quinta-feira, 4 de junho de 2015

História: 15 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 2000

A temporada 2000 da F1 chegava à segunda casa da maioria dos pilotos, pois Monte Carlo proporciona um lugar agradável para viver, mas principalmente uma baixa tributação para os pilotos da F1. Mesmo os paddocks improvisados serem terríveis para as equipes, ninguém sequer pensava em tirar a famosa e tradicional corrida das ruas de Mônaco do calendário da F1. Schumacher chegava confiante à Monte Carlo após sua vitória convincente em Nürburgring, enquanto a Ferrari esperava usar as características únicas de Monte Carlo para andar na frente da McLaren, que após um começo de temporada muito ruim devido a falta de confiabilidade, vinha pressionando a Ferrari. Na Williams, a novidade vinha do outro lado do Atlântico. Juan Pablo Montoya dominava os treinos para as 500 Milhas de Indianápolis e mesmo Jenson Button fazendo um bom trabalho em sua primeira temporada, estava praticamente certo que o colombiano, que foi para a equipe de Chip Ganassi como contra peso para a Williams trazer Alessandro Zanardi de volta à F1, retornasse à Europa em 2001 pelo time de Frank Williams.

Após os treinos livres, a maioria do grid escolheu classificar e correr no domingo com pneus moles, porém, os pilotos de Ferrari e McLaren escolheram os pneus duros, pois, pensavam os estrategistas de ambas, a vantagem que tinham para as demais equipes iria eliminar a diferença de 1s entre os dois tipos de pneus. Ledo engano. Se Michael Schumacher confirmou a boa forma e ficou com a pole, Jarno Trulli conseguiu um impressionante segundo lugar, logo à frente de Coulthard. Faltando cinco minutos para o fim da sessão, Hakkinen estava apenas em 17º, mas numa última volta voadora, o finlandês conseguiu o quinto tempo, superando a segunda Ferrari de Barrichello, mas atrás da segunda Jordan de Frentzen. Após uma corrida em Nürburgring muito ruim, a Jordan voltava a brilhar. Outra grande surpresa do dia era o sétimo lugar de Jean Alesi em seu problemático Prost.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:19.475
2) Trulli (Jordan) - 1:19.746
3) Coulthard (McLaren) - 1:19.888
4) Frentzen (Jordan) - 1:19.961
5) Hakkinen (McLaren) - 1:20.241
6) Barrichello (Ferrari) - 1:20.416
7) Alesi (Prost) - 1:20.494
8) Fisichella (Benetton) - 1:20.703
9) R.Schumacher (Williams) - 1:20.742
10) Irvine (Jaguar) - 1:20.743

O dia 4 de junho de 2000 estava ensolarado e quente em Monte Carlo, propiciando um clima perfeito para o Grande Prêmio de Mônaco. A Ferrari mostrou seu potencial no warm-up, com Schumacher liderando uma dobradinha. Largando na pole e com o ritmo que vinha mostrando, o alemão estava com a faca e o queijo na mão para mais uma vitória na temporada. Bastava uma boa largada. Porém, os procedimentos de largada em Mônaco foram especialmente complicados quinze anos atrás. Primeiro, Pedro Paulo Diniz ficou parado no grid no começo da volta de apresentação, fazendo com que o brasileiro largasse na parte de trás do pelotão. Porém, antes mesmo da largada, o motor de Wurz quebrou e a partida foi abortada. Para piorar as coisas para Wurz (1,87m), o carro reserva da Benetton estava acertado para Fisichella (1,71m). Na segunda largada, Schumacher sai sem problemas, mas segundos após os pilotos passarem pela St. Devote, apareceu uma bandeira vermelha 'fantasma'. Não houve nenhum incidente na pista para trazer a bandeira vermelha, mas o problema foi um... erro de software! Porém, quando os pilotos chegaram no Hairpin Grand Hotel, Pedro de la Rosa tentou ultrapassar Button e os dois bateram, criando um grande engarrafamento. Agora sim, um incidente para trazer a bandeira vermelha. Button, Zonta, Heidfeld, Diniz e Gene correram de volta aos boxes para pegar o carro reserva, enquanto De la Rosa não acreditava no seu azar. O espanhol tinha largado com o carro reserva após bater o titular no warm-up. De la Rosa não tinha dado uma volta sequer na corrida, mas tinha destruído dois carros!

