sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Perigo da tecnologia de ponta

 


Eram meados de 2008. O mundo havia passado por uma grande crise financeira, enquanto a F1 partia para seus testes de pré-temporada rumo a um novo e revolucionário regulamento para 2009, onde os carros ficariam menores e mais simples aerodinamicamente. A Honda vinha fazendo temporadas bem abaixo do esperado com sua equipe oficial, mas já testava normalmente com seus novos pilotos de testes, Bruno Senna e Lucas di Grassi. Foi então que meio do nada, a montadora japonesa anunciou que estava saindo da F1 de forma imediata, causando um grande rebuliço em sua equipe e na F1. Tudo levava a crer que Rubens Barrichello se aposentaria, Jenson Button teria que procurar emprego, assim como centenas de funcionários da fábrica, mas usando uma engenharia financeira, Ross Brawn comprou a equipe e o resto é história.

Pouco menos de doze anos depois, a F1 novamente é surpreendida pela Honda pela pior forma. No melhor momento nessa sua volta à F1, a Honda anunciou que deixará a categoria no final de 2021, deixando todos perplexos.

Essa decisão, que se sabe foi tomada no final de setembro, após um mês pensando acerca disso, afetou muito a F1, mas principalmente Red Bull e Alpha Tauri, que enquanto comemoravam a vitória ocasional de Pierre Gasly em Monza, se viam sem motor em 2022 e praticamente sem nenhuma perspectiva de ter um até lá. Um dos primeiros desafios de Stefano Domenicalli em sua entrada na liderança da F1 será conseguir um motor minimamente competitivo para a Red Bull, seja entra as três que estão competindo atualmente (e todas as três já tiveram problemas com a Red Bull...) ou de uma nova montadora. Por enquanto, a Red Bull se comprometeu a ficar na F1 para além de 2022, até porque assinou o famoso contrato da Concórdia, mas a situação da equipe se complicou deveras, pois a perspectiva de deixar de ser uma equipe de fábrica é real e mexe bastante nas finanças da equipe, sem contar a própria competitividade. Max Verstappen, considerado o piloto mais promissor da atual geração, hoje tem um contrato de longa duração com um time sem motor em 2022.

Outro fato é se podemos considerar a Honda uma montadora realmente vitoriosa na F1. Claro que os grandes momentos dos anos 1980 nunca serão apagados, mas percebe-se que a vitoriosa parceria com a McLaren e Williams foi mais uma exceção do que uma regra. A Honda fracassou nos 1960, nos anos 2000 e agora nos últimos anos, mesmo com as vitórias e pódios com a Red Bull, poderá ficar marcada pelo famoso 'GP2 Engine' gritado por Fernando Alonso no rádio em Suzuka, quintal da Honda, numa humilhação pública. Essa saída repentina da Honda é mais um exemplo do quão frágil está a situação das montadoras e como a F1 pode estar cometendo um grande erro ao se comprometer com uma unidade de potência tão complexa que somente as grandes montadoras podem bancar, mas essas mesmas montadoras podem deixar a F1 na mão quando bem entender. 

5 comentários:

  1. Em uma entrevista, o Ralf falou que a RBR deveria construir seus proprios motores e tb existe a possibilidade de voltar a ter o motores Renault. Agora a questão é qie existe três possibilidades para a RBR:

    1) Volta para a antiga parceria que apesar de dar frutos nos anos anteriores, teve um divorcio muito quebrado entre Renault, Abiteboul e Horner, além de ser criticado por Verstappen nas câmeras

    2) começar a criar seus proprios motores e gastar mais dinheiro, que pode trazer prejuízo por causa da pandemia do coronavirus e enfrentar uma possivel crise econômica (e não se sabe se a econômia ira se ajeitar até lá).

    3) contratar uma uma fabricante de fora (BMW, Porsche, Volkswagen, Ford, Lamborghini), e tentar um caminho que pode resultar no mesmo desfecho da McLaren-Honda em 2015.

    Qual séria o melhor para a Red Bull, reatar o casamento antigo, gastar mais dinheiro consigo mesmo num motor ou pegar alguém de fora e se arriscar?

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  2. Boa noite Ricardo. Para mim a solução é muito clara: ficar com a Renault enquanto procura uma montadora para bancar o motor. Agora o problema da Red Bull é justamente achar uma montadora que queira entrar na F1, que tem uma super audiência e não passar o vexame da Honda na época da McLaren. Sem contar que para quem quer ser campeão, precisa ter apoio de uma montadora e a Red Bull sabe disso.

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    1. Mas será que a Renault está mesmo disposta a fornecer de novo pra Red Bull depois de tudo que os austríacos fizeram eles passarem ao espinafrar e esculachar os motores franceses nós últimos 4 anos de parceria?

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  3. Como sempre, se fala da VW. Porém, para 2022 será muito difícil os alemães entrarem na F1. O que resta é reatar com a Renault e esperar algumas temporadas como coadjuvante, mas será que Verstappen, hoje a grande estrela a referência da RBR, vai ter tanta paciência? A verificar!

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