No ano passado, a Mercedes só não fez dobradinha em Montreal e perdeu a corrida para a Red Bull de Daniel Ricciardo, por causa de problemas nos freios traseiros de seus dois carros. Temendo que o problema causasse outra decepção, desde cedo a equipe pediu a Hamilton e Rosberg cuidar das patadas com o pé esquerdo. Se não fosse isso e os cuidados com o combustível, Lewis Hamilton teria uma vitória ainda mais tranquila do que foi, onde administrou Nico Rosberg na metade final da corrida, mas assim como o inglês, Nico também se preocupava com freios e combustível. Hoje, Nico não teve a sorte ao seu lado. O mesmo não pode dizer Valtteri Bottas, que se aproveitou de uma bobeada monstro de Kimi Raikkonen para conseguir o seu primeiro pódio em 2015, além da Williams.
Como era de se imaginar, os dois carros da Mercedes dominaram, como dizem os ingleses, de 'bandeira a bandeira'. Hamilton e Rosberg tiveram largadas convencionais, mas mantiveram a ordem da largada, com leve vantagem do inglês no primeiro stint da corrida, com pneus supermacios, onde Hamilton chegou a colocar 4s de vantagem sobre Rosberg. Na única parada de ambos, a mudança para os pneus macios favoreceu Rosberg, que chegou a diminuir a diferença para 1s, mas em todo tempo Lewis e Nico tinham seus engenheiros chamando a atenção sobre os freios traseiros, problema que tirou a vitória da Mercedes em 2014, e também combustível. Nico tentou manter uma certa distância para dar o bote no fim, mas Hamilton manteve a corrida sobre controle e venceu de ponta a ponta, voltando a bater Nico Rosberg, algo que só não ocorreu em Mônaco por um erro da Mercedes, que pareceu bem tranquila nos pits, com Niki Lauda e Toto Wolff chegando a brincar na frente das câmeras. Com essa vitória, Lewis Hamilton volta a pôr ordem na casa da Mercedes. Após seu título em 2014, Hamilton voltou para essa temporada ainda mais confiante e batendo consecutivamente Nico Rosberg, sem muita resposta do alemão. Abrindo novamente diferença no campeonato, Lewis Hamilton parte impávido rumo ao tricampeonato.
Como também era de se imaginar, ver dois pilotos com ótimos carros largando nas últimas posições significaria uma sequencia boa de ultrapassagens e foi isso que Vettel e Massa demonstraram em toda a corrida, com destaque para o alemão, que fez uma parada a mais do que Felipe e saiu mais atrás no grid. Contudo, não se pode colocar uma única vírgula na prova de Massa, que fez várias ultrapassagens, algumas bem seguras, outras arrojadas, como no caso de Ericsson, para terminar em sexto. Bottas fez uma prova discreta, mas ao mesmo tempo muito sólida. O finlandês se manteve a maior parte do tempo em quarto, comboiando a distância Raikkonen, mas um erro do seu compatriota da Ferrari pôs Bottas tranquilamente no pódio, o primeiro da Williams nesse ano. Kimi teve outra corrida para esquecer em Montreal, pois uma rodada bisonha no grampo jogou um pódio certo no lixo e nem mesmo uma segunda parada, para colocar pneus supermacios e atacar Bottas, fez Raikkonen se aproximar do compatriota. Para piorar as coisas para Kimi, seu companheiro de equipe de um show. Vettel ficou pouco tempo com pneus supermacios, partindo para os macios quando ficou empacado atrás de Ericsson e Massa. Andando no mesmo ritmo da Mercedes, Vettel fez tantas ultrapassagens como Massa, chegando a ter um toque polêmico com Hulkenberg na última chicane. Assim como Raikkonen, Vettel fez uma segunda parada e mesmo largando quinze posições atrás do companheiro de equipe, o alemão chegou menos de 10s atrás de Raikkonen, na quinta posição. Ainda tem anta que diz que Sebastian Vettel não é um grande piloto...
A Lotus poderia ter completado sua melhor prova do ano, mas um erro besta de Romain Grosjean, quando o francês tocou no bico da Manor de Will Stevens e furou um pneu (menos mal que na entrada do boxe), fez os aurinegros só comemorarem mesmo os primeiros pontos de Maldonado. Sentindo a pressão de não ter marcado pontos ainda, Pastor fez uma corrida longe de mostrar a sua agressividade habitual, se deixando ultrapassar sem muita briga, mas o venezuelano pôde completar a prova em sétimo, enquanto Grosjean ainda salvou um décimo lugar, mesmo com uma punição pelo toque com Stevens. Mesmo rodando após um toque com Vettel, Hulkenberg fez uma prova sólida, como é de sua característica e terminou num bom oitavo lugar, enquanto Pérez decepcionou após sua bela exibição em Monte Carlo e ficou fora dos pontos. Foi um final de semana onde quem andou com motores Mercedes, se deu muito bem, mesmo equipes (Lotus e Force India) em fases não tão boas. Quem não estava com motor Mercedes, sofreu bastante...
Um ano após sua primeira vitória na F1, Daniel Ricciardo fez uma corrida medonha, fora dos pontos e até mesmo longe de Daniil Kvyat, que ainda salvou uns pontinhos para a Red Bull com um nono lugar. O raquitismo do motor Renault ficou clado em Montreal, lugar de retas longas e muita tração. Os meninos da Toro Rosso andaram no mesmo nível que o pessoal da Red Bull, com Verstappen sendo o último da turma dos touros vermelhos. A Sauber usa motores Ferrari, mas o problema da equipe suíça é da falta de desenvolvimento, mas chamou a atenção a péssima corrida de Felipe Nasr, só ficando à frente da Manor de Stevens e pela primeira vez superado por Ericsson. O acidente no terceiro treino livre, causado pelo brasiliense, o deixou com dores e talvez isso explique a má corrida de Nasr. A última (literalmente!) montadora, a Honda, teve outro dia para esquecer. A parceria McLaren-Honda até agora vem sendo um fiasco completo e nem Alonso, nem Button, puderam escapar de outro abandono após andarem sempre entre os últimos colocados. Era esperado dificuldades nos primeiros passos da Honda na F1, mas até o momento está muito complicado explicar o que está havendo com dois nomes (McLaren e Honda) tão tradicionais na F1.
Se não fossem os freios, a Mercedes teria uma vitória ainda mais tranquila do que hoje, com Hamilton podendo andar mais do que já o fez hoje. Se a Ferrari é conhecida por cuidar mais dos pneus do que a Mercedes, hoje se viu a equipe italiana sendo um das poucas a fazer duas paradas. A diferença da Mercedes para as demais já parece praticamente intransponível e com Hamilton andando do jeito que está, só se o avião cargueiro (toc, toc, toc) que irá levar os carros da Mercedes de volta á Europa sofrer um acidente.
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