domingo, 9 de agosto de 2020

Diferenciado


O domínio da Mercedes era tão absoluto neste ano, que muitos apostavam que os alemães quebrariam um tabu na história da F1: vencer todas as corridas numa temporada. Algo extremamente complicado, mas com um carro 1s mais rápido do que qualquer outro, a tarefa da Mercedes não era das mais impossíveis. Somente algo diferenciado poderia deter a Mercedes e em Silverstone, esse algo diferenciado tem nome e sobrenome: Max Verstappen. Enquanto o título não vem, Max Verstappen vem nos brindando com atuações impressionantes e hoje em Silverstone tivemos uma exibição master class do holandês da Red Bull, que superou a Mercedes na tática de pneus e venceu pela primeira vez em 2020, acabando com o sonhado 100% da Mercedes, que completou o pódio.

Com os pneus da Pirelli explodindo no final da prova semana passada, as equipes foram para a corrida em Silverstone preparadas para uma estratégia diferente, onde parar duas vezes era o lógico. Contudo, haviam outras questões para a prova de hoje. A corrida aconteceria com um calor até mais forte do que sete dias atrás e a Pirelli ainda mudou a configuração dos pneus, utilizando uma gama mais macia. Tudo isso fez com que a corrida de hoje fosse sobre como administrar os pneus e nisso, Max Verstappen deu um verdadeiro show, juntamente com sua equipe. Sabendo que derrotar a Mercedes em condições normais beira o impossível, a Red Bull vem fazendo diferente e a tática da corrida começou no sábado, quando Verstappen conseguiu seu melhor tempo no Q2 com pneus duros, largando com eles hoje. Com a Mercedes largando com os médios, Verstappen ficou o primeiro stint próximo dos carros negros, enquanto os pneus de Bottas e Hamilton se desmanchavam em bolhas. Verstappen encostou em Hamilton, mas o inglês logo procurou os pits e o holandês liderava a corrida com sobras, com seus pneus muito bem, obrigado, enquanto a Mercedes seguia sofrendo com sua borracha. Quando Max fez sua primeira parada, sua vantagem era tão boa que ele voltou próximo ao líder Bottas. Foi aí que Verstappen mostrou novamente o quão diferenciado é. Com pneus médios novos, Max não tomou conhecimento da potência da Mercedes e ultrapassou Bottas metros depois. Os pneus médios não durariam muito, mas a Red Bull deu o grande empurrão para a vitória de Max logo depois. Poucas voltas depois a Mercedes chamou Bottas para colocar pneus duros e na mesma volta a Red Bull fez o mesmo, soltando Max irremediavelmente na frente do nórdico. Com pneus cheios de bolhas, Hamilton esticava ao máximo sua segunda parada, causando até certo temor ao inglês, com medo de outro estouro de pneu, mas a segunda parada de Lewis aconteceria com doze voltas para o fim, caindo para quarto. Quando ultrapassou Leclerc e Bottas, a vaca já tinha ido para brejo. Verstappen tinha 9s de vantagem com duas voltas para o fim, sem contar que os pneus de Hamilton já tinham bolhas. Verstappen administrou muito bem seus pneus e conseguiu uma vitória que poucos apostariam quando o grid foi formado ontem.

A cara de Toto Wolff depois da corrida mostrava todo o desânimo da Mercedes, ao perder uma corrida na base da tática e dos pneus. A Mercedes ainda tentou fazer com que o talento de Hamilton, que marcou a volta mais rápida da corrida, ainda desse jeito no último stint, mas o inglês perdeu tempo nas ultrapassagens. Bottas recebeu a bandeirada com os pneus em frangalhos. Já Verstappen pilotou como nunca em Silverstone, mas muitos pontos para a sua equipe, que acertou o carro para não consumir tanto os pneus duros e isso se revelou acertado na corrida. Albon fez outra corrida de recuperação e cheia de ultrapassagens para ser quinto. Se não pode andar no mesmo de Max, algo que beira o impossível com o mesmo carro, Albon vai dando seu showzinho, inclusive com várias ultrapassagens por fora hoje. Outro enorme destaque da corrida foi Charles Leclerc, que levou sua Ferrari ao quarto com apenas uma parada e sem perder rendimento. O monegasco ainda pode se gabar de chegar perto do terceiro colocado Bottas. Num ano difícil, Leclerc vai levando a Ferrari nas costas. Já Vettel... O alemão rodou sozinho na primeira volta e saindo praticamente de último, brigou no pelotão intermediário a corrida inteira, mas acabou fora dos pontos. Por pior que esteja a Ferrari em 2020, Leclerc mostra que é possível fazer corridas decentes, algo que Vettel não faz já há algum tempo. Uma situação embaraçosa ocorreu com a Racing Point. Nico Hulkenberg, praticamente sem treino com o carro, andou à frente de Lance Stroll a corrida inteira, mas estranhamente foi chamado para um terceiro pit-stop no final da corrida. E com isso o filho do chefe da equipe ficou à frente do substituto mais talentoso. Simplesmente ridículo! Como sempre a corrida no meio do pelotão foi animada, com muitas brigas por posição, mas os resultados foram bem normais, com Ocon, Norris e Kvyat fechando a zona de pontuação.

O que mudou foi o resultado lá na frente. Max Verstappen se mostra a cada vez que é um piloto diferenciado, talvez o único a bater de frente com Hamilton e sua poderosa Mercedes. Hoje o holandês foi capaz de quebrar a banca e vencer, mas isso não deverá acontecer muitas vezes, vide o tamanho da diferença que a Mercedes tem para as demais. Com uma equipe tão forte, a Mercedes pode prever muitas coisas durante a corrida, porém não pode controlar o clima, os pneus e um piloto do naipe de Max Verstappen. 

Um comentário:

  1. tudo se encaminha para o Vettel ter o mesmo destino de Prost na Ferrari e ser demitido antes do fim da temporada. Triste a fase do Vettel, mas ele tb tem culpa pelos seus erros, depois de Hockenheim 2018, ele nunca mais foi o mesmo piloto.

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