terça-feira, 4 de agosto de 2015

História: 30 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1985

Um ano após reestrear na F1 com seu novo circuito mais curto, porém sem destruir o lendário traçado de 22 km, Nürburgring voltava a sediar o Grande Prêmio da Alemanha em 1985. O pelotão era praticamente o mesmo que vinha disputando a temporada de 1985, com a diferença da Tyrrell confiar seu com motor turbo Renault para Stefan Bellof, enquanto Martin Brundle voltava a usar o antiquado motor Cosworth aspirado. Outra novidade era um terceiro carro da Renault para François Hesnault, de volta à F1 após uma passagem nada produtiva pela Brabham no começo do ano. O terceiro carro da Renault foi colocado na pista para testar uma nova câmera on-board, garantindo mais emoção para as transmissões da F1 pela TV. Contudo, essa seria a última vez que um terceiro carro seria inscrito na F1 para uma corrida. Por enquanto.

O clima volátil de Nürburgring causou grandes surpresas nos treinos. Na sexta-feira, Teo Fabi foi um dos primeiros a marcar um tempo rápido e o italiano garantiu a pole provisória com um tempo mais de 1s mais rápido do que o não menos surpreendente Stefan Johansson quando a chuva deu às caras na Alemanha, bem no meio do treino. Tudo levava a crer que a pole provisória de Fabi cairia na segunda classificatória, mas a chuva veio com ainda mais força no sábado e Teo Fabi garantia assim sua primeira pole na F1. Os líderes da temporada vinham logo à seguir, com Prost em terceiro, De Angelis em sétimo e Alboreto em oitavo. Fabi teve muita sorte em conseguir essa pole por uma equipe, a Toleman, que perdeu as primeiras corridas de 1985 por simplesmente não ter pneus para correr. Foi uma enorme reviravolta para a Toleman trinta anos atrás!

Grid:
1) Fabi (Toleman) - 1:17.429
2) Johansson (Ferrari) - 1:18.616
3) Prost (McLaren) - 1:18.725
4) Rosberg (Williams) - 1:18.781
5) Senna (Lotus) - 1:18.792
6) Piquet (Brabham) - 1:18.802
7) De Angelis (Lotus) - 1:19.120
8) Alboreto (Ferrari) - 1:19.194
9) Patrese (Alfa Romeo) - 1:19.338
10) Mansell (Williams) - 1:19.475

O dia 4 de agosto de 1985 amanheceu nublado e frio em Nürburgring e a previsão era de chuva na hora da largada, mas os meteorologistas alemães acabaram errando e como resultado, a pista estava seca na hora da largada. Talvez se estivesse chovendo, Fabi poderia ter alguma chance de aproveitar a sorte dos treinos, mas com piso seco, o italiano acabou engolido na largada, numa péssima saída do italiano. Ao seu lado, Johansson também traciona mal, mas ainda se mantém nas primeiras posições no aproche da primeira curva. Já conhecido como exímio largador, Senna pula de quinto para primeiro, seguido por Rosberg. Numa briga caseira, Alboreto toca em Johansson e acaba furando pneu do companheiro de equipe da Ferrari, que tem que completar a primeira volta em três rodas antes de chegar nos boxes.

Ainda durante a primeira volta, Keke Rosberg utiliza a enorme potência do motor Honda na reta oposta e ultrapassa Senna com facilidade, ainda antes da freada da chicane. O finlandês completa a primeira passagem na ponta, seguido por Senna, Alboreto, De Angelis, Prost e Piquet. Mesmo ultrapassado com certa facilidade, Senna não entregou os pontos facilmente e permaneceu colado em Rosberg, mas o brasileiro da Lotus sequer esboçava uma ultrapassagem. Mais atrás, Alboreto perdia contato com os líderes e era atacado por De Angelis e Prost, numa luta direta pelos contendores do campeonato de 1985. Senna começa a pressionar Rosberg com mais força e na volta 16 efetua a ultrapassagem no hairpin, numa manobra audaciosa, como já era característica do brasileiro. Se um brasileiro estava muito bem, o outro sofria. Piquet abandonou na volta 24 com o turbo quebrado e numa cena até engraçada, Piquet toma o extintor de incêndio do bombeiro e ele mesmo apaga um pequeno incêndio. Duas voltas depois o terceiro Renault de Warwick abandona a corrida, demonstrando o quão mal estava a montadora francesa na F1. A saída da Renault como equipe da F1 era iminente.

