domingo, 23 de agosto de 2020

Kekkō, Sato-san!

 Os treinos paras as 500 Milhas de Indianápolis muitas vezes enganam as pessoas, pois não raro quem não faz um bom mês de maio acaba de sobressaindo na corrida ou vice-versa. Porém, era claro que os motores Honda tinham uma nítida vantagem sobre os Chevrolet e a corrida confirmou essa tendência com os propulsores nipônicos dominando os dez primeiros colocados na bandeirada. Numa corrida que foi dominada por Scott Dixon, Takuma Sato deu o bote decisivo no último stint e se segurou na ponta até a quadriculada, que nesse ano ocorreu sob bandeira amarela.

Como sempre as 500 Milhas teve um longo caminho até o momento decisivo, que normalmente ocorre nas cinquenta voltas finais. Os primeiros três quartos de corrida foi amplamente dominado por Dixon. O neozelandês pode ser uma lenda da Indy, mas venceu apenas uma vez em Indiana e logo na largada Scott deixou o pole Marco Andretti para trás para pontear o pelotão na maior parte do tempo, só perdendo a liderança pela diferença de estratégia das outras equipes. Não faltaram bandeiras amarelas e acidentes, com destaque para o incomum incidente com James Davison, que viu seu disco de freio dianteiro direito pegar fogo ainda nas voltas iniciais.

A Penske, principal usuário do motor Chevrolet, viu seus pilotos largarem no final do pelotão e com os motores Honda superiores, a equipe de Roger Penske tentou estratégias diferentes, mas nada que colocassem alguns dos seus pilotos na briga pela vitória. A Andretti tinha esperanças que Marco acabasse com a famosa maldição da família, mas tudo que o medíocre piloto fez nesse domingo foi largar na pole, ser engolido nas primeiras voltas e fazer uma corrida apagada. O mesmo aconteceu com Fernando Alonso. Largando dessa vez, Alonso bateu nos treinos e não apareceu em momento algum no pelotão dianteiro na corrida, chegando a perder uma volta. Mesmo usando Chevrolet, seus companheiros de equipe na McLaren fizeram corridas bem melhores, com Pato O'Ward finalizando em sexto e Oliver Askew fazia uma prova decente antes de bater forte na saída da curva 4.

Com Marco fazendo o de sempre, as esperanças da equipe Andretti recaíram sobre Alexander Rossi, o piloto mais forte da equipe e com a experiência de uma vitória em Indianápolis. O americano parecia ter plenas condições de brigar com Dixon numa batalha no final da prova, mas um enrosco nos boxes com Sato fez Rossi ser punido e no ímpeto de fazer uma corrida de recuperação já na metade final das 500 Milhas, Rossi acabou batendo. Colton Herta, numa corrida discreta, salvou um pouco a honra da Andretti ao ficar entre o top-10 no final, mas foi uma corrida bem decepcionante para o time familiar. 

Já que a principal rival com Honda estava tendo problemas, tudo certo para a Ganassi e Dixon, certo? Errado. A equipe Rahal também usa motores Honda e Sato, que vem se mostrando um piloto muito forte em Indianápolis, sempre andou no pelotão da frente. Protegido da Honda, Sato sempre teve os melhores motores da marca da asa dourada e hoje foi o caso. No último stint, Sato tomou a ponta de Dixon e mesmo encontrando alguns retardatários no fim, administrou muito bem a vantagem sobre Dixon. Quando faltavam cinco voltas, um assustador acidente de Spencer Pigot na entrada dos boxes definiu a corrida a favor do seu companheiro de equipe Sato, já que a bandeira verde não aparecia mais. Os brasileiros fizeram corridas de recuperação, mas Tony Kanaan, que chegou a ficar no top-10, perdeu rendimento no final e levou uma volta e Helio Castroneves terminou em 11º, longe de qualquer chance de vitória, numa dia dominado pela Honda. Os dois experientes pilotos mostraram que ainda dão um caldo na Indy, usando toda a manha conseguida em vinte anos na Indy, mas o bonde deles já passou. E faz tempo!

Takuma Sato teve uma carreira bastante acidentada e cheia de altos e baixos. Na F1 se tornou o segundo japonês a subir ao pódio, mas teve que ser dispensado da equipe da Honda, pois já não tinha tamanho para se manter na equipe principal e a Honda teve que criar uma segunda equipe, a inesquecível Super Aguri. Se mudando para a Indy já como veterano, Sato se aproveitou dos seus contatos com a Honda para se manter em boas equipes, que tem como ele bastante paciência com sua atitude 'win or wall'. Porém não dá para negar que Takuma vem se tornando um especialista em Indianápolis. Em 2012 brigava com Dario Franchitti quando bateu na última volta. Em 2017 venceu a corrida, segurando um experiente Helio Castroneves nas voltas derradeiras. Em 2020 não tomou conhecimento da lenda Scott Dixon, que mesmo tendo um canhão nas mãos, foi superado por um incrível Takuma Sato.

Muito bem Sato, ou Kekko Sato-San!

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