quinta-feira, 1 de outubro de 2020

História: 25 anos do Grande Prêmio da Europa de 1995


 Graças a enorme popularidade conseguida por Michael Schumacher nos anos anteriores, o itinerante Grande Prêmio da Europa aportou em Nürburgring em 1995, propiciando uma segunda corrida na Alemanha. A futura equipe do alemão, a Ferrari, anunciou que o companheiro de equipe de Schumacher em 1996 seria Eddie Irvine, para surpresa de muitas pessoas. O irlandês era uma antítese de Schumacher, mas o alemão teria a certeza de que não teria uma sobra a perturba-lo e Irvine não se importava muito em ser segundo piloto da Ferrari. Para o lugar de Irvine, Jordan contratou o veterano Martin Brundle, para desgosto de sua parceira Peugeot, que desejava um piloto francês no segundo carro da Jordan. Um fato interessante foi que a Forti Corse construiu seu primeiro câmbio semi-automático, mas só teria um à disposição e Roberto Moreno foi o agraciado. Sabendo que o segundo câmbio estaria disponível na prova seguinte, Pedro Paulo Diniz entrou para a história da F1 como o último piloto a passar marchas através de uma alavanca.

O instável clima na região montanhosa de Eifel atrapalhou bastante a F1, com a chuva aparecendo em no final da sessão classificatória de sexta e no sábado pela manhã. A segunda sessão classificatória no sábado aconteceu com a pista mais úmida e apenas sete pilotos melhoraram seus tempos, com o grid definido pelos tempos de sexta, dando ainda mais munição à Ecclestone, que queria extinguir o qualify de sexta. A Williams dava mostras de ter o melhor carro, mesmo que constantemente superada pelo melhor piloto (Schumacher). Coulthard conseguia sua terceira pole consecutiva, com Damon Hill fechando a primeira fila, enquanto o anfitrião Schumacher era terceiro, sendo um dos poucos a melhorar em relação ao dia anterior. A Ferrari teve problemas no seu sistema de direção e levou 1s inteiro da Williams. Animado com a contratação pela Ferrari, Irvine consegue um ótimo quinto lugar, bem à frente de Barrichello, que sonhou com a vaga que seu companheiro de equipe havia conquistado.

Grid:

1) Coulthard (Williams) - 1:18.738

2) Hill (Williams) - 1:18.972

3) Schumacher (Benetton) - 1:19.150

4) Berger (Ferrari) - 1:19.821

5) Irvine (Jordan) - 1:20.488

6) Alesi (Ferrari) - 1:20.510

7) Herbert (Benetton) - 1:20.653

8) Frentzen (Sauber) - 1:20.749

9) Hakkinen (McLaren) - 1:20.866

10) Blundell (McLaren) - 1:20.909


O dia primeiro de outubro de 1995 amanheceu com muita chuva e neblina em Nürburgring, num típico dia naquela região e que também é um verdadeiro pesadelo para pilotos e equipes, pois se a chuva tinha sido forte o suficiente pela manhã para atrasar o warm-up, de tarde a previsão era de que não choveria mais, porém, a pista ainda estava bem molhada logo depois do almoço. Numa cena parecida com a de Monza, Coulthard bateu enquanto levava seu carro ao grid, mas o escocês ainda teve tempo de pegar o carro reserva, que estava acertado para Hill. A grande maioria das equipes optaram pelos pneus de chuva, enquanto Ferrari e McLaren escolheram os slicks, na esperança de que a pista secasse rapidamente. Após a primeira largada ter sido abortada por causa de Papis, Coulthard largou muito e se manteve em primeiro, enquanto Hill patinou muito e foi engolido pelo pelotão, inclusive Irvine, que pulou para terceiro, atrás do seu futuro companheiro de equipe Schumacher. 


