terça-feira, 7 de agosto de 2018

História: 30 anos do Grande Prêmio da Hungria de 1988

Com a McLaren dominando amplamente a temporada 1988, se alguma equipe ainda quisesse incomodar a esquadra inglesa, esse lugar era Hungaroring. Além de ser um circuito travado e cheio de curvas, o asfalto pouco aderente fazia com que a cavalaria dos motores turbo desgastassem mais os pneus dos seus carros, enquanto as equipes com motores aspirados tinham liberdade de consumo de combustível, além de carros mais leves e ágeis, podendo economizar pneus. Porém, um dos pilotos mais rápidos com motores aspirados estava doente quando a F1 chegou na Hungria. Nigel Mansell apareceu com febre, com a barba por fazer e com olhar cansado. Ele havia sido contagiado pelo seu filho mais velho por catapora e mesmo a doença sendo relativamente simples, a resistência de Nigel estaria bem abalada num circuito onde o preparo físico sempre foi bastante exigido. 

Após a chuva atrapalhar a pré-classificação na sexta pela manhã, o sol apareceu com força na sexta à  tarde, com Prost liderando à frente da dupla de Benetton e Williams. No sábado, Senna consegue a sua 24ª pole position de sua carreira na frente de cinco carros com motores aspirados, sendo que Mansell, em segundo lugar, ficou apenas um décimo atrás do brasileiro. Patrese conseguiu o sexto lugar. A Benetton-Ford confirmou o bom tempo na sexta-feira, mas a surpresa maior eram as ótimas posições da March-Judd. Após uma boa sexta-feira, Prost passou a se queixar de problemas de dirigibilidade em seu McLaren e o francês teve que se conformar com a sétima posição. Se os pilotos com carros aspirados conseguiram andar muito forte na Hungria, o mesmo não aconteceu com os demais carros com motores turbo (tirando a McLaren, lógico). A Ferrari sofreu com problemas eletrônicos e Alboreto conseguia apenas a 15º posição. A Lotus, que tinha o mesmo motor da McLaren, sofria com problemas nos freios e Piquet lutou muito para ser 13º, enquanto a Arrows, que usava motores Megatron, que na verdade eram motores BMW turbo que datavam de 1981, também ficaram de fora do top-10.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:27.635
2) Mansell (Williams) - 1:27.743
3) Boutsen (Benetton) - 1:27.970
4) Capelli (March) - 1:28.350
5) Nannini (Benetton) - 1:28.493
6) Patrese (Williams) - 1:28.569
7) Prost (McLaren) - 1:28.778
8) Gugelmin (March) - 1:29.099
9) Berger (Ferrari) - 1:29.244
10) Caffi (Dallara) - 1:29.891

O dia 7 de agosto de 1988 amanheceu quente e ensolarado em Budapeste, clima ideal para o terceiro Grande Prêmio da Hungria da história, que atraía mais e mais torcedores, principalmente aqueles comunistas que puderam sair da Alemanha Oriental e Tchecoslováquia para verem a F1. Após um sábado ruim, Prost consegue um melhor acerto do seu McLaren no warmup e liderou o treino de aquecimento, tendo como objetivo principal ficar em segundo lugar no que parecia uma corrida destinada para ter como vencedor um obstinado Senna. A Goodyear prometia um pneu que duraria toda a corrida, mas o calor poderia fazer que muitos pilotos arriscassem pelo menos uma troca. Mansell conseguiu uma melhor largada, mas Senna se impõe ao ficar por dentro e o brasileiro mantém a primeira posição. Patrese conseguia uma largada espetacular e pula de sexto para terceiro. A tarefa de Prost se complicava com uma má largada, o relegando ao nono lugar.


