quarta-feira, 15 de agosto de 2018

História: 25 anos do Grande Prêmio da Hungria de 1993

Quando nos lembramos da temporada de 1993, imediatamente vem a memória as belíssimas e improváveis vitórias de Ayrton Senna naquele ano, principalmente para aqueles que não acompanharam o que aconteceu 25 anos atrás. As vitórias geniais do brasileiro foram pontos fora da curva de um campeonato dominado pela Williams e por Alain Prost. A F1 necessitava urgentemente de mudanças, nem que muitas fossem artificiais. A concorrência cada vez mais forte da Indy, que em 1993 contava com Nigel Mansell, também incomodava Bernie Ecclestone e o corpo dirigente da FIA. Antes da corrida na Hungria, decidiu-se que todas as ajudas eletrônicas seriam banidas a partir de 1994, sobrando apenas o câmbio borboleta (já amplamente usado) e a telemetria. Boa parte dos pilotos gostaram das medidas, mas logo veio a ducha de água fria com a implantação da obrigatoriedade do reabastecimento. Absolutamente ninguém gostou da ideia por achar o reabastecimento muito perigoso e usado unicamente para criar mais um imponderável nas corridas, já que as duas últimas temporadas tinham sido consideradas muito previsíveis. Prost foi um dos maiores críticos da nova regra.

O francês ficava cada vez mais insatisfeito com os rumos que a F1 tomava e já projetava a sua aposentadoria definitiva, mesmo liderando com 27 pontos e sendo favorito absoluto ao título de 1993. Prost nunca havia vencido no travado circuito de Hungaroring, mas isso não impediu que ele conquistasse sua décima pole no ano e a trigésima na carreira. Vindo de duas derrotas doídas, onde liderava quando abandonou, Damon Hill completava a primeira fila, com Schumacher e Senna vindo a seguir, mas chamava a atenção a diferença entre os dois, com o alemão mais de 1s na frente do brasileiro da McLaren. Martini surpreendia ao colocar sua Minardi em sétimo, assim como a dupla da Footwork fechando o top-10.

Grid:
1) Prost (Williams) - 1:14.631
2) Hill (Williams) - 1:14.835
3) Schumacher (Benetton) - 1:15.228
4) Senna (McLaren) - 1:16.451
5) Patrese (Benetton) - 1:15.561
6) Berger (Ferrari) - 1:16.939
7) Martini (Minardi) - 1:17.366
8) Alesi (Ferrari) - 1:17.480
9) Warwick (Footwork) - 1:17.682
10) Suzuki (Footwork) - 1:17.693

O dia 15 de agosto de 1993 amanheceu limpo e quente em Budapeste, o mesmo clima que fora visto em praticamente todos os anos desde que a F1 chegou à Hungria sete anos antes. Prost passou o ano lutando com um problema de embreagem em sua Williams e quando foi autorizado aos pilotos saírem para a volta de apresentação, o francês ficou parado, entregando a pole para Hill, seguido por Schumacher, Senna e Patrese. Assim como havia acontecido outras vezes Prost conseguiu fazer seu carro funcionar, mas o piloto da Williams teria que largar em último. A corrida já teria a garantia de uma corrida de recuperação. Hill larga muito bem e mantém a primeira posição, o mesmo não acontecendo com Schumacher, que era ultrapassado por Senna e Berger, que havia feito uma bela largada. Schumacher havia freado muito tarde na primeira curva e acabou indo para o lado sujo da pista, mas não perde mais posições, ficando à frente de Alesi, que na outra Ferrari também havia feito uma ótima largada.