A pista ainda estava muito molhada no primeiro setor, mas quase seca na última parte do circuito. Hill ultrapassa Irvine ainda na primeira volta para ser terceiro, porém, Coulthard e Schumacher abriam uma boa vantagem na ponta. Os pilotos da McLaren caíam pelo pelotão, mas os pilotos da Ferrari conseguiam se manter no primeiro pelotão, algo que lhes ajudaria bastante depois. Não demorou para Hill encostar nos dois líderes, enquanto Irvine já era um distante quarto colocado, contudo, os pilotos passavam a procurar trechos molhados para enfriarem seus pneus de chuva. Já Alesi crescia na corrida e após ultrapassar Herbert e Irvine, assumia a quarta posição. Na volta 11 os três primeiros vão aos pits colocar pneus slicks, mas Hill tem problemas em sua parada e fica atrás de Berger, que já havia largado com pneus slicks. Mesmo com pneus de chuva desgastados, Irvine segurou Coulthard até fazer sua parada para colocar os pneus corretos, fazendo com que Schumacher novamente encostasse na Williams, trazendo consigo Hill, que ultrapassara Berger (com problemas de motor) poucas voltas antes. Schumacher e Hill iniciam uma luta espetacular pela terceira posição, com Hill efetuando uma agressiva ultrapassagem, tomando o troco na passagem seguinte!


Correndo com o carro acertado para Hill, Coulthard começou a ter problemas de dirigibilidade com a pista seca, acabando por ser ultrapassado por Hill e Schumacher. Na primeira posição, Alesi era o piloto mais rápido e parecia ter a corrida na mão. O francês faz sua única parada na volta 34 e retorna ainda em primeiro, mas para surpresa de muitos, Schumacher entra nos pits para uma segunda e rápida parada, indicando que faria uma terceira parada. A Williams não faz nada, no que seria um grande erro estratégico. Com o carro mais leve, Hill era segundo e encostava em Alesi, enquanto Schumacher, que retornara à pista em quarto, se aproximava de Coulthard. Hill tenta um ataque em cima de Alesi e acaba quebrando a asa dianteira do seu carro, fazendo com que o inglês perdesse longos 30s nos boxes, saindo completamente da contenda da vitória. Schumacher, que ultrapassara facilmente Coulthard, se tornava o principal rival de Alesi e com o carro bastante leve, era 2s mais rápido do que o francês. Nos boxes, a equipe Pacific liberou Montermini antes da hora e um mecânico acabou machucado. Schumacher finalmente encostava em Alesi e quando percebe uma grande quantidade de retardatários, o alemão entra nos pits para a sua terceira parada. Seria uma medida certeira!


Com pista livre, Schumacher partiria para uma caçada alucinante nas últimas voltas do animado Grande Prêmio da Europa para cima de Alesi. Faltando treze voltas para o fim, Schumacher batia o recorde da pista de Nürburgring e estava somente 12s atrás de Alesi. A Ferrari resolve deixar Alesi na pista com os pneus desgastados, esperando e rezando que Schumacher não tivesse tempo hábil para chegar em seu piloto. Na volta 59 Damon Hill saiu da pista a bate sua Williams, abandonando no local e saindo do carro com dores nos joelhos. Aquela saída de pista era o exemplo da temporada medíocre de Damon Hill em 1995. Enquanto isso seu rival destruía a desvantagem que tinha para Alesi, ele ainda foi ajudado por Martin Brundle, que como retardatário não deu espaço ao piloto da Ferrari e Alesi perdia 5s na manobra. O espelho retrovisor de Alesi já estava cheio de Schumacher, mas havia um porém. Muitos reclamaram que o novo circuito de Nürburgring não tinha muitos pontos de ultrapassagem e Alesi contava com isso para conseguir sua segunda vitória na F1, mas nem ele e nem a Ferrari parecia conhecer o perseguidor deles. Schumacher colocava de lado sempre que podia, mas Alesi se mantinha firme, mas na antepenúltima volta, os dois se aproximavam de Diniz para colocar uma volta e para não atrapalhar os líderes, o brasileiro acabou colocando uma roda na grama. Isso assustou Alesi, que hesitou por um segundo, mas era o bastante para Schumacher. Na chicane Veedol, que ele havia ajudado a projetar, Schumacher efetua a ultrapassagem da vitória na frente de sua frenética torcida. Era a sétima vitória de Schumacher 1995, enquanto Alesi amargava uma triste segunda posição. Um distante Coulthard completou o pódio, com Barrichello dando um bom quarto lugar à Jordan e Herbert superando Irvine nas últimas voltas para fechar a zona de pontuação. Michael Schumacher sorria de felicidade no degrau mais alto do pódio. Ele não apenas conquistou uma das maiores vitórias de sua carreira, mas dava um grande passo em direção ao seu segundo título mundial. 

Chegada:

1) Schumacher

2) Alesi

3) Coulthard

4) Barrichello

5) Herbert

6) Irvine

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