Quando estava no colégio e tinha aulas de geografia com a professora Francisca Helena, um dos meus fortes eram as capitais dos países. Algumas vezes era até divertido o pessoal me perguntar a capital da Mongólia e eu responder, na lata, que era Ulan Bator. Como sempre gostei de corridas, sabia que a capital do Senegal era Dacar, graças ao mítico Paris-Dacar. Ou Paris-Dakar. Graças ao terrorismo, o Dakar teve sua continuidade interrompida e saiu do seu habitat natural, se mudando para a América do Sul.
Já falei isso algumas vezes e pelos comentários, muita gente não concorda, mas manter o nome Dakar num rali na América do Sul é o mesmo que a F1 realizar uma corrida em Montevidéu e chamar a corrida de 'Grande Prêmio do Brasil' para manter a tradição. Nada contra esse rali que cruza Argentina, Chile e Bolívia, mas manter o nome de Dakar chega a ser bizarro, pois mesmo utilizando praticamente os mesmos pilotos, equipes e pessoas da organização, o glamour de atravessar o deserto do Saara e ter a última etapa ao lado do Lago Rosa, em Dacar (!) não existe nesse rali.
Mesmo sem o mesmo glamour e a mesma fama, o rali ainda é o maior do mundo e terminou ontem com vitórias de todos os grandes favoritos nas quatro competições. Nasser Al Attiyah dominou nos carros, derrotando o seu ex-companheiro de equipe Giniel de Villiers, utilizando um Mini financiado pela sua fortuna. Hoje, a única equipe de fábrica no 'Dakar' é a Peugeot, que em seu primeiro ano de retorno contou com estrelas do quilate de Peterhansel, Carlos Sainz e Deprés, mas apenas o primeiro chegou entre os dez. O maior rival do último foi o vencedor nas motos. Com Deprés se mudando para os carros, Marc Coma correria, teoricamente, sozinho nas motos, mas o espanhol teve muitas dificuldades com o esquadrão da Honda, liderado pelo espanhol Joan Barreda e os portugueses Paulo Gonçalves, Helder Rodrigues e Ruben Faria. Utilizando não apenas a sua experiência, mas também da KTM, Coma conquistou seu quinto título no rali. Nos caminhões, a supremacia russa continuou com a marca Kamaz ficando com todo o pódio, com vantagem para Mardeev, com o polaco Rafal Sonik conquistando o título nos quadriciclos.
E assim termina a primeira grande competição do ano. Mesmo sem o mesmo glamour e utilizando, na minha visão, o nome errado, não há dúvidas que esse 'Dakar' é a competição off-road mais importante do ano e consagrou seus campeões em 2015. Ainda sonho com o Dakar voltando para o ser berço, na África e nas dunas do Saara, mas enquanto isso, vamos nos satisfazendo com esse desafio latino.
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