domingo, 30 de agosto de 2015

O que vou dizer lá em casa, Juan Pablo?

Após a trágica corrida em Sonoma, Juan Pablo Montoya estava com a faca e o queijo na mão para conquistar o seu segundo título da Indy, dezesseis anos depois do primeiro, ainda no século 20. Com 34 pontos de diferença sobre o vice-líder Graham Rahal, largando ao lado do americano na última prova em Sonoma, podendo marcá-lo e mesmo com Will Power e Helio Castroneves ainda tendo pequenas chances matemáticas, Montoya teria toda a potência da equipe Penske ao seu lado. Tudo parecia conspirar à favor do colombiano. Porém, Montoya se esqueceu do monstro Scott Dixon. Fazendo um campeonato regular e sem aparecer muito, o piloto da Ganassi chegou à final do campeonato em terceiro lugar e a quarenta e sete pontos de Montoya. Ou seja, o neozelandês precisava vencer e Montoya terminar de sexto para trás. Largando em nono, as chances de Dixon eram diminutas antes da bandeira verde, tanto que o foco da disputa era todo em cima de Montoya e Rahal.

Porém, nunca é bom duvidar de um piloto da qualidade de Scott Dixon, a potência da equipe Ganassi e a imprevisibilidade do que se tornou as corridas da Indy.

A corrida de Sonoma de hoje mostrou que estar no lugar certo e na hora certo durante a corrida pode fazer uma diferença absurda na sua colocação final nas corridas da Indy. Mais até do que se o piloto tem ou não um carro rápido nas mãos. Vencedor em Sonoma três vezes e largando na pole, Will Power dominou a primeira parte da corrida, seguido de perto pela revelação Josef Newgarden. A forma como a Penske iria ajudar Montoya ficou claro na largada, quando Simon Pagenaud jogou o tapete vermelho para Juan Pablo passar e depois fechou o sinal para Rahal, que se atrapalhou todo e bateu rodas com Dixon. A corrida ficou estática, com a corrida nas mãos de Power e o título indo tranquilamente para Montoya. Então, Luca Filippi ficou lento na pista, mas não atrapalhava ninguém. Numa corrida europeia ou de Endurance, vida que segue. Mas a Indy provou o porquê perdeu tanta popularidade ao lançar mão de uma bandeira amarela marota e sem a mínima necessidade. Porém, a corrida mudou ali. Como sempre, alguns piloto que estavam numa janela diferente ficaram na pista, enquanto os líderes foram para os pits. Contudo, foi a relargada onde Montoya melou a vara, para usar um termo mais ameno.

Atrás de Power, Montoya tentou uma manobra kamikaze sobre o companheiro de equipe, o fazendo rodar, mas também danificando a asa dianteira do colombiano. Os dois pilotos da Penske procuraram os boxes e perdendo tempo para trocar a asa dianteira, Montoya caía para 22º. Rahal, principal interessado no assunto, parecia que seria o campeão pela corrida atribulada de Montoya (por culpa do colombiano), mas o americano passou a corrida reclamando do seu carro, principalmente do acerto e dos freios. Rahal era carta fora do baralho. Porém, Scott Dixon liderava a corrida e partia para uma estratégia diferente de pits, onde tentaria parar apenas mais uma vez até o fim da corrida. Melhor poupador de combustível da Indy, Dixon conseguiu o feito de permanecer na pista por um tempo maior do que o esperado, com um bom ritmo a ponto de retornar à pista ainda na liderança. A situação de Montoya fica crítica quando uma bandeira amarela o joga para 16º. A Penske começa a fazer um trabalho de limpa na frente do colombiano de forma desesperada, trazendo Pagenaud e Castroneves para os pits, mesmo que sem muita necessidade. Com Dixon conseguindo dois pontos por ter liderado o maior número de voltas, Montoya precisava terminar em quinto. Ele era 11º. Que virou 10º, com Power estendendo o tapete vermelho para Montoya fazer uma corrida tresloucada e no limite para cima dos seus adversários que via pela frente.

Contudo, Montoya ultrapassou na pista apenas Jack Hawsworth. Múnoz foi tocado, Rahal foi tirado da pista por Bourdais, que acabaria punido pela manobra. O francês estava claramente sem freios. Mais atrás, Power forçava uma ultrapassagem sobre Sato, talvez numa tentativa desesperada da Penske de trazer uma bandeira amarela. Mas Sato, conhecido pelos brancos mentais, pareceu não querer muita briga. E Power ganhou a posição limpamente. Montoya tinha que ultrapassar Briscoe. O colombiano lutou bravamente, tirou a diferença, mas nada pôde fazer. Com a sua terceira vitória em 2015, Scott Dixon conquistou seu quarto título da Indy, reforçando o papel de um dos grandes pilotos da história do automobilismo americano. 

Para Montoya, restou a frustração de liderar o campeonato de ponta a ponta, mas perde-lo na última corrida por um erro seu, quando bateu em Power numa disputa sem maiores necessidades. Numa licença poética, assim como hoje, Montoya empatou em pontos com Dario Franchitti dezesseis anos atrás, mas derrotou o escocês pelo número de vitórias. Com duas vitórias, Montoya foi derrotado pelas três vitórias de Dixon. Que é piloto da Ganassi, como Montoya era em 1999.

Caladão e avesso às badalações, Scott Dixon não é um piloto espetacular, mas sua eficiência nas provas e a frieza nos momentos decisivos fazem do neozelandês um dos maiores pilotos da história da Indy. Mesmo sem ninguém dar muita conta disso!

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