Após tantos problemas, a relargada aconteceu sem maiores dramas e Schumacher novamente largou bem, mantendo a ponta à frente de Trulli, Coulthard, Frentzen e Hakkinen. Ralf Schumacher consegue uma largada estupenda, pulando de nono para sexto, inverso fazendo Barrichello, que caiu de sexto para oitavo. Seria uma corrida de paciência para o brasileiro, pois mesmo tendo um bom carro nas mãos, Barrichello sabia que ultrapassar em Mônaco beirava o impossível. E ainda é! Em cinco voltas, Schumacher já abria 6s para Trulli, que segurava Coulthard, enquanto metros depois, Frentzen fazia o mesmo com Hakkinen. Era a situação perfeita para o alemão da Ferrari! Na volta 19, Wurz bate na curva St. Devote, lugar tradicional de acidentes, mas em 2000 os eficientes comissários monegascos cortariam um dobrado... Duas voltas depois, no mesmo local de Wurz, o argentino Mazzacane bate sua Minardi na St. Devote. Enquanto isso, Schumacher abria, em média, 1s por volta em cima de Trulli, que segurava Coulthard e Frentzen fazia o mesmo com a outra McLaren. Ron Dennis estava careca de saber que as ultrapassagens ocorreriam somente nos boxes. E esse momento se aproximava!

Porém, para tristeza da McLaren, a primeira visita de seus pilotos aos pits não fui para uma parada programada. Mika Hakkinen entrou nos boxes na volta 35 com um problema nos freios. Após uma inspeção, descobriu-se que cabos do rádio causaram um mau contato e após o problema ter sido resolvido, Mika retornou à pista apenas em 11º, na esperança que mais acidentes, como o de Diniz na volta anterior na St. Devote, acontecesse e o finlandês conseguisse algum ponto. Porém. nem tudo estava perdido para a McLaren, quando Jarno Trulli foi aos boxes na volta 36 com o câmbio quebrado e Coulthard assumia a segunda posição, mas 36s atrás de Schumacher. Se Michael liderava, Ralf passava por um drama. O alemão vinha na reta dos boxes quando encontrou a McLaren de Hakkinen, após este resolver seu problema. O piloto da Williams tentou não perder tempo, mas acabou como Wurz, Mazzacane e Diniz: no muro da St. Devote. Porém, o caso de Ralf foi mais grave. Uma parte da suspensão da Williams perfurou o monocoque e cortou a perna esquerda do irmão mais novo Schumacher. Foi um corte profundo e Ralf teve que ir ao hospital. Schumacher Senior foi aos boxes na volta 49 e retornou à pista ainda em primeiro. Coulthard estava andando no mesmo ritmo da Ferrari e estava apenas 7s atrás do alemão, mas o escocês estava prestes a fazer sua única parada. Contudo, num golpe de sorte para a McLaren, quando Schumacher abriu a 55º volta, o alemão diminuiu a velocidade na reta, sentindo o seu carro solto. Enquanto Coulthard fazia sua parada programada, Schumacher entrou nos boxes com a sua Ferrari toda torta e abandonava a corrida com a suspensão quebrada, mas a causa-raiz do problema foi uma quebra do escapamento, que cozinhou a suspensão até quebrar.

Com isso, Coulthard assumia a liderança da corrida com larga vantagem sobre Frentzen, que tinha Barrichello logo atrás. Mais atrás, uma briga revivia os tempos de F3 Inglesa no começo da década de 1990, com Hakkinen atacando Salo na batalha pela sexta posição. Era Mika x Mika! Porém, o guard-rail da St. Devote não tinha acabado o seu trabalho e após ter trazido Zonta, Frentzen foi a vítima final, contabilizando seis carros destruídos no local. Um verdadeiro ferro-velho de carros de corrida milionário! O acidente do alemão da Jordan foi praticamente a última coisa importante antes da bandeirada para o vencedor David Coulthard, o primeiro britânico a vencer em Monte Carlo desde Jackie Stewart em 1973. Barrichello terminou em segundo após uma corrida de muita paciência, onde sempre tinha um carro mais lento do que o seu à sua frente. Completando o pódio de uma corrida de sobreviventes, chegou Fisichella com a Benetton, sendo que o próprio italiano teve um pneu furado durante a corrida, mas 'Fisico' conseguiu seu objetivo de pontuar. Falando nisso, Irvine conseguiu os primeiros pontos da Jaguar, enquanto Salo conseguiu segurar Hakkinen nas voltas finais, mas se o Mika da Sauber estava feliz com os pontos, o Mika da McLaren estava chateado após um final de semana muito complicado em Mônaco. Foi uma corrida cheia de surpresas e acidentes, que proporcionou uma vitória de sorte para Coulthard, que se aproximava de Schumacher no campeonato.

Chegada:
1) Coulthard
2) Barrichelo
3) Fisichella
4) Irvine
5) Salo
6) Hakkinen

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