Infelizmente, o abandono de Ayrton Senna ficou iminente na volta 26, quando o brasileiro foi ultrapassado por Rosberg no hairpin, mesmo local onde tomou a liderança do piloto da Williams dez voltas antes. Rapidamente Senna levanta o braço, na mesma medida em que seu Lotus lhe deixava na mão pela sétima corrida consecutiva. Até aquele momento, Senna só tinha os nove pontos da vitória em Portugal. Rosberg voltava a liderança da corrida, mas o finlandês começa a ter problemas em sua caixa de câmbio, permitindo a aproximação do trio líder do campeonato, ainda na mesma ordem da primeira volta: Alboreto, De Angelis e Prost. Porém, a perseguição diminuiria para dois carros quando o motor Renault de Elio de Angelis abre o bico na volta 41, acabando por se tornar o primeiro abandono do italiano da Lotus em 1985. Mesmo com campeonatos bem diferentes (um muito rápido e sem tanta consistência, o outro mais comedido e extremamente regular) Senna e De Angelis tiveram destinos parecidos em Nürburgring, enquanto a Lotus demonstrava sua má fase em termos de confiabilidade. Prost fazia uma corrida de espera, bem característica sua, e aumenta o seu ritmo quando se vê com chances de vitória. Pressionado pelo seu grande rival pelo título, Alboreto aumenta também o ritmo e com isso, ambos encostam no problemático Keke Rosberg. Na volta 45, Rosberg comete um pequeno erro na chicane e permite uma rápida aproximação de Alboreto. Pressionado por Prost, o piloto da Ferrari não quer perder nenhum tempo e numa ultrapassagem extremamente agressiva, Alboreto coloca por dentro na última curva e chega até mesmo a tocar em Rosberg. Uma pequena fumaça pode ser vista na Ferrari após a manobra, dando a impressão de problemas, mas Alboreto assume a liderança serelepe, mas o astuto Prost não perde a chance e ao ver Rosberg tocado, o francês mete sua McLaren por dentro e assume o segundo lugar, enquanto Keke perdia duas posições em uma curva! O finlandês da Williams iria aos boxes trocar pneus para tentar descontar a vantagem, mesmo com problemas de câmbio, mas Rosberg abandonaria a corrida nas voltas finais com outro problema, nos freios.

Agora a luta é apenas entre Alboreto e Prost na liderança, com o piloto da McLaren parecendo ter um carro mais acertado para o fim da corrida. Porém, na volta 58, com nove para o final, Prost comete um incaracterístico erro na última curva e roda. O francês consegue manter o motor funcionando, mas a vitória agora estava no colo de Michele Alboreto. Nas voltas finais, a emoção fica para a empolgante luta pelo terceiro lugar entre Nigel Mansell e Jacques Laffite, com ambos trocando de posição algumas vezes, até Mansell ter problemas nas últimas voltas e ceder não apenas o último lugar do pódio para Laffite, que conseguiria o seu segundo pódio consecutivo, como também perderia a quarta posição para Boutsen e a quinta para Lauda. Niki Lauda chegou a entrar nos boxes para trocar pneus, dando a impressão que abandonaria, visão comum em 1985. Porém, Lauda voltou à pista e marcando a volta mais rápida da corrida, o austríaco garantiu o quinto lugar em sua última visita à Nürnurgring, pista que marcou para sempre Lauda, como piloto da F1. Essa vitória foi muito importante para Michele Alboreto em suas pretensões pelo título de 1985. Com esse triunfo, Alboreto aumentava para cinco pontos sua vantagem para Prost e com o abandono de Elio de Angelis, a luta pelo título ficava praticamente restrita aos pilotos de Ferrari e McLaren. O que ninguém sabia trinta anos atrás era que essa seria a última vitória de Michele Alboreto na F1...

Chegada:
1) Alboreto
2) Prost
3) Laffite
4) Boutsen
5) Lauda
6) Mansell

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