quinta-feira, 27 de agosto de 2015

História: 15 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 2000

Spa-Francorchamps era e ainda é uma pista tão especial, onde a F1 sempre fez um grande esforço para correr lá. Quinze anos atrás, o Grande Prêmio da Bélgica ficou em risco devido a proibição do governo belga da propaganda tabagista, mas para se ter a F1 em seu país, os governantes tiveram que abrir uma exceção e a corrida seria realizada normalmente. Afinal, se em Mônaco se ganha o dinheiro na F1, em Spa se formam os heróis. Circuito de baixo downforce, Spa era ideal para a McLaren do agora líder Mika Hakkinen, enquanto a Ferrari teria que sair de sua má fase de quinze anos atrás se quisesse quebrar o tabu de 21 anos, mas a McLaren era a grande favorita em Spa.

Os treinos livres foram realizados com pista seca e clima agradável, com domínio absoluto de Hakkinen. Na classificação, Hakkinen consegue a pole com certa facilidade, abdicando até mesmo de sua tentativa, mas atrás dele várias surpresas aconteceram. A Jordan tinha feito uma ótima corrida em 1999 e um ano depois os carros amarelos de Eddie Jordan continuavam muito bem, com Trulli conseguindo um ótimo segundo lugar no grid. Jenson Button, já sabendo que será emprestado para a Benetton em 2001 para dar lugar ao caliente Juan Pablo Montoya, conseguiu o melhor resultado da Williams em 2000 e ficou em terceiro, colocando três décimos em cima de Ralf Schumacher, sexto. Michael Schumacher acabou atrapalhado por uma bandeira amarela em sua volta final e terminou em quarto, mas o alemão ainda superou a McLaren de Coulthard, irreconhecível após sua vitória em 1999. Para os pilotos de equipe de ponta, o pior foi Barrichello, apenas décimo.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:50.646
2) Trulli (Jordan) - 1:51.419
3) Button (Williams) - 1:51.444
4) M.Schumacher (Ferrari) - 1:51.552
5) Coulthard (McLaren) - 1:51.587
6) R.Schumacher (Williams) - 1:51.743
7) Villeneuve (BAR) - 1:51.799
8) Frentzen (Jordan) - 1:51.926
9) Herbert (Jaguar) - 1:52.242
10) Barrichello (Ferrari) - 1:52.444

O dia 27 de agosto de 2000 amanheceu até com tempo bom na Bélgica, mas Spa não seria Spa se não chovesse pelo menos em um dos três dias do Grande Prêmio da Bélgica. Com pista molhada, o warm-up viu o fortíssimo acidente de Giancarlo Fisichella na curva Stavelot, que destruiu o seu Benetton, com o italiano tendo que largar com o carro reserva. Quando a corrida estava prestes a começar, a chuva parou e começou a interrogação: com qual pneu largar? Diniz, largando apenas em 15º, apostou alto e saiu para a volta de apresentação com pneus slicks. O único a fazê-lo. Ainda na memória da famosa carambola da largada de 1998, decidiu-se largar atrás do safety-car e Hakkinen liderava o pelotão sem qualquer mudança significativa na ordem, apenas com Barrichello tomando o nono lugar do seu ex-companheiro de equipe Herbert.

Com Trulli tendo dificuldades na pista molhada, Hakkinen logo disparou na frente, com Trulli, Button, Schumacher e Coulthard andando colados. O inglês tentou tomar o segundo lugar de Trulli na Bus Stop, mas Jenson acabou errando e abriu passagem para Schumacher, que não quis perder tempo e logo atacou Trulli, ganhando o segundo lugar na Le Source. Button tenta pegar uma carona de Schumacher, mas acaba acertando a traseira de Trulli, o fazendo rodar e abandonar no local. O italiano ficou furioso com a manobra do inglês da Williams. Com a direção avariada, Button perderia rendimento a partir de então, enquanto deixava Coulthard em terceiro e Ralf Schumacher em quarto. Ainda na quinta volta, os primeiros pilotos arriscam e colocam pneus slicks, enquanto a pista secava a olhos vistos. Com pneus trocados, Alesi marca a volta mais rápida e sinalizava claramente: era hora de colocar pneus slicks. Schumacher e os estrategistas da Ferrari trazem o alemão imediatamente para os boxes. A McLaren traz Hakkinen aos boxes na volta seguinte, enquanto Coulthard, coitado, teria que andar mais uma volta com os pneus inadequados e perde muito tempo. Após todas as paradas, Hakkinen ainda liderava à frente dos irmãos Schumacher, com Michael claramente sendo mais rápido do que o piloto da McLaren. Na volta 13, com o ferrarista cada vez mais próximo e bem mais rápido, Hakkinen comete um erro não forçado na Stavelot e deixa a liderança para Schumacher. A transmissão da TV não mostrou a imagem da rodada de Hakkinen, mas mostrou Mika voltando rapidamente à pista e Schumacher passando voando no asfalto. Até que o piloto da McLaren se recuperasse, já com a pista praticamente seca, Schumacher já tinha ganho uns 10s de vantagem.

