Há pistas que se tornam especiais para um piloto e Montreal é o caso de Lewis Hamilton. Assim como Jacarepaguá foi para Alain Prost e Monte Carlo era para Senna, a pista canadense é a preferida de Hamilton, lugar da primeira pole e vitória do inglês na F1 dez anos atrás e hoje Lewis venceu pela sexta vez em Montreal, ficando apenas uma vitória de se igualar ao maior vencedor da pista, Michael Schumacher. No final de semana onde se igualou a Senna no quesito poles, Hamilton também melhorou substancialmente sua posição no campeonato, com Vettel ficando de fora do pódio pela primeira vez em 2017 por um incidente na largada.
A esperada disputa entre Hamilton e Vettel não aconteceu muito pela má largada do alemão. Vettel foi imediatamente ultrapassado por Bottas e quando Max Verstappen viu a brecha por fora, o holandês foi com tudo, mas acabou quebrando parte da asa dianteira de Vettel, que após o safety-car teve que trocar o bico, quando esse foi se desmanchando, caindo para último e iniciando uma bela corrida de recuperação. A briga pela vitória foi definida naquela momento e ficou ainda mais tranquila quando Max Verstappen quebrou ainda no início da prova quando ocupada a segunda posição. Tendo Valtteri Bottas como escudeiro, Lewis Hamilton sabia que bastava não errar e fazer suas corridas de administração para vencer em Montreal pela sexta vez, como dizem os ingleses, num 'Sunday drive'. Só faltou Hamilton botar o braço do lado de fora para sentir o vento, tamanha a facilidade com que venceu hoje. Bottas fez uma corrida tão discreta, que mal foi visto na transmissão da prova e completou a primeira dobradinha da Mercedes em 2017. Lembrando como foi nos últimos três anos, a primeira dobradinha Mercediana demorou quase meia temporada, mas veio no momento certo em ambos os campeonatos.
Após cair para último, Vettel só teve um safety-car virtual para lhe ajudar, o que não foi muito, e por isso o alemão teve que remar bastante para chegar na quarta posição. Foi a primeira vez que Vettel ficou fora do pódio esse ano e num campeonato tão apertado e de alto nível, o quarto lugar depois de cair para último foi uma diminuição de prejuízo, mas os pontos perdidos poderão fazer falta, pois a Ferrari era a grande favorita após os treinos livres, mas acabou vendo a Mercedes fazer dobradinha e voltar a liderança do Mundial de Cosntrutores. Raikkonen teve outra corrida apática, onde escapou de bater no muro nas primeiras voltas e foi ultrapassado por Sergio Pérez. Daí em diante, Kimi foi incapaz de ultrapassar o mexicano e apesar de Pérez ter um carro empurrado por motor Mercedes, mais uma vez Raikkonen não conseguiu realizar uma ultrapassagem num carro mais lento do que o seu. No final, Kimi teve alegados problemas nos freios, mas ficou mais parecido com uma ordem de equipe da Ferrari, onde Raikkonen cedeu sua posição para Vettel poder atacar a melhor briga da corrida.
Max Verstappen fez, provavelmente, a melhor largada do ano ao pular de quinto para segundo na primeira volta, mas a confiabilidade da Red Bull deixou o holandês à ver navios ainda no começo da corrida, para desespero da cúpula austríaca. Porém, Daniel Ricciardo soube aproveitar dos problemas da Ferrari e do infortúnio do seu companheiro de equipe para alocar em terceiro após sua única parada, mas com pneus mais duros do que os pilotos da Force India, que surpreenderam nesse final de semana ao andar de igual para igual com a Red Bull e fazendo a Ferrari mudar de estratégia para ultrapassa-los. No que poderia ser o melhor final de semana da Force India acabou sendo uma dor de cabeça para os chefes do time após a corrida, pois a boa atuação dos pilotos do time hindu fez com que brigassem roda a roda, além de um não aceite de ordem de equipe. O novato Ocon pediu à equipe para trocar de lugar com Pérez e atacar Ricciardo, algo que o mexicano se recusou. Quando Vettel apareceu como uma furacão atrás dos carros da Force India, os dois pilotos dos carros rosas brigaram forte pela quinta posição, com Pérez permanecendo à frente, mas tendo que se explicar por não ter cedido sua posição para Ocon, que parecia ter mais carro e poderia efetivamente subir ao pódio ao atacar um vulnerável Ricciardo. Ocon se mostra cada vez mais como o melhor novato do ano. O outro novato a se destacar foi Lance Stroll, que marcou seus primeiros pontos do ano numa corrida forte e cheia de ultrapassagens, num circuito perigoso como o de Montreal. Mesmo sendo canadense, Stroll teve que se adaptar à pista onde nunca havia competido e em sua melhor corrida do ano, garantiu seus primeiros pontos na carreira, o que pode ser um impulso para a sua confiança.
Nico Hulkenberg garantiu mais pontos para a Renault, enquanto Romain Grosjean fechou a zona de pontuação após ter protagonizado o momento mais perigoso da corrida na primeira volta, ao se estranhar com Carlos Sainz, com o espanhol perdendo o controle do carro no meio do pelotão e atingindo com força Felipe Massa, que definitivamente não tem muita sorte em Montreal. Alonso estava pontuando pela primeira vez em 2017 quando seu motor estourou na penúltima volta, mas nessa sua fase low-profile, o espanhol subiu para as arquibancadas e jogou suas luvas para a torcida em outro momento simpático do normalmente sisudo Fernando. Magnussen distribuiu fechadas e ainda assim não foi punido, mas acabou fora da zona de pontuação, como Palmer, Vandoorne e os dois carros da Sauber.
Não foi das corridas mais emocionantes, pois a expectativa era alta em ver uma briga forte entre Vettel e Hamilton, mas uma má largada do piloto da Ferrari pôs tudo a perder. Uma mal acerto ou uma má largada pode definir os rumos de um campeonato forte e de alto nível, disputado entre Vettel e Hamilton, vencedor de hoje.
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