quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O último trapalhão japonês

O início da passagem de Satoru Nakajima na F1 fez com que piloto japonês fosse sinônimo de piloto ruim, principalmente entre os brasileiros. O tempo passou e surgiram novos pilotos japoneses, digamos, menos folclóricos. Aguri Suzuki, Ukyo Katayama e Takuma Sato conseguiram alguns bons resultados na F1, diminuindo um pouco essa sensação de que todo piloto japonês que aparecesse na F1 era simplesmente ruim. Até surgir Yuji Ide.

Completando 40 anos hoje, Ide teve uma carreira interessante nas categorias de base japonesas. Em cinco anos na F3 Japonesa, Ide conseguiu um vice-campeonato e foi para a França em 2002 participar do campeonato local de F3, onde conseguiu um razoável sétimo lugar. No ano seguinte, já contando com 28 anos de idade, Ide voltou ao seu país local e passou a disputar a concorrida F-Nippon. Após um ano de aprendizado, Ide conseguiu duas temporadas muito boas, onde foi terceiro colocado e vice-campeão, totalizando três vitórias. 

Na Europa, o ídolo Takuma Sato estava com um pé fora da equipe BAR-Honda para dar lugar a Rubens Barrichello em 2006. Sato tinha feito uma temporada ruim em 2005, mas ainda era bastante popular no Japão a ponto da Honda produzir a toque de caixa uma segunda equipe totalmente japonesa na F1 só para que Sato não ficasse de fora da F1, tendo Aguri Suzuki como chefe de equipe. O problema era: quem seria o segundo piloto? Praticamente de última hora e pensando em deixar a sua Super Aguri totalmente japonesa, Suzuki trouxe Yuji Ide da F-Nippon para a F1. 

Ide já tinha 31 anos de idade em 2006, o que o tornava um dos novatos mais velhos dos últimos tempos, mas o principal problema foi que o carro ficou pronto em cima da hora, assim como a própria estrutura da equipe Super Aguri. Com pouquíssimos testes, Ide foi a Sakhir para a sua primeira corrida de F1, mas o que se viu foi um verdadeiro vexame. Rodadas aos montes durante todos os treinos e a sensação de um filme antigo estivesse sendo reprisado na F1. Desde os tempos de Nakajima na Lotus não se via um piloto tão errático assim. E lento também! Na terceira corrida do ano, em Melbourne, Ide foi penalizado por ter atrapalhado Barrichello no Q1, integrante da então equipe Honda. A fama de Ide de trapalhão aumentava, mas na prova seguinte, em Ímola, Yuji Ide chegou ao seu 'auge'.

Largando, logicamente, em último, Ide se envolveu num incidente com Christijan Albers da Spyker ainda na primeira volta, fazendo o holandês capotar. A coisa ficou tão feia, que alguns pilotos pensaram em repetir o que fizeram com Ricky van Opel nos anos 1970 e fazer uma petição para que Ide fosse proibido de correr. Porém, antes disso, Aguri Suzuki anunciou que Ide estava fora de sua equipe, sendo substituído por Francky 'Cannabis' Montagny. Em quatro corridas, Yuji Ide entrou para o folclore da F1 como o último trapalhão japonês e sua carreira praticamente morreu ali.

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