Quando a São Paulo Indy 300 terminou de forma abrupta e a Rede Bandeirantes quase teve que lidar com um processo da organização da Indy, Brasília se prontificou a fazer uma corrida substituta em 2015. Não seria preciso muito, bastava reformar o velho autódromo Nelson Piquet e pela falta de tempo, nem precisava ser uma obra completa, bastava que o asfalto, o mesmo desde 1974, fosse trocado e os boxes reconstruídos, mas nada nababesco como em Abu Dhabi.
Porém, como é bem característico daqui, essa ideia arquitetada pelo ex-ministro dos esportes e então governador distrital, Agnelo Queiroz, era sempre colocada em dúvida. As obras teriam que ser feitas em toque de caixa e tome licitação cancelada e problemas a mil aparecendo aqui e ali. Enquanto isso, a Indy mandava pessoas responsáveis pelos detalhes da corrida para Brasília, a Bandeirantes exibia sempre que podia propagandas de sua corrida na Capital Federal e ingressos eram vendidos com relativo sucesso. Então, faltando 40 dias para a bandeira verde, a Terracap, Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal, anunciou nessa tarde que a corrida de 8 de março está cancelada, com o circuito semi-destruído e milhares de ingressos vendidos.
Esse golpe foi mais um no já surrado automobilismo brasileiro. Hoje nós vivemos de duas promotoras de corridas (Vicar e Truck) e não temos mais categorias de base. Quando Felipe Massa se aposentar na F1 e a dupla Helio Castroneves e Tony Kanaan fazer o mesmo na Indy, corremos o seríssimo risco de não termos nenhum brasileiro nas duas principais categorias do automobilismo mundial, fazendo com que o interesse do brasileiro pelas corridas caía ainda mais. Agora, imaginemos quem comprou o ingresso para a corrida em Brasília. Provavelmente já está até uma hora dessa se programando para viajar à Brasília se não for na cidade, e de repente sua expectativa foi toda por água abaixo... Essa mesma pessoa irá comprar ingresso para uma corrida da Indy novamente? Duvido. A Indy irá querer negociar para ter uma prova aqui no Brasil? Eu não faria isso. E a Bandeirantes? Que só exibe no seu canal principal a corrida no Brasil e as 500 Milhas, quando não há um joguinho do paulistinha na hora do pódio. Será que a emissora paulista ainda se interessará pela Indy? E a reforma no autódromo Nelson Piquet continuará? Cheirinho de Jacarepaguá no ar no planalto central.
Agnelo Queiroz, que deixou um rombo nas contas de Brasília, com certeza não pensou nisso, nos danos que esse cancelamento em cima da hora pode trazer ao combalido automobilismo tupiniquim. Foi um balde de água fria para quem gosta de corridas, mesmo sabendo que isso poderia ocorrer, vide o histórico irresponsável de Agnelo. Para se ter uma ideia, o rapaz está tão envolvido em falcatruas em seu tempo de governador, que o seu partido, o PT, de tantos escândalos de corrupção, pensa em expulsar Agnelo por... corrupção! Negociar com esse tipo de gente mostra bem o quão mal está o automobilismo brasileiro...
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