A frase dita à exaustão pelo narrador Luís Roberto durante a corrida em Baku dá a real dimensão do corridão de hoje no final da manhã. Que corrida foi essa amigos? Antes de mais nada, vamos olhar o pódio. Daniel Ricciardo bateu na classificação, largou mal e por isso mudou a estratégia, caindo para as últimas posições. Valtteri Bottas voltou a se envolver num acidente com seu compatriota Kimi Raikkonen durante a primeira volta e com o pneu traseiro furado ainda no começo de uma volta de seis quilômetros, chegou a perder uma volta. Lance Stroll. Bom, o jovem canadense já estava sendo considerado com razão como o pior estreante dos últimos tempos. Pois foi Ricciardo, Bottas e Stroll que receberam a quadriculada na frente no dia de hoje em uma corrida confusa por conta da natureza do circuito e por descuido da organização, além da infame corrida dos dois líderes do campeonato.
Após a espetacular corrida da MotoGP, a expectativa para a prova em Baku era mesmo baixa, ainda mais pela corrida sonolenta do ano passado e pela forma exuberante de Hamilton, que largou na ponta e disparou, com Vettel se aproveitando de outro entrevero entre Raikkonen e Bottas para assumir a segunda posição. Hamilton estava com a corrida na mão, mas uma série incrível de safety-cars fez com que a cara da corrida mudasse definitivamente. E até mesmo o nível de respeito entre Hamilton e Vettel. Numa dessas relargadas, Hamilton fez algo que sempre se fez na F1: ficou acelerando e freando para pegar o segundo colocado de surpresa e estilingar na frente. Por sinal, Lewis havia feito isso numa das relargadas. Porém, Vettel não prestou atenção e acertou a traseira da Mercedes de Hamilton. Injuriado, Vettel colocou sua Ferrari do lado de Lewis e jogou o carro para cima do inglês. Uau! Briga de trânsito na F1. Na bandeira vermelha causada pelos inúmeros detritos na pista, os dois não se olhavam, mas estavam claramente tensos e nervosos. Para sorte de Vettel, a corrida foi interrompida e pôde se trocar a asa dianteira, mas ele merecia e acabaria punido. Virada no campeonato? Os mesmos deuses que mandaram chuva em Assen fez com que um problema incomum destruísse a corrida de Hamilton. Seu protetor de cabeça começou a se soltar de forma estranha. Hamilton, no desespero, tentou segurar, mas era preciso parar. Toto Wolff xingava, mas não tinha o que fazer. Logo depois veio a punição para Vettel, que parou algumas voltas depois. A penalidade de 10s para Vettel demorou 12.1s, mas o alemão tinha feito o dever de casa ao andar muito rápido e sair na frente de Hamilton, que tentou ataques, mas acabou mesmo atrás de Vettel. Até agora havia muito respeito entre os dois supercampeões, mas essa troca de atitudes pode mudar tudo até o final de um campeonato que ainda nem chegou à metade e viu Vettel aumentar a diferença no campeonato quando tudo levava crer no contrário.
E a corrida acabou no colo de Daniel Ricciardo. O australiano vinha tendo um final de semana problemático, pois sempre andou atrás de Max Verstappen, bateu na classificação, o fazendo largar em décimo e Daniel não saiu bem no apagar das luzes vermelhas. Numa pista que não favorece seu motor Renault, Ricciardo não prometia ter uma corrida das mais agradáveis, até porque logo ele teve que mudar de estratégia e caiu para as últimas posições. As primeiras ultrapassagens foram fáceis, mas chegar na frente, principalmente dos carros com motor Mercedes seria bastante difícil, mas a sequência de safety-car deixou Ricciardo numa posição privilegiada e o toque entre os dois carros da Force India fez com que o piloto da Red Bull ficasse em terceiro, atrás dos líderes do campeonato que tiveram problema. Quando assumiu a ponta, Ricciardo fez uma corrida solitária e apenas rezou para não ter o mesmo problema que alijou Max Verstappen ainda no começo da corrida, quando atacava o terceiro colocado Sérgio Pérez. Foi o quarto abandono em seis corridas do holandês e a prova de que a Red Bull ainda tem no que melhorar no quesito confiabilidade antes de pensar em alcançar Mercedes e Ferrari. Se a briga entre Vettel e Hamilton é (ou era) tranquila, o mesmo não acontece entre os finlandeses Kimi Raikkonen e Valtteri Bottas. Mais uma vez os dois nórdicos bateram, ainda na primeira volta, acabando com a corrida de ambos. Na teoria. Com o carro caindo aos pedaços, Kimi foi perdendo rendimento, pegou as sobras do acidente entre Ocon e Pérez, lhe causando um pneu furado, conseguiu voltar à corrida graças a bandeira vermelha e ainda assim abandonou. Bottas parecia o mais prejudicado, pois teve o pneu traseira furado no começo de um circuito de seis quilômetros, se arrastando até os boxes, acabando com o seu assoalho enquanto perdia uma volta. Valtteri ainda conseguia ser rápido, mas só foi graças ao safety-car que ele pôde recuperar a volta perdida e começar uma incrível corrida de recuperação, onde ultrapassou vários carros, se viu na briga pelo pódio quando ultrapassou um combativo (até demais...) Ocon e partir para uma ultrapassagem em cima da linha de chegada em cima de Stroll que lhe deu um miraculoso segundo lugar, o deixando poucos pontos atrás de Vettel na briga pelo título. Se na Ferrari as coisas estão bem definidas de quem é o primeiro, na Mercedes as coisas não estão tão claras assim e Bottas mostrou uma resiliência impressionante.
