domingo, 21 de junho de 2015

Quebrando a banca

Cada vez mais confortável em seu carro, não foi raro ver Lewis Hamilton dizendo este ano que só perde para ele mesmo. E o inglês vinha fazendo por onde, vencendo quatro de sete corridas esse ano, mas uma derrota em Barcelona e o erro da Mercedes em Mônaco ligou o alerta do inglês, que venceu com enorme categoria em Montreal. Retornando à Europa, Nico Rosberg sabia que necessitava quebrar a banca de Hamilton e numa rara largada boa do alemão, Nico assumiu a ponta para vencer praticamente de ponta a ponta o Grande Prêmio da Áustria, derrotando Lewis Hamilton de forma mais enfática desde que a F1 se tornou uma luta dentro do seio da Mercedes. Na briga pelo melhor do resto, Felipe Massa aproveitou o vacilo da Ferrari na troca de pneus de Vettel e segurou o alemão com categoria para garantir o seu primeiro pódio em 2015. Uma vitória, vide o desempenho avassalador da Mercedes.

A corrida se iniciou com a largada impecável de Nico Rosberg, que já na arrancada se alinhou com Hamilton e como o alemão largou por dentro, mas no lado sujo da pista, assumiu a ponta até com tranquilidade. Mais atrás, o fato marcante da corrida foi o grande acidente protagonizado pelos campeões Kimi Raikkonen e Fernando Alonso, com direito ao carro do espanhol ficar em cima da Ferrari do finlandês.  Foi um acidente esquisito, onde Raikkonen já estava na saída da curva, mas, talvez numa troca de marcha, a seu Ferrari deu uma enorme guinada para a esquerda, onde estava Alonso e ambos se arrastaram por vários metros pelo guard-rail, num acidente espetacular visualmente, mas sem maiores problemas para ambos. Para quem queria uma F1 mais perigosa, está aí uma amostra...

Safety-car voltando aos boxes, começa o show da Mercedes, particularmente de Nico Rosberg. Quando assumiu a ponta, o alemão foi atacado  por Hamilton em praticamente todas as freadas da primeira curva, até o safety-car entrar em cena. Era esperado então, que Hamilton repetisse a fome em que partiu para cima de Rosberg na bandeira verde, mas o que se viu foi um Hamilton apático e Nico Rosberg mostrar sua precisão, numa pista que viu vários erros nos treinos. A diferença nunca baixou de 1.8s e após a única parada de ambos Mercedes, a diferença subiu para mais de 6s, deixando Hamilton ainda mais abatido e para piorar, o inglês saiu de forma atabalhoada do pit-lane e cruzou, praticamente com o carro inteiro, a linha branca no final dos pits e recebeu uma penalização de 5s em seu tempo final, algo que não fez a menor diferença, pois a Mercedes continua muito superior aos demais, com Massa recebendo a bandeirada com 17s de desvantagem, sendo que Nico claramente tirou o pé nas voltas finais. Nico deu um sinal de vida na Áustria, o que pode animar o campeonato. Mesmo sendo mais piloto do que seu companheiro de equipe, agora Hamilton tem apenas dez pontos de vantagem no campeonato e somente uma vitória a mais (4x3). Como diria o outro... temos um campeonato!

Na briga do resto, não fosse o erro da Ferrari no único pit-stop de Vettel, a corrida não teria a empolgante luta pela última posição do pódio. O alemão da Ferrari vinha isolado em terceiro, com Felipe Massa também isolado em quarto, quando Vettel viu os mecânicos da Ferrari terem dificuldades em apertar a porca da roda traseira direita do seu carro, perdendo mais de 9s numa operação que leva um terço desse tempo. Atrás de Massa, Vettel demorou abrir luta com o brasileiro e quando o fez, pareceu tarde demais, além do que, Massa foi perfeito em defender sua posição de um carro que vinha bem mais rápido do que ele. Felipe não deu fechadas criminosas ou freou no limite extremo para manter sua terceira posição e garantir o segundo pódio consecutivo da Williams e o seu primeiro na temporada. Bottas largou mal e caiu para sexto, aumentando o trabalho do nórdico, que precisou ultrapassar Max Verstappen e um excelente Nico Hulkenberg para assumir a quinta posição no final da prova. Vettel teve que amargar um quarto lugar num pista em que deu até pinta de que poderia brigar mais à frente, com as Mercedes. Porém, em ritmo de corrida, a Ferrari ficou definitivamente para trás com relação aos tedescos e agora vê uma aproximação gradual da Williams. 

A vitória em Le Mans deu uma levantada definitiva na moral de Hulkenberg, que chegou a andar em quarto, mas seu Force India não era páreo para o melhor equilíbrio da Williams de Bottas, terminando a prova num sólido quinto lugar. Com muita gente cobrando um bom lugar para Hulkenberg na F1, o alemão não vê com maus olhos a péssima fase de Raikkonen, que pela segunda corrida consecutiva rodou sozinho, sem aparentes problemas em seu carro. Sergio Pérez não andou no nível de Hulkenberg, mas marcou dois pontinhos com o nono lugar após uma luta empolgante com os dois carros da Lotus no começo da corrida. Continuando sua ascensão no campeonato, Pastor Maldonado se recuperou de uma má classificação para terminar a corrida em sétimo, mas como não poderia deixar de ser, o venezuelano trouxe emoção extra para a prova, com uma briga encarniçada com Max Verstappen no final da prova, onde Pastor quase rodou duas vezes, sendo que uma, em plena reta dos boxes! Grosjean vinha logo à frente do companheiro de equipe quando o câmbio da Lotus quebrou. Correndo em casa, a trupe da Red Bull sofreu um quase '7x1' ao ficar longe, sequer, do pódio. Max Verstappen, com a Toro Rosso, foi o melhor representante da turma, conseguindo o oitavo lugar após muita luta com Maldonado e os carros da Force India. Tendo o motor que tem, superar com uma Force India-Mercedes (Pérez) e brigar forte com uma Lotus-Mercedes (Maldonado), foi um feito e tanto para o jovem holandês, que não teve nada a ver com a manobra brusca de Maldonado, que quase o fez rodar. Ricciardo ainda salvou um pontinho para a equipe oficial, mas chamou a atenção a forma como Kvyat foi facilmente ultrapassado por Verstappen da equipe júnior da Red Bull. Horner, Marko e Mateschtiz não tem do que chorar, pois Verstappen tem o mesmo motor de Kvyat... A McLaren teve outro final de semana totalmente esquecível, com Alonso ficando com a sobra da rodada de Raikkonen e Button abandonando logo a seguir, com problemas mecânicos. O detalhe é que Button e Alonso sofreram tantas punições por troca de motor, que, teoricamente, teriam que largar 25 posições além do que conseguiram no sábado! A Sauber também foi punida pela queima de largada de Ericsson e a falta de desenvolvimento do carro, que não permitiu Nasr ganhar pontos, mesmo largando no top-10. A Manor largou com seus dois carros, mas apenas Mehri terminou...

Não foi a melhor das corridas, mas nem por isso deixou de acontecer fatos novos. A Mercedes ganhou, mas Hamilton teve sua sequencia quebrada de forma enfática por Rosberg. A Ferrari perdeu 'momentum' na briga com a Mercedes e agora deve olhar para o retrovisor, pois a Williams já está chegando. Porém, não fosse o erro da Ferrari e Vettel conseguiria seu familiar terceiro lugar, enquanto a cúpula ferrarista já deve pensar se vale a pena manter apenas um carro no Mundial de Construtores. A chuva marcada não veio, mas a corrida não terminou como começou.  

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