segunda-feira, 31 de agosto de 2015

História: 35 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1980

A temporada de 1980 chegava ao fim com Alan Jones liderando o campeonato com onze pontos de vantagem sobre Nelson Piquet quando a F1 chegou à Zandvoort, mas o australiano da Williams estava descontente por ter perdido vitórias certas na Alemanha e na Áustria, permitindo a aproximação do brasileiro da Brabham, que só havia vencido uma única vez em 1980 e na carreira, mas Piquet era um discípulo de Niki Lauda, seu antigo companheiro de equipe na Brabham, e assim o brasileiro ia amealhando pontos no campeonato a ponto de incomodar bastante Jones. A Alfa Romeo trouxe Vittorio Brambilla de sua aposentadoria para colocar o italiano no seu segundo carro, no lugar de Patrick Depailler. Jochen Mass havia sofrido um acidente na Áustria e tinha fraturado uma vértebra. O veterano alemão ainda tentou correr em Zandvoort, mas as dores impediram Mass de correr. A Arrows saiu às pressas pelo paddock à procura de um piloto para substituir o alemão e encontrou o jovem Mike Thackwell, piloto reserva da Tyrrell e na Holanda apenas como expectador. Sensação da F3 Inglesa, Thackwell estreou na Arrows 35 anos atrás com 19 anos e 5 meses, se tornando o piloto mais jovem a participar de um evento oficial da F1. Só participar mesmo, pois sem experiência prévia no Arrows, o jovem neozelandês acabou de fora do grid. Ainda fora das pistas, a Marlboro anuncia que a McLaren seria gerida pelo chefe da equipe de F2 Project Four a partir de 1981. O nome dele era Ron Dennis. 

Mesmo Zandvoort sendo bem diferente de Zeltweg, onde a Renault dominou completamente os treinos, com os carros franceses ficando com a primeira fila, com René Arnoux ficando com o melhor tempo pela segunda corrida consecutiva. Assim como ocorreu na Áustria, a Williams ficou com a segunda fila, sendo que Jones teve que superar dois grandes acidentes durante os treinos. A Brabham tinha trazido uma nova suspensão para o seu carro, deixando a dirigibilidade melhor, mas a novidade só ficaria mais evidente durante a corrida e Piquet teve que se conformar com a quinta posição. A Michelin trouxe novos pneus e a Ferrari consegue uma leve melhora em uma temporada miserável para os italianos, com Villeneuve finalmente conseguindo um lugar no top-10 no grid.

Grid:
1) Arnoux (Renault) - 1:17.44
2) Jabouille (Renault) - 1:17.74
3) Jones (Williams) - 1:17.81
4) Reutemann (Williams) - 1:17.82
5) Piquet (Brabham) - 1:17.85
6) Laffite (Ligier) - 1:18.15
7) Villeneuve (Ferrari) - 1:18.40
8) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:18.52
9) Watson (McLaren) - 1:18.53
10) Andretti (Lotus) - 1:18.60

O dia 31 de agosto de 1980 amanheceu frio em Zandvoort, até mesmo com algumas nuvens, mas os ventos fortes à beira da praia expulsaram as chances de chuva e a corrida aconteceria com tempo bom e pisco seco. Tentando se recuperar de alguns resultados abaixo do esperado nas duas últimas corridas, Jones larga forte, também se aproveitando do famoso retardo do turbo do motor Renault. Jones força por dentro e chega na primeira curva lado a lado com Arnoux, assumindo a ponta, enquanto Jabouille cai para quinto, ultrapassado por Reutemann e por um incrível Jacques Laffite, numa ótima largada do francês. 

Jones rapidamente abre 2s sobre o pelotão, mas de forma estranha, o australiano quase perde o controle do seu Williams na curva Hugenholtz. Jones consegue manter seu carro na pista, mas é alcançado por Arnoux. Usando sua conhecida agressividade, Jones fecha Arnoux, mas isso faz com que todo o primeiro pelotão fique compacto na frente, mas a corrida do australiano dura muito pouco. Ainda no final da segunda volta, ele vai aos boxes com problemas na saia do seu carro. Era a terceira corrida consecutiva onde Alan Jones perdia uma chance de ouro de vencer e, pior, não marcaria pontos, pois ele ficaria três voltas parado, com a equipe Williams tentando consertar o seu bólido. Contudo, o erro de Jones, admitido por ele depois da prova, fez com que os primeiros colocados ficassem juntos, proporcionando várias ultrapassagens nas primeiras voltas. Laffite ultrapassa Arnoux para ficar em primeiro, enquanto Jabouille ultrapassa Reutemann para ficar em terceiro. Utilizando os novos pneus macios da Michelin, Villeneuve sobe ao quinto lugar, mas com ultrapassagens agressivas sobre Piquet e Reutemann, logo o canadense da Ferrari estava ameaçando o terceiro lugar de Jabouille. Na sexta volta, Jabouille vai aos boxes com problemas de dirigibilidade em seu Renault. O azarado francês, que havia liderado tantas voltas em 1980, havia acertado uma parte do carro de Jones no erro do australiano ainda na segunda volta, deixando Jabouille com o carro bastante difícil de controlar. O francês ainda retornaria à corrida, mas abandonaria com problemas no diferencial do seu Renault.