Apesar da comemoração com Lance Stroll, a Williams tinha muito o que lamentar, pois a corrida estava nas mãos de Felipe Massa. O brasileiro estava fazendo uma corrida como há muito não se via, com ultrapassagens de tirar o chapéu nas relargadas, o deixando em terceiro, confortavelmente à frente de Ricciardo. Quando se deu a relargada após a bandeira vermelha e era quase certo a punição à Vettel (no mínimo um segundo lugar estava no bolso), Massa soltou um 'Oh my god', no rádio, denunciando que havia algo de errado no seu carro. Um problema de suspensão o fez ser ultrapassado por Ricciardo e Stroll (o australiano passou os dois carros da Williams de uma vez!) e pelo resto do pelotão. Do jeito que vinha guiando e pela posição na pista, a vitória hoje era de Felipe Massa, mas a Williams teve a oportunidade de comemorar o pódio de Lance Stroll. O canadense ganhou confiança com os seus pontos em casa e pela primeira vez nesse ano, superou Massa. Stroll não se meteu em nenhuma confusão durante uma prova longa num circuito traiçoeiro, onde vários carros bateram ou saíram da pista. No final da corrida, estava apenas 5s atrás de Ricciardo, mas não poderia fazer muita coisa com relação à aproximação de Bottas, que lhe passou feito um raio na linha de chegada. Um pequeno vacilo do Stroll, que podia ter olhado mais para o retrovisor, mas nada que posso lhe tirar a genuína alegria de ter subido ao pódio pela primeira vez na carreira, se tornando o mais jovem a fazê-lo. De pior estreante dos últimos tempos ao primeiro pódio da Williams no ano... que reviravolta!
Se o pós-corrida da Force India foi tenso no Canadá, nesse momento no Azerbaijão a coisa deve estar pegando fogo! Pérez assumiu a terceira posição após o incidente entre Bottas e Raikkonen na primeira volta e com o abandono de Verstappen, parecia se encaminhar ao pódio, quando foi ultrapassado belamente por Massa, Ocon pensou o mesmo e os dois acabaram se tocando, destruindo a bela corrida de Pérez, que ainda voltou à prova com a bandeira vermelha, mas acabou abandonando. Da mesmo forma como Bottas, Ocon teve um pneu furado, voltou à corrida com força e chegou a sonhar com o pódio, mas acabou engolido pelas Mercedes de Bottas e Hamilton, além da Ferrari de Vettel, garantindo um bom sexto lugar, mas tendo muito o que explicar para os chefes da Force India. Pode estar se formando uma nova dupla do barulho na F1. Algo parecido com a Sauber. Com a demissão polêmica de Monisha Kalterborn, que queria manter a igualdade entre seus pilotos, Marcus Ericsson assumiu de vez o status de queridinho da Sauber. Muito mais piloto, Wehrlein pediu para Ericsson ceder sua posição, no que a equipe se negou. 'Passa na pista', respondeu a Sauber. 'OK', respondeu o alemão, que deu um chega-pra-lá no alemão para ficar com a última posição de ponto no campeonato e deixando Ericsson no zero. Carlos Sainz rodou na primeira volta ao desviar de Danill Kvyat, mas soube se esquivar dos problemas para marcar pontos com o oitavo lugar. Kvyat provocou o primeiro safety-car e denunciou os graves problemas de organização no Azerbaijão, com a corrida neutralizada por tempo demais por um carro parado num local até mesmo sem tanto perigo.
Kevin Magnussen chegou a ficar em terceiro, mas a Haas nunca teve um bom rendimento em Baku e o dinamarquês acabou em sétimo, enquanto Grosjean, sofrendo o final de semana inteiro com os freios, terminou em último. A McLaren esperava sofrer num circuito com uma reta tão longa. E realmente sofreram. Porém, Alonso aprontou das suas, chegou a correr em quinto, brigou com Vettel e Hamilton, para não perder o costume, e conseguiu os primeiros pontos da McLaren, mesmo já sofrendo com problemas de motor no final. Vandoorne também terminou a corrida, num grande esforço do belga. A Renault foi a única que terminou com as mãos abanando com o problema cedo no carro de Jolyon Palmer (que talvez nem volte...) e o acidente de Nick Hulkenberg num erro bobo do alemão quando tinha ótimas chances de marcar bons pontos.
Num pódio alegre no final de tarde em Baku, Ricciardo voltou à vencer numa corrida cheia de alternativas e surpresas. Bottas conseguiu a melhor corrida de recuperação dos últimos tempos e sua ultrapassagem sobre Stroll na linha de chegada entrou para a história. Mesmo com o vacilo, Stroll também colocou seu nome na história. Porém, fora das pistas, qual será a atitude de Vettel e Hamilton, que chegaram separados por apenas dois décimos? Hoje podemos ter visto um turning point no campeonato após uma corrida inesquecível.
E achei que Hamilton poderia e merecia também ser punido,pois aquele brake-test foi beeeem maroto mesmo,o que mostra que Lewis de puro,ingênuo e santo não tem nada,alias nunca foi.
ResponderExcluir(O que não justifica a atitude de Vettel,que foi merecidamente punido).
Mas depois o destino acabaria punindo Lewis mais a frente...
E o pessoal da Globo de novo voltando naquela história do favorecimento da Sauber ao Ericsson em detrimento do Nasr.
Com todo o respeito,Nasr não fez nada de marcante em 2016 pra merecer melhor tratamento da Sauber a ele.
E Wehrlein mostrou mais uma vez o porque de merecer um lugar melhor e o que Nasr deveria ter feito ano passado pra se manter na F1. Mais um pontinho em outra bela exibição.