Hill se via novamente na primeira posição e sem Prost para lhe importunar. Era mais uma chance para o inglês finalmente conquistar sua primeira vitória na F1. Schumacher fazia um início de corrida espetacular, ultrapassando Patrese na segunda volta e numa ousada manobra, ganhava a terceira posição de Berger por fora da primeira curva. Porém, na mesma volta, a quinta, ele roda e cai para décimo. O alemão tinha problemas nos freios, mas isso não diminuía seu ímpeto, pois logo Michael voltava a ultrapassar quem via pela frente, até estancar na sétima posição, atrás do seu xará Andretti. Enquanto isso, o companheiro de equipe de Andretti corria num solitário segundo lugar, tomando 1s em média por volta do tranquilo líder Hill. Berger era pressionado por Patrese na briga pela terceira posição, mas o italiano não tinha um terço da agressividade do seu companheiro de equipe, mesmo tendo claramente um carro superior ao de Berger. Quando Andretti abandona na volta 15 com um problema no acelerador, Schumacher imediatamente encosta em Alesi, que se aproximava de Patrese na medida em que o italiano não conseguia ultrapassar Berger na briga pela terceira posição, que viraria pela segunda posição quando Senna abandona na volta 17 com o mesmo problema de Andretti. 

Schumacher fazia uma corrida de tirar o fôlego e em duas voltas ultrapassava Alesi e Patrese, partindo para cima de Berger na luta pela segunda posição. Mostrando bem o seu talento e impetuosidade, o alemão não demorou uma volta atrás de Berger para ultrapassar a Ferrari, algo que seu companheiro de equipe não conseguiu em várias voltas. A dupla da Ferrari vai aos boxes trocar pneus e por isso quem entrava na luta pelo pódio era Prost, que atropelou todo o pelotão e já ameaçava Patrese. Alesi estava com pneus novos e lutava contra Christian Fittipaldi pela nona posição quando os dois se tocaram no final da reta dos boxes e abandonaram. Na volta 23 Prost entra nos boxes da Williams com problemas elétricos e mesmo sem abandonar, ficou várias voltas atrasado. A diferença de Hill era tamanha, que ele foi atrapalhado pelo carro de Prost no seu pit-stop e ainda voltou em primeiro, mas sua vantagem aumentaria ainda mais quando a bela corrida de Schumacher acabou na volta 26 bom um problema na bomba de combustível. Patrese assumia a segunda posição e quando o italiano faz sua parada, ele retornou na frente de Berger. 

Na metade da corrida, Hill tinha uma liderança de quase um minuto na frente de Patrese, que corria sozinho na frente, enquanto o terceiro colocado Berger tomava uma volta da Williams. Para evitar qualquer eventualidade, Damon faz uma segunda parada na volta 46. O pneu furado em Hockenheim ainda estava vivo na memória do inglês, que ainda assim liderava folgado na frente. Berger também vai aos boxes pela segunda vez e cai para sexto. Com pneus novos, o austríaco parte para o ataque, ultrapassando Martini e se aproximando da dupla inglesa Warwick e Brundle, que brigavam pela terceira posição. Berger ultrapassa Brundle numa manobra muito agressiva, deixando o inglês irritado depois da corrida. Martini perde uma chance de ouro para pontuar ao bater já nas voltas finais, fazendo com que Wendlinger entrasse na zona de pontos. Sem visitar o pódio desde 1984, Warwick se segurava como podia dos ataques de Berger, mas o piloto da Ferrari assumiria a terceira posição quando faltavam apenas dez voltas para o fim. A diferença de Hill para os demais era tamanha, que ele chegou a encostar no segundo colocado Patrese para lhe colocar um volta, mas o inglês preferiu diminuir o ritmo e garantir sua primeira vitória na F1. Patrese garantia seu melhor resultado em 1993 e também seu último pódio na F1. Berger retornava ao pódio em sua volta à Ferrari, numa corrida em que lutou muito para estar lá, ultrapassando Warwick e Brundle já no terço final da prova. Wendlinger completava os seis que marcavam pontos. A primeira vitória de Damon Hill era uma espécie de recompensa pelas duas corridas anteriores, mas mostrava o tamanho da abismo que a Williams tinha para as demais. A F1 estava preocupada com tamanha diferença. E como agora, procurava meios para tornar as corridas 'emocionantes' de novo.

Chegada:
1) Hill
2) Patrese
3) Berger
4) Warwick
5) Brundle
6) Wendlinger

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