Depois da traumatizante corrida da semana passada, quando a MotoGP escapou por muito pouco de uma tragédia, a corrida de hoje no mesmo perigoso circuito foi claramente mais conservadora ao longo da maioria das voltas. Contudo, uma primeira fila diferente e muitos pilotos novatos nas primeiras filas garantiriam emoções até o final, até porque não se sabia como Nakagami, Oliveira e Pol Espargaró, este um piloto já experiente, mas largando pela primeira vez na pole, se comportariam ponteando uma prova na categoria principal. Porém, quem surgiu muito forte já na largada foi Joan Mir. O espanhol da Suzuki despachou seus rivais ainda na primeira volta e controlava a prova sem muitos sustos. Mir tem uma carreira um pouco diferente dos demais, por ter começado relativamente tarde no motociclismo, mas desde sempre percebia-se um enorme talento natural no espanhol, a ponto da Suzuki o contratar tendo feito apenas um ano regular na Moto2. Mir fazia uma corrida de veterano, enquanto Nakagami e Miller brigavam pelo segundo lugar quando Viñales, que voltas antes tinha dado a sensação que iria abandonar, soltou sua moto na freada da curva 1 e a sua Yamaha se espatifou contra a proteção inflável, pegando fogo logo em seguida. Bandeira vermelha.
Isso significava que todo o trabalho de Mir tinha ido por água abaixo e pelo segundo final de semana consecutivo, uma corrida em Red Bull Ring seria interrompida por uma bandeira vermelha. Até o momento o esquadrão da KTM vinha fazendo uma corrida discreta, com o pole Espargaró até mesmo decepcionando ao ficar fora da briga pelo pódio, mas no recomeço tudo mudou. Com pneus novos, Mir não segurou o ímpeto de pilotos mais experientes do que ele e rapidamente a corrida parecia que seria decidida entre Miller e Espargaró. Miguel Oliveira vinha crescendo na corrida e estava na terceira posição, ultrapassando Mir, e bem próximo dos dois líderes. Miller já venceu uma vez na MotoGP, em condições de chuva em Assen, enquanto Espargaró além de não ter vencido na MotoGP, ainda estava mordido por ter visto seu novato companheiro de equipe ter dado a KTM a primazia do primeiro triunfo da marca austríaca, que corria em casa. Os dois fariam de tudo para vencer hoje. Numa prova spint, Miller e Espargaró foram ao extremo na última volta, trocando de posições em freadas no limite. Na última volta, ambos foram para o tudo ou nada. E ambos ficaram com nada.
De forma inteligente e sagaz, Oliveira assistiu a briga de perto e quando Miller e Espargaró escaparam na última curva, o português da KTM tracionou melhor e deu um bote duplo para lhe garantir uma vitória histórica na bandeirada.
O triunfo de Miguel significou várias coisas. Primeiro, foi o fim da hegemonia da Ducati na pista austríaca. Segundo, que Portugal se junta à África de Sul de Brad Binder, debutando como vencedor na MotoGP. E terceiro, um incrível equilíbrio na MotoGP, com novas marcas e pilotos vencendo. A Yamaha teve um final de semana para esquecer e Fabio Quartararo já coloca as barbas de molho sobre o seu teórico favoritismo em outra corrida opaca, onde marcou poucos pontos. Doviziozo acabou ultrapassado no final por Mir, mas o quinto lugar o coloca muito próximo de Quartararo na liderança do mundial. Com tantos pilotos vencendo corridas, com as marcas da MotoGP se revezando como a melhor moto a cada final de semana, a regularidade de Doviziozo pode ser um diferencial no final do ano, já que Marc Márquez poderá ficar até mesmo três meses de fora. Porém, esse equilíbrio de marcas e pilotos faz com que todos que acompanhem a MotoGP vencedores, afinal, quem pode cravar quem será o próximo vencedor?
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