Nelson Piquet tinha boas recordações de Zandvoort, onde havia pontuado pela primeira vez na F1 em 1979. Quando os pneus de Villeneuve começaram a se desgastar em demasia, o brasileiro deixou o canadense para trás e partiu para cima dos líderes. Laffite tinha problemas de estabilidade em seu Ligier, mas Arnoux fazia uma corrida de espera com seus pneus duros. Piloto mais rápido da pista no momento, Piquet rapidamente encosta em Arnoux e, por conseguinte, em Laffite. Nelson daria graças a Deus por ter se livrado de Villeneuve logo. Sem pneus, mas extremamente audacioso, Villeneuve não deixava ninguém passa-lo e fazia um buraco entre os três primeiros e o resto. Na décima volta, Piquet ultrapassa Arnoux, enquanto Bruno Giacomelli aproveita-se da indecisão de Reutemann e ultrapassa o argentino, passando a atacar Villeneuve. Quando o italiano da Alfa Romeo finalmente ultrapassa a Ferrari de Villeneuve, ele já estava 4s atrás de Arnoux. Na 13º volta, Piquet ultrapassa Laffite e assume o comando da corrida, enquanto Giacomelli se aproximava de Arnoux para brigar pelo terceiro lugar. Rapidamente Piquet abre 7s sobre Laffite, enquanto Arnoux era atacado por Giacomelli e Reutemann, após o argentino ter se livrado de Villeneuve, que acabaria tendo que fazer um pit-stop, tamanho era o desgaste dos seus pneus. Após longo e tenebroso inverno, Mario Andretti fazia uma corrida decente com a Lotus e o ítalo-americano se juntava na briga pelo quarto lugar. Outro que fazia uma corrida surpreendente era Giacomelli, que após ultrapassar Arnoux, tentava se aproximar de Laffite para brigar pelo segundo lugar, enquanto Piquet controlava a sua distância para o segundo colocado. Seja ele quem fosse. Mais atrás, Arnoux, Reutemann e Andretti garantiam o entretenimento da corrida em uma animada disputa pelo quarto lugar. Na volta 29, Reutemann tenta recuperar sua posição sobre Andretti, mas o americano não alivia (até por que ele não gostava do argentino...) e os dois andam lado a lado por algumas curvas, com vantagem para Andretti. Tudo isso fez com que um quarto elemento (Jarier), entrasse na briga.

Bruno Giacomelli fazia a sua melhor corrida na F1 e já estava colado na traseira de Jacques Laffite quando o italiano se empolgou e acabou saindo da pista numa tentativa de ultrapassagem. O piloto da Alfa Romeo, muito rápido, com certeza, mas nada muito mais do que isso, voltava à pista apenas em sétimo e com problemas na saia do seu carro. Giacomelli abandonaria a corrida voltas mais tarde devido aos problemas de dirigibilidade em seu Alfa Romeo, acabando com uma grande corrida. Jones corria em último, mas tinha um bom carro nas mãos. Quando o australiano se aproxima de Reutemann para descontar uma volta, Jones não respeita o companheiro de equipe e força a ultrapassagem. Duas voltas mais tarde, Jones ataca Andretti como se estivesse disputando posição com o piloto da Lotus. E Andretti trata Jones como um adversário na pista. Isso faz com que Andretti e Reutemann perdessem contato com Arnoux na luta pelo terceiro lugar. E com Jones finalmente ultrapassando Andretti. Arnoux fazia uma corrida de espera e após poupar seu carro, o piloto da Renault começava a descontar tempo de Laffite, trazendo atrás de si Jones (três voltas atrás), Andretti e Reutemann. Na volta 61, o grande susto da corrida. O disco de freio de Derek Daly, da Tyrrell, quebra no final da reta dos boxes e o irlandês, passageiro do seu carro, bate muito forte na barreira de pneus, fazendo com que o Tyrrell desse uma cambalhota para atrás das barreiras. Todos pensaram no pior, mas felizmente Daly teve apenas pequenos arranhões e nada demais. Era o segundo acidentes espetacular de Daly em 1980. E novamente sem consequências.

A corrida chegava ao seu final com Arnoux se aproximando rapidamente de Laffite, que parecia com problemas de dirigibilidade devido ao desgaste de pneus. Faltando duas voltas para o fim, Arnoux ultrapassa facilmente Laffite, que nem defende o seu segundo lugar. Infelizmente, Andretti não aproveita os problemas de Laffite ao ficar sem gasolina na penúltima volta. Enquanto isso, numa prova dominadora, Nelson Piquet recebe a bandeirada em primeiro, sua segunda vitória na F1 e entrava, definitivamente na luta pelo título de 1980. Apenas dois pontos atrás de Jones, Nelson Piquet era agora um piloto de ponta da F1 de fato e de direito. E o seria por mais de dez anos na F1!

Chegada:
1) Piquet
2) Arnoux
3) Laffite
4) Reutemann
5) Jarier
6) Prost  


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