Ao contrários das outras corridas, a McLaren não conseguia se livrar dos seus rivais. Mansell estava sempre fungando no cangote de Senna, que usava o motor turbo nas poucas retas da pista para se distanciar, mas o inglês retornava nas curvas lentas. Capelli vai cedo aos boxes com problemas eletrônicos e Prost começa a sua recuperação ultrapassando Gugelmin na reta dos boxes, mas ainda estava na sétima posição. Numa cena que ainda não havia acontecido em 1988, era bastante claro que Senna segurava o pelotão e por isso, os cinco primeiros estavam separados por apenas 3s. Piquet bate em Martini enquanto brigavam pela 12º posição e perde muito tempo nos boxes, enquanto o italiano tem que abandonar. Na décima volta Prost ultrapassa Berger e se une ao pelotão da frente, que tinha na ordem Senna, Mansell, Patrese, Boutsen e Nannini. Todos colados. Duas voltas depois Mansell apronta das suas ao tentar ultrapassar Senna e rodar. O inglês da Williams permaneceu na pista, mas foi ultrapassado por Patrese e Boutsen, enquanto Prost deixava Nannini para trás. Mansell começava a ser atacado por Prost, mas segurava a sua posição, se distanciando um pouco da briga pela ponta da corrida. O ritmo de Senna não era forte, pois seu McLaren tinha problemas de consumo de combustível. Não demorou muito e o pelotão da frente ficou compacto novamente, com os sete primeiros andando juntos. Já era, definitivamente, a melhor corrida de 1988.

Senna arriscou ao colocar uma segunda volta em Piquet e com isso, abre um pouco de Patrese, que segurava o pelotão. Nannini abandonou na volta 25 com um vazamento de água. Após fazer uma manobra audaciosa em cima de Piquet, Senna era atrapalhado por Luiz Perez-Sala, fazendo com que o pelotão encostasse novamente na McLaren. Na volta 28, finalmente Prost ultrapassa Mansell na reta dos boxes e já antevendo o perigo, Boutsen parte para cima de Patrese. O italiano da Williams se defendia como podia, mas seu motor começou a apresentar problemas e ele seria ultrapassado por Boutsen, Prost e Mansell. Contudo, Patrese permaneceu na corrida, apesar do motor estar funcionando nada bem. Prost marca a volta mais rápida da corrida em sua perseguição à Boutsen, enquanto Mansell e Berger perdiam contato com o pelotão da frente. Os três primeiros colocados andavam próximos, mas na volta 47 Prost ultrapassava Boutsen para assumir o segundo lugar. E começar a caçada em cima de Senna. Duas voltas depois a dupla da McLaren se vê no meio de um grupo de retardatários e Prost tenta dar o bote, freando mais tarde do que Senna no final da reta dos boxes, mas o francês acaba alargando a curva e Senna dá o xis no companheiro de equipe.

Prost perseguia Senna de perto, mostrando que tinha um carro mais rápido, mas Senna se segurava como podia, sendo bastante agressivo na ultrapassagens sobre os retardatários. Tendo forçado mais para chegar naquela posição, Prost começou a sofrer com o desgaste de pneus e após ter fritado os pneus na ultrapassagem sobre Senna na volta 49, o francês resolveu abrandar o seu ritmo. Senna tinha a vitória praticamente assegurada. Na volta 61 Mansell abandona a corrida por exaustão física, agravada pela sua catapora. Com Prost diminuindo o ritmo, Boutsen chegou a se aproximar do francês, mas Alain administrava bem as investidas do belga da Benetton. A situação de Prost melhoraria quando Boutsen teve um problema em seu escapamento já na parte final da prova, tendo que diminuir o ritmo e deixar Prost sozinho em segundo. Mesmo com pneus desgastados, Prost tenta um ataque final e nas últimas voltas acaba com toda a vantagem que Senna tinha, mas o brasileiro não se assusta e vence pela terceira vez consecutiva, com Prost logo atrás. Boutsen terminou em terceiro depois de uma corrida muito boa, com Berger terminando em quarto, Gugelmin marcando dois pontos para  a March e Patrese terminando em sexto com o motor fazendo um barulho terrível. Prost tinha sido o piloto do dia e se não fossem os problemas nos treinos, provavelmente teria ganho a corrida. Mesmo num circuito que não lhe era favorável, a McLaren marcava sua sétima dobradinha em 1988 e Senna finalmente liderava o Mundial de Pilotos.

Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Boutsen
4) Berger
5) Gugelmin
6) Patrese

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