sueco tem que levantar o pé para receber a bandeirada em segundo, quase um minuto atrás. Alboreto fez uma corrida para terminar e os quatro pontos do terceiro lugar o fez aumentar a vantagem sobre De Angelis e Prost. Bellof chegou bem próximo de Alboreto, mas estava feliz com o quarto lugar, enquanto Piquet marcava apenas o seu primeiro ponto de 1985 com um sexto lugar. Rosberg tinha dominado a corrida após uma primeira volta agressiva, mas estava longe da briga pelo título. Mesmo muito apáticos naquela quente tarde em Detroit, Alboreto e Prost eram os grandes favoritos.

Chegada:
1) Rosberg
2) Johansson
3) Alboreto
4) Bellof
5) De Angelis
6) Piquet

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