De um final de semana até então decepcionante, Michael Schumacher tinha uma boa vantagem de 11s sobre o rival Mika Hakkinen na liderança da corrida, quando o alemão abre a segunda rodada de paradas na volta 22. Hakkinen faz sua paradas cinco voltas depois, voltando à pista apenas 7s atrás do líder e começando a andar constantemente mais rápido do que Schumacher, cuja Ferrari tinha desgastado os pneus mais rápido do que a McLaren no primeiro stint com pneus slicks. Era o prenúncio de uma briga histórica. Mais atrás, Coulthard 'ultrapassa' Frentzen na segunda rodada de paradas, assumindo apenas o sétimo lugar, enquanto Barrichello, após fazer várias voltas mais rápidas, se aproxima dos pits para uma terceira parada, mas um problema de pressão de combustível acabou com a corrida do piloto da Ferrari, que ficou parado na entrada dos boxes. Jean Alesi, vindo num ótimo quinto lugar, perdeu a chance de pontuar pela primeira vez em 2000 quando teve um problema parecido com o de Barrichello. Ralf Schumacher fazia uma corrida solitária em terceiro, com Button subindo para quarto com os abandonos de Alesi e Barrichello, mas vendo Coulthard se aproximar rapidamente. O escocês assumiria o quarto lugar já nas voltas finais, numa corrida decepcionante para o segundo piloto da McLaren. Porém, todos os olhos do mundo estavam prestando atenção na briga pela primeira posição, com Hakkinen se aproximando rapidamente. As voltas finais prometiam! E entregaram!

Com claros problemas de superaquecimento de pneus, Schumacher tentava esfriar seus pneus nos poucos pontos molhados da reta Kemmel. Hakkinen era bem mais rápido, mas a pergunta era: como Schumacher iria se comportar no final da prova? A fama de vilão de Schumacher ainda era enorme quinze anos atrás, mas Mika era claramente mais rápido. Após ficar colado na Ferrari por algumas voltas, Hakkinen saiu da Eau Rouge embutido na traseira de Schumacher e o alemão imediatamente fica à direita da pista, ficando por dentro para a freada da Les Combes. Hakkinen tinha mais velocidade, mas Schumacher ficou no caminho do finlandês a mais de 320 km/h. Foi uma manobra perigosa, mas isso não diminuiu o ímpeto de Hakkinen. Na volta seguinte, ambos se aproximaram da Eau Rouge tendo o retardatário Ricardo Zonta pela frente. Schumacher pensou em usar a BAR do brasileiro como escudo e passou Zonta pela esquerda. Havia uma espaço muito pequeno entre o carro de Zonta e a grama, mas foi por ali que Hakkinen colocou seu carro, numa margem mínima para erros e quando Schumacher e Hakkinen completaram a ultrapassagem sobre o retardatário Zonta, era Hakkinen que estava por dentro da freada Les Combes. Uma manobra épica! 'São dois loucos!', exclamou em entrevista após a corrida Ricardo Zonta. Foi uma ultrapassagem extraordinária e Schumacher tinha sido batido de forma inapelável. Após a corrida, mostrando o respeito que nutriam um pelo o outro, Hakkinen e Schumacher conversaram amistosamente sobre a manobra. Para os que duvidavam do talento de Mika Hakkinen, de que ele só conquistava títulos devido ao grande carro que tinha, o finlandês mostrou naquela tarde de quinze anos atrás que mereceu cada vitória que conquistou na F1 e talvez por isso, seja até hoje considerado o maior rival que o multi-campeão Michael Schumacher já teve na F1.

Chegada:
1) Hakkinen
2) M.Schumacher
3) R.Schumacher
4) Coulthard
5) Button
6) Frentzen

Nenhum comentário:

Postar um comentário