A Hungria recebia pela décima vez a F1 sendo um sucesso absoluto de público, mesmo que haviam críticas frequentes ao circuito tortuoso e estreito, dificultando muito as ultrapassagens. Enquanto os carros chegavam à Budapeste com o máximo de downforce possível, os bastidores da F1 pegavam fogo 25 anos atrás. A contratação de Michael Schumacher pela Ferrari era dado como certeza e a presença de Gianni Agnelli na Hungria apenas aumentou a sensação que a divulgação era iminente, mas tudo o que Schumacher anunciou naquele final de semana foi seu casamento. Com a saída de Schumacher, Flavio Briatore investia forte em Jean Alesi, enquanto Gerhard Berger não se manifestava sobre seu futuro, sabendo apenas que não seria na Ferrari em 1996. A Benetton negociava com Rubens Barrichello, enquanto a Williams decidia em renovar com Damon Hill, mesmo o inglês fazendo uma temporada medíocre em 1995, com erros crassos nas duas corridas anteriores. Enquanto testava Jacques Villeneuve, a Williams já pensava em 1997 e sondava Frentzen. Mesmo garantido para 1996, Hill não era o futuro da Williams naquele momento.
Debaixo de forte calor, os treinos foram marcados por um forte acidente de Jean Alesi na sexta-feira, que quase tirou o piloto da Ferrari do final de semana. Mesmo não sendo um carro que historicamente andasse bem em Hungaroring, a Williams dava à Damon Hill sua quarta pole em 1995, três décimos à frente de Coulthard. Schumacher teve problemas com o acerto do seu Benetton e teve que se conformar com a terceira posição, enquanto Berger fechava a segunda fila. Enquanto negociava seu futuro na F1, Rubens Barrichello tomava 1.5s de Irvine na classificação, que ganhava a fama de rápido e atraía a atenção da Ferrari.
Grid:
1) Hill(Williams) - 1:16.982
2) Coulthard (Williams) - 1:17.366
3) Schumacher (Benetton) - 1:17.558
4) Berger (Ferrari) - 1:18.059
5) Hakkinen (McLaren) - 1:18.363
6) Alesi (Ferrari) - 1:18.968
7) Irvine (Jordan) - 1:19.499
8) Brundle (Ligier) - 1:19.748
9) Herbert (Benetton) - 1:20.072
10) Panis (Ligier) - 1:20.160
O dia 14 de agosto de 1995 amanheceu ensolarado e muito quente em Budapeste, trazendo um desafio extra aos pneus Goodyear, que sugeriu às equipes fazerem três paradas. No warm-up Schumacher ficou com o tempo mais rápido, indicando que poderia estar muito forte na corrida. Na luz verde a dupla da Williams manteve suas posições, enquanto Schumacher largou mal e teve que usar suas criticadas manobras diagonais para manter sua terceira posição à frente de Hakkinen e Berger.
Imediatamente Hill abriu uma boa vantagem para Coulthard, que claramente segurava Schumacher. Como a pista de Hungaroring sempre foi difícil de se ultrapassar, a corrida era normalmente decidida na tática. Schumacher pressionava como podia, mas Coulthard se segurava, enquanto Hakkinen abandonava bem cedo com o motor Mercedes quebrado. Na volta 13 Coulthard cometeu um pequeno erro e mesmo não saindo da pista, permitiu a Schumacher tomar a segunda posição, mas o alemão já estava exatos 12s atrás de Hill. Mais atrás, acontecia um dos acontecimentos mais folclóricos da história da F1. O japonês Taki Inoue estacionou seu Arrows ao lado da pista com o motor quebrado. Inoue tentou extinguir um pequeno incêndio em seu carro, mas acaba sendo atingido por um carro de apoio. Ainda zonzo após ser atropelado, Inoue não consegue se levantar e é ajudado pelos médicos, mas nada aconteceu com o japonês. E para sempre Inoue entraria para a história da F1 pelo lado dos fundos.
Logo após a presepada de Inoue, os pilotos da frente foram aos pits fazer suas primeiras paradas, mas Schumacher tem problemas na mangueira de reabastecimento e volta à pista com menos combustível do que o esperado, fazendo o alemão voar na pista e diminuir a desvantagem de Hill, mas o piloto da Benetton tem que fazer sua segunda parada poucas voltas depois. Ao menos ele sairia logo à frente de Coulthard, que estava com problemas de estabilidade em seu Williams. Hill faz sua segunda parada e retorna logo à frente de Schumacher, que o pressiona, mas Damon resiste bem aos ataques. Mais atrás Alesi abandonava a prova com o motor quebrado. Schumacher faz sua terceira parada sem conseguir ultrapassar Hill e praticamente teria que se conformar com a segunda posição. Blundell, Barrichello e Berger vão aos boxes para reabastecer e voltam à pista na mesma ordem. Blundell e Barrichello estavam numa estratégia diferente e ganhavam muitas posições na corrida. Hill faz sua terceira parada calmamente e retorna à pista em primeiro, com Schumacher mais de 11s atrás e tendo que poupar os pneus para eles resistirem até o final sem uma quarta parada.
Na medida em que a corrida se aproximava do final, as posições ficam assentadas e parecia que nada mudaria. Porém,
carreras son carreras, como diria o mítico Juan Manuel Fangio. Irvine vinha num bom quarto lugar quando sua embreagem quebrou e quem herdou a posição foi Barrichello, numa ótima corrida de recuperação após largar em 14º. Faltando apenas três voltas a bandeirada a boa corrida de Rubens ficaria ainda melhor quando o motor Renault da Benetton de Schumacher silenciava-se. Eram fim de prova para o alemão, com Hill quase um minuto na frente do seu companheiro de equipe Coulthard e Barrichello conseguindo um quase heroico pódio. Contudo, o sonho de Barrichello se tornaria um pesadelo no finalzinho da corrida. O motor Peugeot tinha um sensor que desligava o motor quando ele estivesse prestes a explodir. Faltando poucas curvas para a bandeirada, o motor Peugeot travou e para não quebrar, ele desligou automaticamente. Barrichello ainda tentou chegar no embalo, mas acabou ultrapassado pelo grupo que tinha Berger, Herbert, Frentzen e Panis. Foi uma das maiores decepções da carreira de Barrichello, que saiu do carro desolado. Se não fosse o sensor, ele terminaria a corrida com o motor estourado, mas em terceiro! Com um grand-chelem (Pole, melhor volta, vitória e todas as voltas lideradas), Damon Hil dava uma resposta aos seus críticos numa corrida marcada por duas situações inusitadas.
Chegada:
1) Hill
2) Coulthard
3) Berger
4) Herbert
5) Frentzen
6) Panis